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domingo, 13 de setembro de 2015

Até Breve

Alice Soares, Menina, 1964 


Até Breve
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Refrão:
Foi num domingo de verão em que você me disse adeus
E eu lhe disse que isso não passava de um “até breve”
Mas a saudade foi tomando conta do (nosso) coração
Foi quando fiz esta canção para as horas tristes e alegres

Por isso lembre dela quando tiver medo
Lembre dela antes de dormir
Lembre naquelas horas tristonhas
Lembre dela tirando remela dos olhos ao acordar

Por isso cante quando se sentir insegura
Cante debaixo do chuveiro
Cante para todo mundo ouvir
Cante, cantando assim

Por isso pense nela e com ela pense em mim
Pense nela quando esquecer de todo o resto
Pense nela passando batom
Pense nela, comemorando bela, um gol!


*Oitava faixa do CD do CoV, gravada em março de 2012 no Estúdio LACOS, Cachoeirinha/RS: Albani (voz, violão, harmônica e percussão), Mick Oliveira (violão solo, vocais de apoio), Cleiton Amorim (produção).



quarta-feira, 13 de maio de 2015

Ramalhete de flores de fogo

João de Barro correndo pro mar em 2014


Ramalhete de flores de fogo (que a chuva apagou)
C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento

Sempre gostei das mentiras que você dizia pra mim
Sempre assisti aos filmes que você achava ruim
Sempre sonhei com aquele beijo que você não me deu
Sempre rezei pra todos os deuses que você nunca creu

Sempre bebi todas as doses que você rejeitou
Sempre lutei por utopias que você tantas vezes negou
Sempre reli aquele livro que você nunca acabou
Mas ainda assim, sinto falta de ti (4x)

Sempre ri das piadas mais tolas nas horas impróprias
Mas nunca engoli a vergonha de artimanhas inglórias
E nunca esqueci daquilo tudo que outros tantos logo esquecem
Eu nunca pedi nada daquilo que você não pudesse me dar
Vejo a verdade como algo relativo, mas nem tanto assim (2x)

Sempre busquei um samba blues no lugar desse seu pop tão frívolo
Mas nunca evitei saborear desse teu doce veneno no umbigo
Do amargo provei quando colhi a tempestade que outro alguém semeou
Vou lhe entregar um ramalhete de flores de fogo que a chuva apagou
Mas ainda assim, sinto falta de ti (4x)

* Faixa do álbum "Cavalgando o Vento", gravado entre Julho de 2012 e Agosto de 2013, no Estúdio LACOS, em Cachoeirinha/RS, com a produção de Cleiton Amorim e apoio do FUCCA (Fundo da Cultura de Cachoeirinha).

Ficha técnica da canção:
Letra, Música, Voz: C. A. Albani da Silva
Violões, Guitarras, Vocal de Apoio: Mick Oliveira
Sopros: João Cândido
Baixo, Bateria, Percussão e Teclado: Daniel "San"
Técnico de Áudio: Luan Henrique
Produção: Cleiton Amorim



quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Lourenço Mutarelli, Quando meu pai se encontrou com o ET fazia um dia quente, 2011

Promoção prorrogada
até 13/12!!!
ConcursoCoV
A vida em um parágrafo
Leitores e leitoras do Vento,
convidamos a todos e todas a soltarem a imaginação e, filosofando, cada um a sua maneira, resumirem, em um parágrafo, essa coisa curiosa, por vezes doída, por vezes embriagante, que é a VIDA. Envie o seu parágrafo até o dia 13/12 (aqui pro blog ou pro nosso Feicebuques) e concorra a um CD demo do CoV. Os melhores textos serão publicados no blog e o texto predileto da Ventania, ou seja, o mais criativo/poético/filosófico/bacanudo leva um CD nosso!!!!
       
Dia de filhotes desamparados
(Albani da Silva – 28/11/2012)

“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Pensou Luiz quando pôs a cabeça no travesseiro.

Três gatinhos mirrados miavam na esquina
Esguios e sapecas quando grandes
Ainda filhotes
Os gatos evocam a fragilidade do que é bonito
            Ou será só mais um tipo de esperteza da parte deles?

Miavam languidamente pela mãe desaparecida
Luiz supôs – não estava certo de nada
Cursava Língua Inglesa – a última mensalidade até pagou com atraso
Nada sabia da Língua Felina
            Embora houvesse cursos à distância.

E se fora a Mãe dos Gatos quem derrubara
Da árvore
O ninho
          Dos pardais?

Estava ali
No meio da rua
Encolhido sobre si mesmo
O passarinho de penugem
Cinzenta
Olhinhos apavorados
Luiz nunca tinha visto alguém tão sozinho
            No mundo.

Ainda que seu lar seja um pardieiro
Ao fim das contas continua sendo
Seu lar
Daí vem o vento
Algum moleque impertinente
A Mãe dos Gatos
E o pobrezinho do pardal
Sem saber voar
            Fica desolado no asfalto quente.

Mas e os homens nas calçadas – quem os teria derrubado?
Adormecidos sobre papelão
Sujos famintos esfarrapados
Também não sabem voar
Quem escangalhou os seus ninhos?
            Eles próprios – Talvez
            Em definitivo – Talvez.

Não importa a idade
Todo homem
Prostrado
Denota a ausência de uma
Mãe
Ou
De uma
Amada
Ou
            De ambas.

“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Pensou Luiz quando pôs a cabeça no travesseiro
Cabelo molhado do banho.

O repórter trazia estatísticas atualizadas
Da multidão de crianças
Enjauladas em pardieiros
Prisões sem grades:
            O dia todo sem as mães por perto – estas cuidam dos filhotes e da casa dos outros em troca de um salário.

Luiz costumava avaliar aquilo
Que de fato lhe importava
Tomando como medida
As coisas, pessoas e situações
Em que pensava
Antes de
Dormir.

“Hoje foi o dia dos filhotes desamparados”
Concluiu – não muito certo de nada.

Arthur de Faria e Fernando Pezão (Música de Bolso) Saudades da Maloca (2011):

La FranelaLo que me mata (2009): 


Gal CostaChovendo na Roseira (2012): 

Sexta, 29 de março
(mas poderia ser Quinta, 29 de novembro)
 Cheguei à minha casa despenteado, com a garganta ardendo e os olhos cheios de terra. Tomei banho, troquei de roupa e me instalei atrás da janela para beber mate. Senti-me protegido. E também profundamente egoísta. Via passarem homens, mulheres, velhos, crianças, todos lutando contra o vento, e agora também contra a chuva. No entanto, não tive vontade de abrir a porta e chamá-los para que se refugiassem na minha casa e me acompanhassem num mate quente. E não porque não me tenha ocorrido fazer isso. A ideia me passou pela cabeça, mas me senti profundamente ridículo e comecei a imaginar as caras de desconcerto que as pessoas fariam, mesmo no meio do vento e da chuva.
   [...] Francamente, não sei se creio em Deus. Às vezes, imagino que, no caso de existir Deus, esta dúvida não o desgostaria. E então? Talvez Deus tenha uma face de crupiê e eu seja apenas um pobre-diabo que joga no vermelho quando dá preto, e vice-versa”. (Mario Benedetti, A Trégua, 1959).


Erasmo Carlos Jogo Sujo (2010): 

 Arthur de Faria e Seu ConjuntoMilonga da Moça Gorda (2006): 

Luiz Melodia Tristeza (2009):

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


John Everett Millais, A enchente, 1870

Mário Quintana
Mário Quintana (1906-1994) dá as boas-vindas a Feira do Livro de Porto Alegre (26/10 a 11/11) aqui no CoV. Como disse Manuel Bandeira (1886-1968), seus poemas são QUINTANARES e, desde adolescente, os QUINTANARES encantam este Inventor do Vento...

Quintanares ao Vento
C. A. Albani da Silva

Quintanares para salvar o gato na árvore
a árvore da serra

Quintanares para salvar a semana
o mês, o dia, o ano

Quintanares para salvar a todos os Quintanas, Santos, Silvas
ricos, pobres, claros, escuros

Quintanares contra os amores perdidos
chaves, óculos, celulares, esperanças

Quintanares contra os males
em doses extravagantes nunca homeopáticas

Quintanares contra o muro
dos que não pensam, não sentem, não vivem os
Quintanares.
(C. A. Albani da Silva, 26.10.2012)


As estrelas
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)

Foram-se abrindo aos poucos as estrelas...
De margaridas lindo campo em flor!
Tão alto o Céu!... Pudesse eu ir colhê-las...
Diria alguma se me tens amor.

Estrelas altas! Que se importam elas?
Tão longe estão... Tão longe deste mundo...
Trêmulo bando de distantes velas
Ancoradas no azul do céu profundo...

Porém meu coração quase parava,
Lá foram voando as esperanças minhas
Quando uma, dentre aquelas estrelinhas,

Deus a guie! Do céu se despencou...
Com certeza era o amor que tu me tinhas
Que repentinamente se acabou!

(1934)


Viagem de trem
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)

Esses burrinhos pensativos que a gente
encontra às vezes na estrada dispensam
a gente de pensar...


Paulinho da Viola Filosofia (Noel Rosa, 2003):

Paulinho da Viola e Marisa MonteDança da Solidão (2003):

Poema para uma exposição
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)

O quadro na parede abre uma janela
que dá para o outro mundo
deste mundo...

Um mundo isento de rumores
e de mil flutuações atmosféricas
- alheio a toda humana contingência...

Onde um momento é sempre
e o mal e o bem não têm nenhum sentido...

Mundo
em que a forma também é a própria essência.

Ó Vida
Transfixada ao muro – e que palpita,
entanto,
num misterioso, eterno movimento!


Não basta saber amar...
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)
Para Milton Quintana

Neste mundo, que tanto mal encerra,
não basta saber amar,
mas também saber odiar,
não só servir a paz, mas também ir para a guerra.
Seguiremos assim o próprio exemplo
de Jesus, que tanto amor pregou na Terra...,
quando Ele, num ímpeto de cólera,
a relhaço expulsou os vendilhões do templo!


Paulinho da ViolaCoisas do mundo, minha nêga (2003): 


Paulinho da ViolaMeu mundo é hoje (2003): 



Às vezes tudo se ilumina
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)

Às vezes tudo se ilumina de uma intensa irrealidade
E é como se agora este pobre, este único, este efêmero
[instante do mundo
Estivesse pintado numa tela, sempre...


Quem ama inventa
Mário Quintana (Do livro “A cor do invisível” – 1989)

Quem ama inventa as coisas a que ama...
Talvez chegaste quando eu te sonhava.
Então de súbito acendeu-se a chama!
Era a brasa dormida que acordava...
E era um revoo sobre a ruinaria,
No ar atônito bimbalhavam sinos,
Tangidos por uns anjos peregrinos
Cujo dom é fazer ressurreições...
Um ritmo divino? Oh! Simplesmente
O palpitar de nossos corações
Batendo juntos e festivamente,
Ou sozinhos, num ritmo tristonho...
Oh! Meu pobre, meu grande amor distante,
Nem sabes tu o bem que faz à gente
Haver sonhado... e ter vivido o sonho!


Sambô (I can´t get no) Satisfaction (The Rolling Stones, 2012): 

SambôSunday Bloody Sunday (U2, 2012):