Então é
NÃO ao golpe "moderninho"
(sem militares, mas jurídico, legislativo e midiático)
[Assim assim que nem no Paraguai, em 2012...]
NÃO &
NÃO aos VerdeAmarelos que:
Falam em nome de Deus
e de suas famílias!
NÃO, NÃO & NÃO:
à bancada da bala
(de delegados e cabos e xerifes);
à bancada ruralista
(de fazendas incontáveis, do agronegócio);
à bancada evangélica
(homofóbica, machista e fundamentalista)!
NÃO à
FIESP
à enorme parcela
do empresariado brasileiro
& multinacional que
(sedento pelo pré-sal)!
a partir da instabilidade econômica
dos últimos dois anos
(após 15 de superlucros e pujança capitalista)
com seus lobistas
(de lobos, mesmo!)
no Congresso
travaram o país
disseminando o ódio político
via grande mídia (política)!
NÃO aos
Cunhas, Temers, Bolsonaros, PSDB´s, Moros NÃO aos muitos "santos"
com contas na Suíça ou Panamá
Latifundiários não só na agricultura
mas nas indústrias, bancos, lojas
templos, rádios, tv´s, jornais
nas IDEIAS!
Seguimos
RECONHECENDO O INFINITO
(René Magritte, 1963)!
Seguimos
sempre Cavalgando o Vento!
Bons ventosss nas lutas que virão!
Vuuuuush!
O autor peruano Manuel Scorza (1928 a 1983) ficcionalizou a luta dos povos
indígenas de Cerro Del Pasco, no alto da Cordilheira
dos Andes, para garantir suas terras ancestrais contra empresas mineradoras
norteamericanas. A série “A Guerra
Silenciosa” (publicada entre 1970 e 1979) se divide em 05 baladas: “Bom dia para os
defuntos” e “Garabombo, o invisível”,
que remetem aos começamentos dos conflitos étnicos e por terra nos Andes peruanos;
já com a balada 03 “Cavaleiro Insone”,
e, com as últimas baladas, “Cantar de
Agapito Robles” e “A tumba do
relâmpago”, a narrativa nos traz a organização do campesinato e das
lideranças indigenistas após o massacre de Chinche. Nas aldeias do que pode ser
o fim do mundo, mas não o é, alguns lutam por seu mundo, em vias de se escangalhar
após milênios e outros tentam com cifrões nos olhos agarrar novas fontes de
lucro, mananciais de dinheiro.
Scorza
bolou romances de testemunho com o filtro criativo do realismo mágico. E ele
também foi grande poeta, vivendo entre exílios (no México, na França) por seus
livros provocarem os generais e caudilhos peruanos; portanto, lecionou e agitou
a cultura literária da América latina na segunda parte do século XX.
O Mendigo
O Rei,
incendiado em ouro,
seus impérios galopa,
e sente o levíssimo
triturar das genuflexões
no seu compasso
fulgurante.
Vassalos, estandartes,
esquadras, cantos,
orvalhos,
lhe pertencem.
Tudo aos seus pés,
menos o amor da mulher
que, neste instante,
aos arautos sorri,
desdenhosa.
O Rei percebe então
seu miserável esplendor,
e compreende que não
passa de um mendigo resplandecente.
(Do livro “Os adeuses”, 1960)
Carta aos poetas que
virão
Talvez amanhã os
poetas perguntem
por que não celebramos
a graça das raparigas;
talvez amanhã os
poetas perguntem
por que nossos poemas
eram largas avenidas
donde vinha a ardente
cólera.
Eu respondo:
por toda parte
ouvíamos o choro
por toda parte nos sitiava
um muro de ondas negras.
Seria a Poesia
uma solitária coluna
de orvalho?
Tinha de ser um relâmpago
perpétuo.
Enquanto alguém
padeça,
a rosa não poderá ser
bela,
enquanto alguém olhar
o pão com inveja,
o trigo não poderá
dormir;
enquanto chover sobre
o peito dos mendigos,
meu coração não
sorrirá.
Matem a tristeza,
poetas.
Matemos a tristeza com
um pau.
Não diga o romance dos
lírios.
Existem coisas maiores
que chorar os amores
perdidos:
o rumor de um povo que
desperta
é mais bonito do que o
orvalho!
O metal resplandecente
da sua fúria
é mais belo que a
espuma!
Um Homem Livre
é mais puro que o
diamante!
O poeta soltará o fogo
de sua prisão de
cinzas.
O poeta acenderá a
fogueira
que vai queimar este
mundo sombrio.
(Do livro “As maldições”, 1955)
Palavras
a Nicolas Centenário
No começo o homem
abandonava os seus mortos.
Há cinqüenta mil anos
começou a cavar tumbas.
Na pele das cavernas
cinzelou seus medos belíssimos.
Inventou a alma.
Por isso estou aqui
Aventando palavras
contra o céu indiferente.
No parque, tua filha
brinca.
Escritor e poeta
A vida passa tão
rápido
Que qualquer tarde
dessas voltará belíssima mulher.
Nicolas, deveríamos
tratar de dizer a verdade.
Porque em nosso tempo
adolescentes dourados
combateram no horror da América.
Mas a metralhadora
lhes desmontou os sonhos!
Belos nascendo para a
morte.
Nós tatuávamos poemas
esquecíveis
em corpos esquecíveis
de mulheres esquecidas.
Em puteiros de mal
morrer
cicatrizávamos nosso
fracasso
bebendo cachaça que
não era sete campos.
O Che levava em sua
mochila versos de Léon Felipe
e Javier Heraud também
versos em sua jaqueta.
O impiedoso rio Mãe de
Deus
Levou sua juventude
salpicada.
Porém a vida flui mais
rápida que o rio Mãe de Deus!
Impossível erguer
outro mundo
sem desembarcar nas
ilhas vistas nos sonhos!
Uma revolução que é só
uma revolução não é uma
revolução!
Há que se derrubar
tudo!
Não permitas que nasça
de novo esta realidade!
Impedir que voltem a
existir esta vida, esta água,
esta pátria, esta luz,
este amor, este futuro, este sol!
Quem poderá nos
absolver?
Um ardente poema nos
resgataria.
Mas não pronunciamos a
Palavra.
No parque tua filha
joga.
Voltará muito linda a
vida.
E o quê?
A vida vale a pena.
Estou alegre, sou
árvore, sou relâmpago, sou luz.
O homem que está mais
próximo de sua morte que do seu
nascimento
precisa urgentemente
ser feliz.
Há cinqüenta mil anos
comecei a gravar este poema.
Por isso ventilo estas
palavras contra o céu indiferente.
(Hotel de Turistas de Tacna, 1977, inédito até 2003)
Em
2016, a Televisão Educativa do Rio Grande do Sul (TVE) e a rádio FM Cultura
(107,7), comemoram, respectivamente, 42 e 27 anos de história: emissoras públicas
extremamente importantes para a cultura local.
O projeto cultural Cavalgando o Vento (CoV)
teve a oportunidade de participar do programa Estação Cultura há exatamente dois anos: em 02/04 de 2014 apresentamos nosso
primeiro CD, cantamos música inédita e convidamos o pessoal pra acompanhar nossa agenda ao vivo. A apresentação contou com a participação especial dos
músicos Antonio Ramos, nas flautas,
e David Pitkovski, nos instrumentos
indianos (tampura e citar). O repertório teve “Despetalada Rosa”, “Adaga de
Prata” e “Guria (Chuva Caindo)”,
todas composições do Inventor do Vento C. A. Albani da Silva.