REFRESCOS
DA ALMA
(C.
A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
Não
prometa a Pandora o que não se pode cumprir
Não
menospreze a sabedoria daquele que não sabe ler
Nem
Maomé, nem Jesus, nem Buda, nem Sócrates
Rabiscaram
um bilhete só
Dia
desses encontrei-me com a última das deusas
Astreia,
a Virgem, cantou docemente para mim
Mandei-lhe
presentes e um abraço apertado
Por
sua mãe, a Justiça
Por
muito pouco ela não entendeu a cabala
Mas
se esqueceu dos burocratas de terno, gravata, sorriso e mala
Ela
trouxe um prato de comida requentada
Para
um Prometeu acorrentado
Não
explique a Arjuna aquilo que nem você entende
Os
tempos são duros, mas ainda podem piorar
Nem
Conselheiro, nem Sepé, nem Zumbi, nem Prestes
Desistiram
de causas perdidas
Noite
dessas encontrei-me ouvindo velhas serestas
Nesta
cidade bastam sete cordas para uma canção
Voar
livre como um pássaro
Por
muito pouco ele não perdeu a novela
E
se lembrou que para cada meia-noite há uma Cinderela
Ele
trouxe uma caixa de sapatos usada
Não
cabiam muitas coisas, afinal,
ele
não precisava
(Livro
VII – Se for ateu, rezar, p. 38)
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