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terça-feira, 11 de dezembro de 2018

#7 IMORTAL AQUILES


PLAYLIST DO LIVRO
CONTOS PRA CANTAR DO INVENTOR DO VENTO
#7 IMORTAL AQUILES

Canção original de 2005 que
Quase se extraviou no meio do meu cancioneiro
Seu esboço surgiu misturando três coisas:
1) Era pra ser um poema manuscrito
Numa carta dessas feitas à mão e enviadas por correio
(Sim, era só o começo da era do e-mail
Antes da ditadura das redes sociais)
Poema manuscrito dizia eu
Para impressionar uma amiga
Amizade colorida que eu me esforcei
Pra ter mais cores na sua paleta do que teve
2) Foi no auge das minhas pesquisas sobre a obra
Do maior cantador do século XX, o Bob Dylan
Quando eu chegava a tocar todas as músicas do Dylan
Usando sempre os mesmos acordes
(Hoje não toco a sério nenhuma música dele)
[Ah talvez uma que outra do DESIRE, não é Aline Albani?]
Portanto, não podia faltar gaita de boca
Desde a primeira versão de IMORTAL AQUILES
3) A estupidez geral do heroísmo!
Por algum motivo ainda obscuro
Desde que saí da infância
Passei a desconfiar dos heróis
(Na infância eu amava muitos heróis, japoneses, sobretudo)
[Na adolescência, alguns anti-heróis:
roqueiros e gente dos quadrinhos]
Ou melhor, passei a acreditar, depois de bigodudo
Que heróis são realmente aceitáveis
Só na infância!
E gostaria de acrescentar que
Isto para mim não significa nenhum tipo de
Pessimismo!
Na música, cito dois heróis então:
GILGAMESH, o herói mais antigo da humanidade
Cupincha do Enkidu e que
Ao perder o parceiro se meteu a buscar nos confins da terra
O poder da ressurreição
Ou, ao menos, o da imortalidade...
Numa história decifrada nas plaquinhas de barro
Dos antigos iraquianos (babilônios e mesopotâmicos)
[Há 3000 anos]
E AQUILES, que vai já no título da canção
Todo mundo sabe que ele foi O VALENTÃO
Na Guerra de Troia
Teve lá seus atritos com os reis gregos
Mas enfezado pelos troianos terem matado seu amiguxo
Ele trucidou o herói rival, Heitor
No fim, morreu com uma flechada no seu famoso calcanhar
O calcanhar de Aquiles…
Lembro aqui da pensadora Simone Weil (1909 a 1943)
(Muito interessante pensadora cristã)
[Jesus é, há 1000 anos, o maior super-herói de todos]
{Embora bem mais pacífico do que esses dois que canto}
Quem disse (a Simone)
No ensaio “ILÍADA, ou POEMA DA FORÇA”:
Uma das condições da força bruta é
Você receber de volta todo o medo e violência que
Você infligiu aos inimigos
E isso é batata! Não tem escapatória numa guerra…
Qualquer guerra.
Bueno, passado um tempo
Releguei IMORTAL AQUILES ao limbo das canções ruins
Até que em 2012
No meio da gravação do álbum do CoV
O velho escudeiro Mick Oliveira
Foi lá futricar no baú de sons e veio dizer
Carlitos, essa música é tri”.
Reescrevi assim, a pedidos, o tema
Preservando os versos básicos
E reinventando totalmente o refrão
Claro, devolvi a gentileza sugerindo que
Ele cantasse a música
Arqueólogo do Vento que se mostrou
Mais de uma vez
Competente.
Vuuuuush
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IMORTAL AQUILES
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

Foi um dia tão difícil, amor
Parecia não passar
Mas como tudo, na vida,
Passou

Foi um dia tão tristonho, amor
Só restava chorar
Mas não se faz chuva com as lágrimas
De um só

Foi um dia tão comum, amor
Pra quem não pode se ocupar
E ver o que tinha nele
De diferente

Foi um dia tão comum, no ar
O teu perfume a me embriagar
E você tão
Indiferente

Hoje foi um dia tão comum
Como qualquer dos outros dias
Hoje foi um dia tão comum
Como um dia qualquer que ainda não teve

Você vai ter que me desculpar, amor
Por tudo aquilo que eu não pude ser
E você tanto
Queria

Há alguma coisa a me incomodar
Há tanta gente em tanto lugar
Mas as casas estão todas
Vazias

O velho homem a desvanecer
E a amante que não pude ter
Dançam nesta mesma e irônica
Melodia

O amor padece deste mesmo mal
Oh! Aquiles fora imortal
Somente enquanto
Ele vivia

Hoje foi um dia tão comum...

Você vai ter que me desculpar, amor
Por tudo aquilo que eu não pude ser
E você tanto
Insistia

Há muita coisa a nos incomodar
Pouca mente em nenhum lugar:
As cabeças estão todas
Vazias

O jovem homem a adormecer
E a amante que vai me conhecer
Dançam nesta mesma e irônica
Sinfonia
O amor padece deste mesmo mal:
Gilgamesh fora imortal
Somente enquanto
Ele sorria
(Capítulo IV do livro CONTOS pra CANTAR – Tomar um gol no futebol)











quinta-feira, 13 de junho de 2013

Sobre Heróis e Líderes

Rosa Bonheur, Buffalo Bill, 1889


Revolução, revolta ou um simples protesto precisam de líderes fortes. Acaba-se com o antigo regime - o governante corrupto, o rei já sem poder; mas acaba-se também com os “niveladores” e “escavadores” que propõem redistribuir a riqueza, mas pouco fazem para isso, restritos a discursos ou ao enriquecimento pessoal. Ao menos foi assim na minha República, entre 1649 e 1660, na Inglaterra. Tudo começou quando o rei Carlos I quis enfiar goela abaixo o anglicanismo em terras escocesas e presbiterianas. E eu fui o líder forte, o Lorde Protetor, vindo do Exército a derrubar os conservadores, a eliminar os igualitários”.
(E-mail enviado por Oliver Cromwell a Luís XIV então criança em 1650 mas já querendo mandar)

Os motivos para uma revolta generalizada podem ser muitos: a falta de diálogo; o excesso de diálogo; a fome e a seca; a falta de liberdade; o excesso de liberdade; o desemprego e a inflação; mentiras repetidas que viram verdades; verdades que de tão distorcidas voltam a ser translúcidas até ao mais cego dos mortais; mulheres e livros; mas, sobretudo, a revolta parte de uma ideia ou sentimento de que “morrer não é nada; não viver é que é horrível”!
(No tuítter de Jean Valjean com dedicatória ao miserável Vitor Hugo em 1862)

Soul II Soul Back to Life (1989): 

Depeche Mode – Enjoy the silence (1990)


O que faz um líder? Lidera, oras. Mas como se lidera? De preferência protagonizando ações a partir do que se conhece bem – como eu: filho e neto de marinheiros, naveguei mares e rios da Europa e da América do Sul em nome de boas causas. Assim como, um líder começa liderando seus amigos mais próximos - aqueles que comungam dos mesmos ideais ou apertos: em meu caso, as ideias republicanas de Giuseppe Mazzini e o exílio político no Brasil em 1836. Mas acima de tudo, um líder não pode ser apenas um guerreiro. Vejamos o caso de Davi Canabarro, na Guerra dos Farrapos, que foi talentoso em combate, mas arrogante e autoritário na paz após a conquista de Laguna durante a República Juliana de 1839. Mas como dizia, a principal virtude de um herói, ou melhor, líder (estou tentando ser modesto!), é não perder a esperança! Quando meu lanchão, Seival, naufragou na barra do rio Araranguá, na expedição a Santa Catarina, com os farroupilhas, perdi meus maiores parceiros, brilhantes corsários: Carniglia, Starderini, Mutru – morreram todos afogados. Perdi também a guerra, já que em Imbituba os farrapos foram expulsos da província sitiada e voltaram ao Rio Grande do Sul pra continuar sua luta regional, igualmente fracassada, contra o Império brasileiro. Mas eu, particularmente, saí vitorioso de tudo isso: ganhei uma bela morena catarininha - Ana Maria de Jesus Ribeiro, minha Anita Garibaldi. Viveu tão pouco, a morena, mas tão intensamente... Lutando ao meu lado... Me amando... Não me considere um individualista a pensar só em meu umbigo por causa do amor! Entenda minha situação: já que dediquei minha vida a lutar pela liberdade dos povos, por governos republicanos, nada mais justo do que a busca e a conquista da felicidade pessoal. Um direito essencialmente moderno e que deve ser garantido pelo Estado laico e democrático que ajudei a inventar.
(Escrito nas areias de Marselha por um Garibaldi já meio caduco aos 75 anos de idade em 1882)

O Garibaldi sempre foi um exagerado”.
(SMS enviada em 2013 por Anita ao Albani após um cruzeiro pelo Mediterrâneo com a amiga Angelina Jolie que a interpreta no longa “Dois Mundos, Uma Heroína”)

“Para quem defende a ordem, a desordem sempre pode ser útil. O espírito carnavalesco, a anarquia cômica, o burlesco são coisas que podem reforçar o senso comum e costumam agradar às massas, acalmando-as mais até do que a porrada e o medo. Tinha isso em mente quando criei meu espetáculo sobre o “Velho Oeste Selvagem” em 1883 – renovava então a estética circense com suas acrobacias (utilizando-me de cavaleiros e pistoleiros) assim como valendo-me de excentricidades para cativar o público: mulheres masculinizadas como Jane Calamidade; árabes, cossacos e mongóis; e índios americanos como você, Touro Sentado – diga-se de passagem você nunca viveu tão bem quanto nos anos de Wild West Show: longe das guerras por terra contra o General Custer e sua cavalaria, como lá em Little Big Horn, ou melhor ainda do que agora nesta seita mística que entrastes e que prega o extermínio do homem branco pelo próprio Cristo que voltará só não se sabe quando. Essas paranoias místicas ainda serão o seu fim, Touro Sentado! Enquanto você busca a salvação, índio velho, eu colho os louros de ser o precursor dos programas debochados ou sensacionalistas de auditório – que depois foram parar na TV: do Chacrinha ao Ratinho chegando ao Pânico. Sendo assim, líderes de verdade na história atual somente os empresários, os empreendedores, que enriquecem e sabem ganhar no jogo da vida”.
(Mensagem telepática enviada por Buffalo Bil a Touro Sentado depois que este mugiu e levantou em 1890) 


Depeche Mode Personal Jesus (1990)


Soul II Soul – Keep on movin´(1989):