Foi num domingo de verão em que você
me disse adeus
E eu lhe disse que isso não passava
de um “até breve”
Mas a saudade foi tomando conta do
(nosso) coração
Foi quando fiz esta canção para as
horas tristes e alegres
Por isso lembre dela quando tiver medo
Lembre dela antes de dormir
Lembre naquelas horas tristonhas
Lembre dela tirando remela dos olhos ao acordar
Por isso
cante quando se sentir insegura
Cante debaixo do chuveiro
Cante para todo mundo ouvir
Cante, cantando assim
Por isso pense
nela e com ela pense em mim
Pense nela quando esquecer de todo o resto
Pense nela passando batom
Pense nela, comemorando bela, um gol!
*Oitava faixa do CD do CoV, gravada
em março de 2012 no Estúdio LACOS, Cachoeirinha/RS: Albani (voz, violão,
harmônica e percussão), Mick Oliveira (violão solo, vocais de apoio), Cleiton Amorim (produção).
Sempre sonhei com
aquele beijo que você não me deu
Sempre rezei pra todos
os deuses que você nunca creu
Sempre bebi todas as
doses que você rejeitou
Sempre lutei por
utopias que você tantas vezes negou
Sempre reli aquele
livro que você nunca acabou
Mas ainda assim, sinto
falta de ti (4x)
Sempre ri das piadas
mais tolas nas horas impróprias
Mas nunca engoli a
vergonha de artimanhas inglórias
E nunca esqueci
daquilo tudo que outros tantos logo esquecem
Eu nunca pedi nada
daquilo que você não pudesse me dar
Vejo a verdade como
algo relativo, mas nem tanto assim (2x)
Sempre busquei um samba blues no lugar desse seu pop tão frívolo
Mas nunca evitei
saborear desse teu doce veneno no umbigo
Do amargo provei
quando colhi a tempestade que outro alguém semeou
Vou lhe entregar um
ramalhete de flores de fogo que a chuva apagou
Mas ainda assim, sinto
falta de ti (4x)
*
Faixa do álbum "Cavalgando o Vento",
gravado entre Julho de 2012 e Agosto de 2013, no Estúdio LACOS, em Cachoeirinha/RS, com a produção de Cleiton Amorim e apoio do FUCCA (Fundo da Cultura de
Cachoeirinha).
Ficha técnica da canção:
Letra, Música, Voz: C. A.
Albani da Silva
Violões, Guitarras, Vocal de Apoio: Mick Oliveira
Sopros: João Cândido
Baixo, Bateria, Percussão e Teclado: Daniel "San"
Técnico de Áudio: Luan
Henrique
Produção: Cleiton
Amorim
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Lourenço Mutarelli, Quando meu pai se encontrou com
o ET fazia um dia quente, 2011
Promoção prorrogada
até 13/12!!!
ConcursoCoV
“A vida em um parágrafo”
Leitores e leitoras do Vento,
convidamos a todos e todas a soltarem a imaginação e,
filosofando, cada um a sua maneira, resumirem, em um parágrafo, essa coisa
curiosa, por vezes doída, por vezes embriagante, que é a VIDA. Envie o seu parágrafo até o dia 13/12 (aqui pro blog ou pro nosso Feicebuques) e
concorra a um CD demo do CoV. Os melhores textos serão publicados no blog e o
texto predileto da Ventania, ou seja, o mais criativo/poético/filosófico/bacanudo
leva um CD nosso!!!!
Dia de filhotes desamparados
(Albani da Silva – 28/11/2012)
“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Pensou Luiz quando pôs a cabeça
no travesseiro.
Três gatinhos mirrados miavam na
esquina
Esguios e sapecas quando grandes
Ainda filhotes
Os gatos evocam a fragilidade do
que é bonito
Ou
será só mais um tipo de esperteza da parte deles?
Miavam languidamente pela mãe desaparecida
Luiz supôs – não estava certo de
nada
Cursava Língua Inglesa – a última
mensalidade até pagou com atraso
Nada sabia da Língua Felina
Embora
houvesse cursos à distância.
E se fora a Mãe dos Gatos quem
derrubara
Da árvore
O ninho
Dos pardais?
Estava ali
No meio da rua
Encolhido sobre si mesmo
O passarinho de penugem
Cinzenta
Olhinhos apavorados
Luiz nunca tinha visto alguém tão
sozinho
No
mundo.
Ainda que seu lar seja um
pardieiro
Ao fim das contas continua sendo
Seu lar
Daí vem o vento
Algum moleque impertinente
A Mãe dos Gatos
E o pobrezinho do pardal
Sem saber voar
Fica
desolado no asfalto quente.
Mas e os homens nas calçadas –
quem os teria derrubado?
Adormecidos sobre papelão
Sujos famintos esfarrapados
Também não sabem voar
Quem escangalhou os seus ninhos?
Eles
próprios – Talvez
Em
definitivo – Talvez.
Não importa a idade
Todo homem
Prostrado
Denota a ausência de uma
Mãe
Ou
De uma
Amada
Ou
De
ambas.
“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Pensou Luiz quando pôs a cabeça
no travesseiro
Cabelo molhado do banho.
O repórter trazia estatísticas
atualizadas
Da multidão de crianças
Enjauladas em pardieiros
Prisões sem grades:
O
dia todo sem as mães por perto – estas cuidam dos filhotes e da casa dos
outros em troca de um salário.
Luiz costumava avaliar aquilo
Que de fato lhe importava
Tomando como medida
As coisas, pessoas e situações
Em que pensava
Antes de
Dormir.
“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Concluiu – não muito certo de
nada.
Arthur
de Faria e Fernando Pezão(Música de
Bolso)– Saudades da Maloca(2011):
La
Franela – Lo que me mata(2009):
Gal
Costa – Chovendo na Roseira(2012):
Sexta, 29 de março
(mas poderia ser Quinta, 29 de
novembro)
“Cheguei à minha casa despenteado, com a garganta
ardendo e os olhos cheios de terra. Tomei banho, troquei de roupa e me instalei
atrás da janela para beber mate. Senti-me protegido. E também profundamente
egoísta. Via passarem homens, mulheres, velhos, crianças, todos lutando contra o vento,
e agora também contra a chuva. No entanto, não tive vontade de abrir a porta e
chamá-los para que se refugiassem na minha casa e me acompanhassem num mate
quente. E não porque não me tenha ocorrido fazer isso. A ideia me passou pela
cabeça, mas me senti profundamente ridículo e comecei a imaginar as caras de
desconcerto que as pessoas fariam, mesmo no meio do vento e da chuva.
[...] Francamente, não sei se creio
em Deus. Às vezes, imagino que, no caso de existir Deus, esta dúvida não o
desgostaria. E então? Talvez Deus tenha uma face de crupiê e eu seja
apenas um pobre-diabo que joga no vermelho quando dá preto, e vice-versa”.(Mario
Benedetti, A Trégua, 1959).
Erasmo
Carlos– Jogo Sujo(2010):
Arthur
de Faria e Seu Conjunto – Milonga da Moça Gorda(2006):
Luiz
Melodia– Tristeza(2009):
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
John Everett Millais, A enchente, 1870
Mário Quintana
Mário Quintana (1906-1994) dá as boas-vindas a Feira do Livro de Porto Alegre (26/10 a
11/11) aqui no CoV. Como disse Manuel Bandeira
(1886-1968), seus poemas são QUINTANARES e, desde adolescente, os QUINTANARES
encantam este Inventor do Vento...
Quintanares
ao Vento C. A. Albani da Silva
Quintanares
para salvar o gato na árvore
a
árvore da serra
Quintanares
para salvar a semana
o mês,
o dia, o ano
Quintanares
para salvar a todos os Quintanas, Santos, Silvas
ricos,
pobres, claros, escuros
Quintanares
contra os amores perdidos
chaves,
óculos, celulares, esperanças
Quintanares
contra os males
em
doses extravagantes nunca homeopáticas
Quintanares
contra o muro
dos
que não pensam, não sentem, não vivem os
Quintanares.
(C. A. Albani da Silva, 26.10.2012)
As estrelas
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Foram-se
abrindo aos poucos as estrelas...
De
margaridas lindo campo em flor!
Tão
alto o Céu!... Pudesse eu ir colhê-las...
Diria
alguma se me tens amor.
Estrelas
altas! Que se importam elas?
Tão
longe estão... Tão longe deste mundo...
Trêmulo
bando de distantes velas
Ancoradas
no azul do céu profundo...
Porém
meu coração quase parava,
Lá
foram voando as esperanças minhas
Quando
uma, dentre aquelas estrelinhas,
Deus
a guie! Do céu se despencou...
Com
certeza era o amor que tu me tinhas
Que
repentinamente se acabou!
(1934)
Viagem de trem
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Esses burrinhos
pensativos que a gente
encontra às vezes
na estrada dispensam
a gente de
pensar...
Paulinho
da Viola– Filosofia(Noel Rosa, 2003):
Paulinho
da Viola e Marisa Monte – Dança da Solidão(2003):
Poema para uma exposição
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
O
quadro na parede abre uma janela
que dá
para o outro mundo
deste
mundo...
Um
mundo isento de rumores
e de
mil flutuações atmosféricas
-
alheio a toda humana contingência...
Onde
um momento é sempre
e o
mal e o bem não têm nenhum sentido...
Mundo
em
que a forma também é a própria essência.
Ó
Vida
Transfixada
ao muro – e que palpita,
entanto,
num
misterioso, eterno movimento!
Não basta
saber amar...
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Para Milton Quintana
Neste
mundo, que tanto mal encerra,
não
basta saber amar,
mas
também saber odiar,
não
só servir a paz, mas também ir para a guerra.
Seguiremos
assim o próprio exemplo
de
Jesus, que tanto amor pregou na Terra...,
quando
Ele, num ímpeto de cólera,
a
relhaço expulsou os vendilhões do templo!
Paulinho
da Viola – Coisas do mundo, minha nêga(2003):
Paulinho
da Viola – Meu mundo é hoje(2003):
Às vezes tudo se
ilumina
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Às vezes
tudo se ilumina de uma intensa irrealidade
E é como
se agora este pobre, este único, este efêmero
[instante do mundo
Estivesse pintado
numa tela, sempre...
Quem ama inventa
Mário
Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Quem
ama inventa as coisas a que ama...
Talvez
chegaste quando eu te sonhava.
Então
de súbito acendeu-se a chama!
Era
a brasa dormida que acordava...
E
era um revoo sobre a ruinaria,
No ar
atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos
por uns anjos peregrinos
Cujo
dom é fazer ressurreições...
Um ritmo
divino? Oh! Simplesmente
O palpitar
de nossos corações
Batendo
juntos e festivamente,
Ou sozinhos,
num ritmo tristonho...
Oh!
Meu pobre, meu grande amor distante,
Nem
sabes tu o bem que faz à gente
Haver
sonhado... e ter vivido o sonho!
Sambô –(I can´t get no) Satisfaction (The Rolling Stones,
2012):