PLAYLIST DO LIVRO
CONTOS PRA CANTAR DO INVENTOR DO VENTO
#10
(Guajira) PARA OS NOVOS TEMPOS
Composição
de fevereiro de 2011
Quando
eu acompanhava atentamente
Os
desdobramentos da Primavera Árabe
E
comparava isso com as
Minhas
preocupações individuais:
Como
podem ser
Grandiosamente
insignificantes
Nossas
paixões, dramas e expectativas pessoais?
*
Após
duas ou três décadas
De
ditaduras do petróleo
No
Egito, Tunísia, Líbia, Síria…
Uma
multidão de jovens
Com
mais estudos que seus pais
Mas
quase todos desempregados
E
mobilizados pelas redes sociais
Tocaram
fogo em seus corpos jovens
Ocuparam
por semanas a fio
Praças
como a Praça Tahir do Egito:
Os
ditadores em sua maioria caíram
Seja
com intervenção militar estrangeira (Líbia)
[Mais
interessada no petróleo do que em democracia]
Seja
com a briga nas ruas
Só
na Síria, mesmo com guerra civil, o governo não caiu
Mas
veja o caso do Egito…
Em
que na primeira eleição nacional pós-Primavera
O
partido que saiu consagrado nas urnas
Foi
a velha Irmandade Muçulmana
Um
grupo precursor no Oriente Médio
Na
defesa do fundamentalismo religioso
Conservadorismo
islâmico a uma unha do fascismo…
*
E
dois anos após tudo isso
As
Jornadas de Junho de 2013
Explodiriam
pelas ruas de nossas capitais
Primeiro,
lideradas por uma
Romântica
juventude de esquerda
(Contra
o aumento da tarifa de ônibus em POA, SP, RJ)
Cansada
da própria esquerda no poder...
Espírito
de insatisfação que a direita
Há
três décadas aparentemente discreta no país
Articulou
numa hábil mudança de rumos
Canalizando
a agitação das massas urbanas:
Nascendo
uma nova coalizão de forças de direita
Que
assumiram a hegemonia do movimento das ruas
Com
intenso apelo midiático
Militância
digital
E
agenda altamente conservadora
Do
saudosismo militar ao ranço religioso
Incluindo
a glorificação da iniciativa privada
Assim
como, a demonização da esquerda
Via
argumento da corrupção...
O
que legitimou a guerra jurídica das velhas elites
Contras
os líderes da esquerda pós-ditadura militar.
*
(Guajira)
Para os Novos Tempos surgiu
Nessa
muvuca toda
Como
um poema
Sobre
a Primavera Árabe
Tocada
em acordes experimentais
Do
principal ritmo popular afrolatino
Da
ilha revolucionária de Cuba: a Guajira
Foi
também uma das primeiras gravações
No
Laboratório de Sons do Vento
(Numa
frágil versão acústica)
Depois
regravada com arranjo samba-soul
Em
2013
Conduzida
por um sax elegante e suave
Como
não foram
As
ruas árabes e brasileiras de 2011 pra cá.
Vuuuuush
(Guajira)
PARA
OS NOVOS TEMPOS
*
Sobre a Primavera dos Povos Árabes, Fevereiro de 2011
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)
Nesse
mundo velho medonho maluco
Nem
sempre é fácil achar explicação
Pra
um sentimento que brota do nada
Pra
desilusão com a menina amada
Pra
demora em explodir outra revolução
Nesse
mundo velho medonho biruta
Nem
sempre é fácil achar solução
Pra
indiferença e para o preconceito
Pra
um coração vazio no peito
Pra
o verniz na cara-de-pau do cínico
Nessa
hora mal-dormida da madrugada
Nem
sempre é fácil esquecer o próprio umbigo
E
lembrar a juventude árabe
Tomando
as ruas pela liberdade
Liberdade
pra arriscar mudar uma (sua) nação
Se
um dia você se perder
E
sentir falta só das coisas bobas
Então
terá valido a pena viver?
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