PLAYLIST do LIVRO
CONTOS pra CANTAR do INVENTOR do VENTO
#11
VERÔNICA
Verônica
é uma personagem quixotesca
Louca
na sua lucidez para os que olham de fora
E
não vivem suas lutas e sonhos
Tal
qual o Cavaleiro da Triste Figura
De
Miguel Cervantes em 1615.
Verônica
é
Uma
das personagens mais importantes
Do
Recital PIMENTA PINK
Onde
canto somente as personagens femininas
Do
livro CONTOS pra CANTAR
E
para ela
(Que
pode ser eu ou você também)
O
esforço é para virar a mesa da
Cultura
machista em que foi criada
Chutando
o balde da “mística feminina”
Que
faz de muitas mulheres
Escravas
santificadas do lar e dos filhos
Como
disse Betty Friedan em livro de 1964
Ou
Simone de Beauvoir disse
No
livro “O segundo sexo” (1949)
Em
que podemos lembrar (aprender?) que
O
corpo pode nascer com o sexo masculino
E
com o sexo feminino, sim
Mas
o uso dele, os símbolos que irão preenchê-lo
(Roupas,
posturas, comportamentos, crenças)
As
práticas de vida, em resumo
São
construções conscientes e inconscientes
Tentando
ser dignas ou simplesmente sendo
Estúpidas
como as que transformam as mulheres
Em
bundas e peitos para deleite dos machos que
Não
choram e disparam suas arminhas
Ou
santas assexuadas prontas para cozinhar
Para
os machos que colonizam as suas mães.
*
A
letra de VERÔNICA é de 2006
(Não
me lembro direito,
Na
real, o ano em que escrevi)
Mas
todo ano toco de um jeito diferente
No
piano, acústica, elétrica, lenta, rápida…
Em
fevereiro de 2008
Num
ensaio maravilhoso
Pude
contar com o sax & flauta do Stanis Soares
E
a batera do Alemão Cristiano
Depois
encorpei a canção com overdubs:
Um
coral anárquico como o vento
Um
baixo vintage velha guarda
Dando
uma cara tipo “ao vivo no bar”
Entre
a The Band do Bob Dylan
E
o Clube da Esquina do Milton...
(Claro,
para o meu ouvido a la Verônica:
Quixotesco).
Vuuuuush
*
VERÔNICA
*Quixotismos
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
Ela
já não pensa em marido
Ela
já deixou o seu partido
E
agora já não segue nenhum deus
Ela
largou o clube feminino
Ela
chamou o patrão de cretino
Já
não torce mais pro time que torceu
Ela
já não gosta de vestidos
Ela
já não limpa os ouvidos
Não
espera mais por um príncipe que nunca nasceu
Ai,
ai, Verônica
Só
encontrou alegria
Quando
deixou de fazer
As
coisas que sempre fazia
Ela
não depila mais as pernas
Nem
almeja mais a vida eterna
E
agora cospe no prato que comeu
Esqueceu
qual era sua causa
E
só come sorvete em cauda
Coloriu
todos os livros que leu
Ela
já não sente mais saudade
Largou
a sua velha faculdade
E
queimou todos os diplomas que a vida lhe deu
Sua
cor favorita era rosa
Mas
agora muda a cada lua nova
E
o amor tem um sabor de hortelã
Ai,
ai, Verônica
Só
encontrou alegria
Quando
deixou de fazer
As
coisas que sempre fazia
Parou
de pensar sobre si mesma
Esqueceu
até de sua magreza
E
deixou a cara do jeito que acordou pela manhã
Trocou
o celular por um carteiro
Perdeu
o interesse pelo alheio
E
a coisa mais bonita que disse foi “Bom Dia”
Tirou
o carro da garagem
Mas
preferiu fazer com as próprias pernas
Um
caminho por um mapa que ela mesma desenhou
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