Leopoldo Gotuzzo, Nu feminino, s/d
Cultivo uma rosa
branca
(José Martí, 1853-1895, Cuba)
Cultivo
uma rosa branca,
em
julho como em janeiro,
para
o amigo verdadeiro
que
me estende sua mão franca.
E
para o mau que me arranca
o
coração com que vivo,
cardo
ou urtiga não cultivo:
cultivo
uma rosa branca.
Los Fabulosos Cadillacs – Calaveras
y Diablitos (2008): Caveiras e
diabinhos.
A vaca morta
(Manuel Del Cabral, 1907-1999,
República Dominicana)
Amanheceu
no caminho
sem
que ninguém a velara,
só,
sob as velas do céu,
que
até seus olhos baixavam.
Estavam
brancos seus dentes
(que
sempre brancos estavam).
Que
inofensivo era o dia
quando
em seus dentes brilhava!
Ontem,
jogaram-na à cova;
ficou
de cara pra cima.
E
dorme tal como quando
diante
dos homens vivia!
Cavalgando
o Vento - O Esqueleto (2012): Caveira e
cachorrinho ingrato.
Sombra
(Mauricio Gómez Mayorga, nem
nasceu nem morreu de acordo com o Google?!, México)
Sombra
sobre
o
ferro, dura.
Sombra
sobre
o
muro, quieta.
Sombra
sobre
o
ermo, sozinha,
e
sombra sobre
a
alma, amarga.
Ciro y Los Persas – Insisto (2011):
Receita
(Roberto Fernández Iglesias,
1941, Panamá)
Para
escrever um poema
se
necessita
a
ausência de receitas
e
o receituário completo.
Logo
queimá-lo
todo
aplicando
todo o calor
sem
calcinar a mistura
A
qualidade do produto
pode
pertencer ao acaso
e
à habilidade
do
artífice ou à sua imperícia
Enfim
a
gente se lança ao abismo
e
para chegar à poesia
nunca
leves pára-quedas.
Siba – Ariana (2012):
O Canto
(Eugenio Florit, 1903-1999,
Cuba)
Para
que toda esta miséria alce uma noite o vôo, mais alta do que a Lua.
Para
que o tanquezinho adormecido cresça em rumor de catarata.
Para
que ao grão de poeira chegue a luz irisada que viaja no vento.
Para
que o vento triste remova o fundo escuro das florestas.
Para
que a ave com frio cruze, já livre, as manhãs.
Para
que saibamos um dia qual é a cor dos sonhos.
Para
que não fique o tremor na mão, e o medo não sele a boca.
Para
que ao erguer a fronte suportemos a mirada do céu.
Para
que o pé marche firme sobre recordações murchas de angústia.
Para
que tu não me digas que estás bem longe da minha rota esperança.
Para
que eu possa exclamar, com a voz nas nuvens, que te amo.
Para
que tudo isto suceda uma tarde, com sol, com pombas, e com brisas, eu canto.
Jaime Sin Tierra – Inquieto (2006):
P.S.: Com aquela ajudona Ventosa do Aurélio
Buarque de Holanda
(1910 -1989) e seu “Grandes Vozes
Líricas Hispano-Americanas” (1990).
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