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sexta-feira, 28 de maio de 2021

SR. CAFÉ

 

Maio é tempo da colheita do café no Brasil.

Letra, música, guitarras e voz por c. a. albani da silva, o inventor do vento

Tambores sampleados de Inezita Barroso - Soca Pilão (1954)

Imagens sampleadas do doc "O Café" (1958) de Humberto Mauro.

Gravata/Ó

SR. CAFÉ (c.a. albani da silva, o inventor do vento) Quanto chicote no lombo do preto, Sr. Café? Na ilha de Java, no mar do Caribe também tu reinou, Sr. Café No contrabando do turco, a Anatólia também te venera, Sr. Café Dom Palheta te plantou, amarga planta No Grão-Pará, no Maranhão Presente francês, os saques, as sacas As safras etíopes pelas montanhas A Índia te planta em Goa, os lusos não dormem mais, Sr. Café Como operários ingleses nas fábricas de Manchester, Sr. Café Corpos cansados, barrigas de fome Insone, insones Na bolsa tu vales mais que 80 minas de diamante, Sr. Café Ferrovias fluminenses, paraíbas a vapor Reduzido a pó pelo pilão, o teu grão, o teu grão, Sr. Café Imigrantes na ponta da enxada te odeiam e te desejam, Sr. Café Suntuosos palácios erguidos, mesquinhos barões derrubados, no cafezal Vidas rurais em ruínas Sobrados não mais caiados E ainda discutes política? E ainda discutes política? Escravocratas, republicanos Terras-roxas, no rio Paraná Água fervendo, água fervendo Água fervendo para o senhor Café One more cup of coffee before I go to the valley below #10 Anos Lab. de Sons CoV @cavalgando_o_vento Cavalgando o Vento - CoV (Facebook) cavalgandoovento.blogspot.com

quarta-feira, 29 de abril de 2020

Contribuição para o canal DESCONSTRUÇÃO HISTÓRICA


A querida Profa. Angela Xavier me convidou para gravar um vídeo, falando da minha caminhada profissional e trazendo algumas curiosidades históricas para o seu canal no YouTube.
Então te inscreve no canal da guria: "Desconstrução Histórica" e confere aí minha prosa sobre os 100 anos da escritora Clarice Lispector e do cineasta Federico Fellini.
Bons ventosss ao conhecimento histórico, à leitura e à pesquisa, nesses tempos em que não ter memória e arrotar ignorância parece ser coisa bonita, mas não é!
Vuuush

terça-feira, 2 de julho de 2019

LUGAR DE MULHER ONDE É?



LUGAR DE MULHER ONDE É?
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)

Era uma vez uma MULHER que dizia que havia despencado num fundo poço. Isto aconteceu entre a segunda e uma quarta-feira do ano de 1700. Ela trazia um balde, mas a roupa suja se extraviou pelo caminho, nessa viagem no tempo que a jogou em 2013!

A mulher lembrou do mapa que ganhou do seu esposo, quando casou com ele na feira de São Roque. Muito perdida, ela deu de si e desembestou a procurar os antigos lugares onde as mulheres da sua terra levavam a vida.

Nessa cidade louca, grande de capitalismo, onde foi parar, quem sabe no século XX ou XXI, o dinheiro compra, vende, atiça, acalma e só alguns loucos não compram, não se vendem e sem dinheiro se acalmam.

A mulher se viu sozinha, mas foi uma menininha quem disse moça, tu tá perdida, posso lhe ajudar? Pegue na minha mão, vamos ler esse mapa...

Aqui manda atalhar por uma cozinha!?! 'Cê tá com fome, moça? Eu te mostro o forno de micro-ondas! À direita do seu mapa antigo tem um tanque com roupa suja!?! Mas quem te deu esse mapa era um bayta de um porcão, hein! Ainda bem que a lavanderia fica logo ali na outra esquina. Aliás, na mesma rua da minha amiga que é tatuadora.

Com isso tudo a viajante no tempo ficou confusa, pois não havia nada disso lá na sua era. Ela se admirou muito com a máquina de lavar e ouviu até o som do apito da fiscal de trânsito. Boquiaberta ela viu nascer das nuvens um avião, a dona aviadora inclusive lhe acenou, jogando um livro de uma moça tal de Valentina, a cosmonauta russa que se foi pro espaço. E a menininha lhe explicou o que é um foguete. Enquanto isso, gurias lindas lutavam boxe, jogavam bola, no terraço alto de um edifício quase no céu. Lá embaixo as vovozinhas protestavam, pelos filhos mortos nos dias tristes da ditadura militar!

E eu nem sei ler, ela disse, a camponesa antiga, e segurou o livro de cabeça pra baixo. Não é um problema, a outra, a guriazinha do futuro, respondeu, pois há vagas na minha escola. A professora é muito querida, vai fazer questão de te ensinar as primeiras letras. Na guerra até foi ela quem anotou, as últimas palavras do soldado que morria.

Enquanto isso pifou um carro na avenida, chamaram logo a mecânica pra apertar as rebimbocas, os parafusos e os lalalás. Já uma skatista voava baixo, pois o seu amigo era pai solteiro que ficou sem fraldas para o nenê. A guriazinha se lembrou até de lhe contar, à mulher de 1700, da sua tia que se casou com outra tia. Foi quando um machista velho ouviu e berrou desde a esquina:

MULHER EM FOTO SÓ SE FOR PELADA MESMO!

A menina, gentilmente, respondeu com o seu dedo do meio e lhe jogou na cara, na cara do machista, três belas fotografias: mostrando o jeans rasgado de Ana Caninana, mostrando o preto véu de uma pacifista afegã, e mostrando Carmenzita, a cadeirante que era a sua irmã.

A viajante no tempo saiu do poço transformadamente, pois sua mente nova ficou em pane por algum tempo. Ela rasgou o mapa do marido com os lugares de mulher e se foi pensando, de volta no tempo, para casa, procurando onde é que é?
(Playlist do Livro “Contos Pra Cantar”, #27, página 55, capítulo XI, “Traçar planos impossíveis só pra acreditar neles”).


sábado, 21 de maio de 2016

COISAS DE HERÓI: GILGAMESH



COISAS DE HERÓI: GILGAMESH
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
A primeira lenda escrita pela humanidade
Em plaquinhas de argila rabiscadas cuneiformes
Pelo povo sumério
Lá na antiga Mesopotâmia, hoje Iraque
É o seguinte:
O rei Gilgamesh em 2700 a.C
Fundou a cidade de Uruk
Depois de ter viajado o mundo
Conhecido suas origens: até o fundo dos mares
Só que nosso herói (primeiro herói!)
Também sabia ser malvado
E obrigou seu povo a erguer uma muralha
Tijolo por tijolo
Em volta de Uruk
O povo apavorado com a idéia da escravidão
Suplicou à deusa Ishtar
(Senhora das águas lamacentas do Tigre, do Eufrates)
E ela mandou o guerreiro Enkidu
Guerreiro das florestas de cedro
Pra ajudar os sumérios contra a escravidão
Contra o mandonismo do rei
Enkidu encarou Gilgamesh
Mas após incansáveis batalhas: não houve vencedor
O empate os fez amiguinhos
E parceiros se meteram em aventuras juntos
Destruíram monstros / pacificaram o mundo (na porrada!)
Daí disseram que ninguém mais ia erguer muro nenhum
O amor correspondido nos faz bonzinhos
Só que Ishtar ficou com ciúmes de Enkidu
Seu protegido agora só queria saber
De Gilga pra cá
Gilga pra lá
Assim a deusa rogou uma praga e após 12 dias
Enkidu morreu!
Gilgamesh pirou na batatinha e resolveu correr mundo
Procurando magia que ressuscitasse o amigo
Mas só encontrou o homem mais velho de todos
Utnapishtin, que os hebreus chamavam Noé
Ele, como todo bom velhinho
Sempre contava as mesmas histórias
E a dele era a do Dilúvio
Da arca que fez, a pedido dos deuses
Pra salvar sua família abençoada e os animais
No passado
Oriente inteiro foi alagado e os homens punidos
Por aborrecerem os deuses
Com queixas, barulhos e arrogância
Noé, digo, Utna contou que a punição ia além
Pois condenaram a nova humanidade ao
Trabalho doença
Morte fome
Gilga, teimoso, seguiu atrás do milagre da imortalidade
Mergulhou no Mar Mediterrâneo
Até achou uma planta mágica lá
Mas a perdeu de forma besta
Numa onda que passou (e a levou)
Foi quando o fantasma de Enkidu
O guerreiro das florestas de cedro
Lhe apareceu
Nu em pelo
Contando das coisas do além
Falando da saudade
E dizendo a verdade somente a verdade:
 - Imortais só os deuses mesmo! Podes chorar ou viver...