Aldo Locatelli, Jesus indicando o caminho, s/d
O
Tuttilóki é um coletivo sonoro criado na cidade de São Paulo em torno da poesia
de José Luis Queiroz e seu livro “O Cortejo”. Acompanhando o livro, lançado
em junho passado, o disco “Em algum desses
dias” apresenta 20 canções gravadas por mais de 30 músicos: Tuttilóki.
Canções por nada
(José Luis Queiroz)
Canta-me
outra canção impetuosa,
que fale
do mundo nas dobras da entranha;
que
chore a armadura partida,
que
trinque o elmo e arranhe o escudo.
Canta-me
outra canção lutuosa,
que fale
do homem carpidor das batalhas;
que apoia,
no balcão, as suas nuas feridas,
que suja
a sarjeta com seu pútrido fel.
Canta-me
outra canção esplêndida,
que fale
de heróis sob os frios viadutos;
que espante
o rival da frágil raça,
seu hostil
mandatário que urra febril.
Canta-me,
qualquer uma – suprema,
que fale
da morte que nos encurrala;
que brinde
à vida que nunca se ganhou
e à
mensagem da perda, jamais decifrada.
Canta-me,
enfim, a canção
que jamais
volte a ser cantada...
Tuttilóki – Teu amor é (2013):
Tuttilóki – Simple way (2013):
Fellini –
Lóki (1989): Canção do Mutante Arnaldo Baptista.
Instante Casual
(José Luis Queiroz)
Como se um andróide se apropriasse de mim
e justificasse a minha existência.
E eu, amputado de mim mesmo,
ainda constrangido pelo desmascaramento
e de queixo caído, livre pela atmosfera,
investisse no irrefutável:
deixar-me ir nessa emancipatória tarefa, ingrata,
diga-se de passagem,
de ver o catador de arco-íris semear trevas,
de crer no cantador de paraísos que emudece
[em infernos,
de ter, no captor de sentimentos, o que rechaça
[todos os
instintos.
Como se esse andróide, ao se apropriar de mim,
se apossasse de minha carência e
tudo o mais que a contradiga, e, prenhe de sonhos
[labirínticos,
ele não abalasse a minha reputação desejada;
não me deixasse fazer falta na realidade, onde os
[sonhadores
proliferam;
não relegasse a minha memória ao último plano;
apenas fosse.
Fosse comigo, apenas, por alguns metros,
rumo a qualquer horizonte;
e abandonasse o meu corpo e os meus sonhos lá
onde cai o sol, dando de ombros para o instante
[casual.
Grupo Rumo – Delírio, meu (2004):
Abidoral Jamacaru – Bárbara (2008):
Nó
de Pinho
– Piquete
do Caveira (2012):
Rosebud
(José Luis Queiroz)
A redoma caiu no chão
e espatifou toda uma vida:
nevava nos trópicos do meu peito.
Juntei os pedaços, liguei o sol à
paisagem
[e nós dois correndo estilhaçados...]
Mas as águas do riacho
...ninguém sabe para onde correm.
Albani: Não sei mais como fazer para postar meus comentários aqui. Estou tentando deste jeito. Me conta se aparecer. Abraços. Francisco.
ResponderExcluirApareceu como anônimo, Chico.
ResponderExcluirÉ que antes de ser publicado eu tenho que liberar o coments.
Tipo censura estalinista, sabe? hehe.
Abraço do Vento.