MILONGA MEIA-SOLA
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)
Fiz uma milonga meia-sola
Para ver se ela cola
Nos pagos do Brasil
De dia ela é só dignidade
Canta a família brasileira
E o bom macho viril
À noite ela fica desvairada
Ofende as pessoas humilhadas
E rebola até o chão
Filma seus vexames moralistas
Se fazendo de artista
Causando sensação…
Lá no galpão do sapateiro
Onde a oficina esconde um puteiro
Propõe remendar
O meu sapato gasto e furado
Roto e todo esbodegado (esfarrapado)
Como o povo sempre está
*****
Participações:
Mick Oliveira: Acordes roqueiros
K Bitello: Sugerindo rimas
Jujuba Negreiros: Censurando rimas
Marcos Delfino: Sugerindo o assunto
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Leituras no embalo:
* A raposa e o corvo – Fábula de Jean De La Fontaine (1668)
* O recurso do método – Alejo Carpentier (1974)
* Zero – Ignácio de Loyola Brandão (1975)
“...vida
significa livre-arbítrio, e liberdade é Mistério. Se alguém
soubesse a verdade, como podia haver liberdade? Se o céu e o paraíso
fossem no meio da praça do mercado, todo mundo seria santo”…
*
Os
sinos ecoam no vento
E
me lembram que música é tempo
O
tempo também pode ser música.
Sábado
à tarde gosto de ler
Sentado
na cama e ouvindo os sinos
Que
badalam às 15 na Igreja
Nossa
Senhora das Graças
Ali
na parada 72
Duas
paradas da minha:
Em
Gravataí e outras cidades da Grande Porto Alegre