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domingo, 16 de dezembro de 2018

#10 (Guajira) PARA OS NOVOS TEMPOS



PLAYLIST DO LIVRO
CONTOS PRA CANTAR DO INVENTOR DO VENTO
#10 (Guajira) PARA OS NOVOS TEMPOS

Composição de fevereiro de 2011
Quando eu acompanhava atentamente
Os desdobramentos da Primavera Árabe
E comparava isso com as
Minhas preocupações individuais:
Como podem ser
Grandiosamente insignificantes
Nossas paixões, dramas e expectativas pessoais?
*
Após duas ou três décadas
De ditaduras do petróleo
No Egito, Tunísia, Líbia, Síria…
Uma multidão de jovens
Com mais estudos que seus pais
Mas quase todos desempregados
E mobilizados pelas redes sociais
Tocaram fogo em seus corpos jovens
Ocuparam por semanas a fio
Praças como a Praça Tahir do Egito:
Os ditadores em sua maioria caíram
Seja com intervenção militar estrangeira (Líbia)
[Mais interessada no petróleo do que em democracia]
Seja com a briga nas ruas
Só na Síria, mesmo com guerra civil, o governo não caiu
Mas veja o caso do Egito…
Em que na primeira eleição nacional pós-Primavera
O partido que saiu consagrado nas urnas
Foi a velha Irmandade Muçulmana
Um grupo precursor no Oriente Médio
Na defesa do fundamentalismo religioso
Conservadorismo islâmico a uma unha do fascismo…
*
E dois anos após tudo isso
As Jornadas de Junho de 2013
Explodiriam pelas ruas de nossas capitais
Primeiro, lideradas por uma
Romântica juventude de esquerda
(Contra o aumento da tarifa de ônibus em POA, SP, RJ)
Cansada da própria esquerda no poder...
Espírito de insatisfação que a direita
Há três décadas aparentemente discreta no país
Articulou numa hábil mudança de rumos
Canalizando a agitação das massas urbanas:
Nascendo uma nova coalizão de forças de direita
Que assumiram a hegemonia do movimento das ruas
Com intenso apelo midiático
Militância digital
E agenda altamente conservadora
Do saudosismo militar ao ranço religioso
Incluindo a glorificação da iniciativa privada
Assim como, a demonização da esquerda
Via argumento da corrupção...
O que legitimou a guerra jurídica das velhas elites
Contras os líderes da esquerda pós-ditadura militar.
*
(Guajira) Para os Novos Tempos surgiu
Nessa muvuca toda
Como um poema
Sobre a Primavera Árabe
Tocada em acordes experimentais
Do principal ritmo popular afrolatino
Da ilha revolucionária de Cuba: a Guajira
Foi também uma das primeiras gravações
No Laboratório de Sons do Vento
(Numa frágil versão acústica)
Depois regravada com arranjo samba-soul
Em 2013
Conduzida por um sax elegante e suave
Como não foram
As ruas árabes e brasileiras de 2011 pra cá.
Vuuuuush


(Guajira)

PARA OS NOVOS TEMPOS
* Sobre a Primavera dos Povos Árabes, Fevereiro de 2011
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

Nesse mundo velho medonho maluco
Nem sempre é fácil achar explicação
Pra um sentimento que brota do nada
Pra desilusão com a menina amada
Pra demora em explodir outra revolução

Nesse mundo velho medonho biruta
Nem sempre é fácil achar solução
Pra indiferença e para o preconceito
Pra um coração vazio no peito
Pra o verniz na cara-de-pau do cínico

Nessa hora mal-dormida da madrugada
Nem sempre é fácil esquecer o próprio umbigo
E lembrar a juventude árabe
Tomando as ruas pela liberdade
Liberdade pra arriscar mudar uma (sua) nação

Se um dia você se perder
E sentir falta só das coisas bobas
Então terá valido a pena viver?






sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Nana SAMBA TORTO nos 100 anos do baticum

Cena do filme Häxan, 1922 de Benjamin Christensen


            Mãe Nana é a que teve 140 filhos e determinou o destino de cada um deles quando que os ia parindo ao som do blues do samba e do brega, suas paixões de toda uma vida, bem comprida, aliás.
          Quando Mãe Nana samba, seja em Angola, na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo ou Porto Alegre, seu samba é TORTO. 
           E que ninguém o "endireite" a bibliadas, verdeamareladas, patadas, privadas (iniciativas)!
        Em Cuba, cantando para o Camarada Fidel, seu samba foi guajira para os novos tempos.
       Voltou a entortar quando olhou as "Nuvens do Céu" na Praia de Baunilha, ao sul de Moçambique, e entendeu que as nuvens não têm forma definida, só dependendo do olho do olhador: elas têm todas as formas da imaginação.