PLAYLIST
DO LIVRO
CONTOS
PRA CANTAR DO INVENTOR DO VENTO
#7
IMORTAL
AQUILES
Canção
original de 2005 que
Quase
se extraviou no meio do meu cancioneiro
Seu
esboço surgiu misturando três coisas:
1)
Era pra ser um poema manuscrito
Numa
carta dessas feitas à mão e enviadas por correio
(Sim,
era
só o começo
da era do e-mail
Antes
da ditadura das redes sociais)
Poema
manuscrito dizia eu
Para
impressionar uma amiga
Amizade
colorida que eu me esforcei
Pra
ter mais cores na sua paleta do que teve
2)
Foi
no auge
das minhas pesquisas sobre a obra
Do
maior cantador do século XX, o Bob Dylan
Quando
eu chegava
a tocar
todas as músicas do Dylan
Usando
sempre os mesmos acordes
(Hoje
não toco a sério nenhuma música
dele)
[Ah
talvez uma que
outra do
DESIRE, não é Aline Albani?]
Portanto,
não podia faltar gaita de boca
Desde
a primeira
versão de IMORTAL AQUILES
3)
A estupidez geral
do
heroísmo!
Por
algum motivo ainda obscuro
Desde
que saí da infância
Passei
a desconfiar dos heróis
(Na
infância eu amava muitos heróis, japoneses, sobretudo)
[Na
adolescência, alguns anti-heróis:
roqueiros
e gente
dos
quadrinhos]
Ou
melhor, passei a acreditar, depois
de bigodudo
Que
heróis são realmente aceitáveis
Só
na
infância!
E
gostaria de acrescentar que
Isto
para mim não significa nenhum tipo de
Pessimismo!
Na
música, cito dois heróis
então:
GILGAMESH,
o herói mais
antigo
da humanidade
Cupincha
do Enkidu e que
Ao
perder o parceiro se meteu a buscar nos confins da terra
O
poder da ressurreição
Ou,
ao menos, o da imortalidade...
Numa
história decifrada nas plaquinhas de barro
Dos
antigos iraquianos (babilônios e mesopotâmicos)
[Há
3000
anos]
E
AQUILES, que vai já no título da canção
Todo
mundo sabe que ele foi O
VALENTÃO
Na
Guerra de Troia
Teve
lá seus atritos com os reis gregos
Mas
enfezado pelos troianos terem matado seu amiguxo
Ele
trucidou o herói rival, Heitor
No
fim, morreu com uma flechada no seu famoso calcanhar
O
calcanhar de Aquiles…
Lembro
aqui da pensadora Simone Weil (1909
a 1943)
(Muito
interessante
pensadora cristã)
[Jesus
é, há 1000 anos, o maior super-herói de
todos]
{Embora
bem mais pacífico do que esses dois que canto}
Quem
disse (a
Simone)
No
ensaio “ILÍADA, ou
POEMA
DA FORÇA”:
Uma
das condições da força bruta é
Você
receber de volta todo o medo e violência que
Você
infligiu aos inimigos
E
isso é batata! Não tem escapatória numa guerra…
Qualquer
guerra.
Bueno,
passado um tempo
Releguei
IMORTAL AQUILES ao limbo das canções ruins
Até
que em 2012
No
meio da gravação do álbum do CoV
O
velho escudeiro Mick Oliveira
Foi
lá futricar no baú de sons e veio dizer
“Carlitos,
essa música é tri”.
Reescrevi
assim,
a pedidos, o tema
Preservando
os versos básicos
E
reinventando totalmente o refrão
Claro,
devolvi a gentileza sugerindo que
Ele cantasse a música
Ele cantasse a música
Arqueólogo
do Vento que se mostrou
Mais
de uma vez
Competente.
Vuuuuush
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IMORTAL
AQUILES
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
Foi
um dia tão difícil, amor
Parecia
não passar
Mas
como tudo, na vida,
Passou
Foi
um dia tão tristonho, amor
Só
restava chorar
Mas
não se faz chuva com as lágrimas
De
um só
Foi
um dia tão comum, amor
Pra
quem não pode se ocupar
E
ver o que tinha nele
De
diferente
Foi
um dia tão comum, no ar
O
teu
perfume a me embriagar
E
você tão
Indiferente
Hoje
foi um dia tão comum
Como
qualquer dos outros dias
Hoje
foi um dia tão comum
Como
um dia qualquer que ainda não teve
Você
vai ter que me desculpar, amor
Por
tudo aquilo que eu não pude ser
E
você tanto
Queria
Há
alguma coisa a me incomodar
Há
tanta gente em tanto lugar
Mas
as casas estão todas
Vazias
O
velho homem a desvanecer
E
a amante que não pude ter
Dançam
nesta mesma e irônica
Melodia
O
amor padece deste mesmo mal
Oh!
Aquiles fora imortal
Somente
enquanto
Ele
vivia
Hoje
foi um dia tão comum...
Você
vai ter que me desculpar, amor
Por
tudo aquilo que eu não pude ser
E
você tanto
Insistia
Há
muita coisa a nos incomodar
Pouca
mente em nenhum lugar:
As
cabeças estão todas
Vazias
O
jovem homem a adormecer
E
a amante que vai me conhecer
Dançam
nesta mesma e irônica
Sinfonia
O
amor padece deste mesmo mal:
Gilgamesh
fora imortal
Somente
enquanto
Ele
sorria
(Capítulo
IV do livro CONTOS pra CANTAR – Tomar um gol no futebol)
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