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quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Sarau CoV "Pimenta Cor de Rosa: Mulheres no Tempo" (Playlist)

Hilda Dallas, Poster, 1909


Playlist no SoundCloud pra cantar com o CoV sobre as mulheres no tempo: lutas políticas, paixões, feminilidade, o machismo, a maternidade, sagrado feminino de todo dia em muitas eras que o dia passa devagarzinho e as eras muito rápidas.

Adaga de Prata (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Composição de 2013, também registrada ao vivo no programa Estação Cultura da TVE (abril de 2014). Inspirada em muitas mitologias e na simbólica figura da moça que decide morrer virgem por enxergar só maldade nos homens.

Diga Cá (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Baião que está na quinta faixa do CD do CoV (finalizado em 2013). A pergunta é para as mulheres (lavadeiras, faxineiras, estudantes, jornalistas, jogadoras) sobre o que faz a diferença no Brasil do século XXI?

História que não vivi (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Escrita para o curta metragem estudantil homônimo, em 2013, esta balada traz um intenso diálogo entre um papai que vê a filha ainda bonequinha e a filha adolescente que sente na carne e no coração o despertar da sexualidade.

Colar (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Nesta canção, a sombra de uma rapariga em flor deflagra versos líricos para uma beleza brejeira barroca que virou canção e depois livro. Terceira faixa do CD do CoV (2013).

A Guria da Livraria (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Falando em livros, só deixem em paz a guria da livrariaaaaaaa!

Verônica (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): A Verônica que chutou o balde, virou a mesa, deixou de fazer as coisas que sempre fazia. Reforço do Mick Oliveira nos teclados em mais um capítulo dos Concertos do Vento para Piano & Voz.

Mulheres de Atenas (Chico Buarque & Augusto Boal): O machismo de Atenas perdura da Antiguidade até ontem. E nos vocais de apoio uma Amazona: Aline Albani. Gravação no Acústico Maresia, Navegantes de 2014, Praia de Baunilha.

Capitu (Luiz Tatit): A mais famosa e enigmática personagem da literatura brasileira: Capitolina Rodrigues apareceu no livro “Dom Casmurro” (1899) de Machado de Assis e ninguém mais se esqueceu dela. Nem mesmo na era da internet.

Acorda, Maria Bonita (Antonio dos Santos, o cangaceiro Volta Seca): Nas sociedades pré-industriais o papel econômico da mulher era indissociável do papel do homem: a casa, a prole, o campo eram uma unidade e o machismo era diferente dos dias posteriores à Revolução Industrial onde a mulher foi sendo inferiorizada por seu trabalho doméstico ser pouco, ou nada, remunerado.

 A Deusa dos Orixás (Clara Nunes desde um ponto de terreira): Triângulos amorosos de verdade possuem a fórmula 2v + 1d = 2 x 0: dois varões mais uma dama = um casal feliz vezes um solitário chupando dedo na falta de coisa melhor, como manga, por exemplo. Isso acontece seja com gente ou orixá: Ogum x Xangô + Yansã.

É de Maria que falo é pra Maria que canto (C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento): Em cinco minutos a história da vida da mulher mais importante da vida do Inventor do Vento: a Mamica! É pra ela que canto! Vuuuuuuuush!

 Show das Poderosas (Anitta numa versão 1001 noites árabes com Vento): Sherazade pode ter sido a primeira poderosa da História. Ao menos é personagem duradoura, de um jeito ou de outro, até os dias que seguem e quase ninguém sabe onde irão dar.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

O dia em que os homens se esquecerão do machismo

Marcel Duchamp, Nu descendo a escada, 1912


1) Cinco depoimentos sobre o machismo

Marilyn Monroe (1926 a 1962) “Penso que mulher bonita não sofre discriminação. Há muito tempo eu não sei o que é machismo. Desde quando fui para Hollywood todos os homens só me paparicaram, cortejaram, adularam como se eu fosse a última rainha do mundo! E igualzinho ocorre agora no Paraíso. Ainda assim me sinto tão triste e insegura”...


Princesa Isabel (1846 a 1921)“Quantas belas moças negras foram escravizadas? E mesmo as forras eu vi sendo humilhadas, ofendidas, mal-tratadas, seviciadas durante o século XIX no Brasil Império. Não foi uma nem duas: foram muitas! Muitas! Muitas! E continua assim, não continua, cara leitora do Vento?”


Yoko Ono (1933) Woman is the nigger of the world. A mulher é o escravo do mundo. Nós a fizemos pintar o rosto e dançar. Nós a insultamos todo dia na TV. A mulher é a escrava dos escravos. Fazer os homens se esquecer do machismo não é a questão principal, mas sim fazer as mulheres reagir ao machismo: de objetos sexuais a indivíduos pensantes e políticos, este continua sendo o desafio”.

Joana D´Arc (1412 a 1431)– “Assim como me passei por homem para lutar pela França, os homens todos deveriam se transformar um diazinho sequer em mulher. Só provando do próprio veneno é que eles darão valor ao regaço materno, à ternura do coração da amada, ao companheirismo da irmã, à experiência da avó. Mas acuda-nos o Todo Poderoso para que quando este dia chegar não chegue para todos os homens ao mesmo tempo. Primeiro uma metade, depois a outra. Se todos virarem mulher no mesmo instante, eles não aprenderão nada”.


Maga Patalógika (1961) – Só com feitiço, bruxaria pesada, para que os homens se esqueçam do machismo. Há um livro de sortilégios, guardado num baú por bruxas napolitanas, há séculos, em que se lê que a poção mágica, seja ela qual for, deve começar com o seguinte encantamento: eu desconfio do diabo a quatro desde nascença, menos do meu marido, do meu pai e do meu irmão, pois eu sei que todo homem de agora em diante ama, respeita e pede licença”.


2) Quatro músicas para pensar sobre o tema

CoV - Diga CáNeste baião, perguntamos às mulheres, protagonistas do século XXI, sobre o que faz do brasil, Brasil?



CoV - Pequena Gaulesa – O sentido lírico que alguns homens atribuem às mulheres ao mesmo tempo em que outros atribuem truculência e brutalidade no seu afeto.



CoV - Lucy não se esqueça de mim Às vezes, a amizade entre o homem e a mulher é impossível. Espécie de jogo de soma zero tudo ou nada amor ou distância adeus não estou atrasado mas preciso ir.


CoV - Até Breve – “Só pela mulher há beleza no mundo” (André Breton – 1896 a 1966).



3) E uma crônica feminina para encerrar

Ana e Paulo, antes e depois de casados

*Joyce Rafaella Ataíde da Silva

            Ana trabalhava num consultório médico, até que um dia conheceu Paulo: foi amor à primeira vista. Ele era jovem e atuava na mesma área que Ana, cuidando dos papéis da clínica e agendando as consultas dos pacientes.
            Os dois começaram a sair, em seguida começaram a namorar e por fim, pouco depois, se casaram. Ana e Paulo eram muito felizes antes de morar juntos, mas Ana mal sabia que sua vida viraria um inferno na nova casa.
            Recém casados, Paulo exigiu que Ana parasse de trabalhar. Ela não entendeu o porquê de Paulo fazer a ela esse pedido, mas como ela o amava acabou aceitando. Logo depois ele a proibiu de ver toda sua família, não usar roupa curta e muito menos sair sozinha.
            Ela se desgostou – do trabalho doméstico, do amor, da vida. Paulo inclusive bateu nela em duas situações e falou muitas coisas que a deixou ainda mais triste. Ela queria muito voltar ao antigo emprego, mas ele dizia que lugar de mulher era dentro de casa lavando a louça, lavando a roupa, enfim, sendo escrava dele.
            A vida de Ana era uma rotina só, até que um dia, cansada de tudo, foi até ele e estourou: estava farta e que ele era um bosta de homem que não a satisfazia e que ela ia trabalhar e voltar a sua vida normal. Também falou que ainda gostava dele, mas daquele homem de antes, não o covarde de agora.
            Ele, sem reação, vendo a atitude corajosa e sincera de Ana, parou para pensar. E o temor da perda de sua companheira o fez mudar a cabeça. Esquecia assim os conselhos do pai que lhe ensinou a conquistar as meninas com romantismo e depois “pô-las nos eixos”, “mantê-las no lugar” com autoritarismo e virilidade. Assim deixou de ser aquele homem grosso para voltar a ser o que era antes do casamento, largando de mão o machismo e tratando Ana com todo amor e carinho. Este foi o dia em que, ao menos o Paulo, se esqueceu do machismo.

* Joyce Rafaella é estudante da EMEF Alberto Pasqualini, em Gravataí/RS, e compôs esta crônica com a calma e elegância costumeiras numa manhã preguiçosa de terça – bom momento para se discutir História.