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terça-feira, 18 de julho de 2017

O blues do cachorro magro (Cheirinho do Capítulo XI dos "Contos Pra Cantar")

     O “Blues do Cachorro Magro” surgiu às 2h15 da madrugada, num verão da Praia de Baunilha, flutuando nos Ares dos Mares do RS, bem provavelmente, fevereiro de 2002. A Mamica dormia o sono dos justos no quarto ao lado e o Inventor do Vento dava seus primeiros mergulhos nas ideias da Modernidade, sentado com o violão e livros na mesa da cozinha.
    Esse blues canta de uma maneira impressionista (coisas da razão juvenil, evidentemente) e embaralha conceitos revolucionários para um nascente coração entre o anarquismo e o comunismo.
    No mínimo, um coração simpatizante das promessas dos Iluministas que inventaram, no século XVIII, a maior de todas as invenções humanas que é o sonho utópico da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade.
    O embalo da canção foi num blues roqueiro mesmo, pois afinal, a rebeldia irreverente e romântica do rock tal qual a negritude do blues um dia fizeram o mundo dançar e isto, por um lado, deu que o sistema capitalista também devorou todas as guitarras, gritos, tambores e piadas roqueiras cuspindo mais uma nova praga-mercadoria (a música pop), envelhecendo, talvez precocemente, essa manifestação musical; por outro lado, porém, o rock - filho do blues das encruzilhadas - despertou lá algumas consciências-cacholas mundo afora, semeando fagulhas críticas & pensativas…
     O “Blues do Cachorro Magro” foi parar, em 2016, no capítulo XI dos “Contos Pra Cantar”, páginas 54 e 55.
Oh yeaaaaah!


O BLUES DO CACHORRO MAGRO
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Nada de políticos, nada de tribunais
Nada de polícia, finanças ou capitais
Não importa se você é ateu ou é cristão
Não importa se você é um profeta ou um cagalhão
Não importa a sua cor, a sua dor, o seu nome
Chega de barreiras, chega de fronteiras, arrã!

A lei é uma só, só existe uma lei
O mundo é da gente e não pertence a nenhum rei
Não importa se você é hétero ou é gay
Faça a sua vontade e que a vontade faça o bem, arrã!

Reze para deus, reze para mim
Só não fique aí parado esperando que o mato cresça

Um tempo de mudança está solto no ar
Então é bom que a gente comece a pensar
Pense um pouco, um pouco diferente
E veja que o mundo, o mundo é da gente
Esqueça a tevê, esqueça o jornal
E veja as estrelas lá no alto a brilhar! IéIé!

Preste atenção à voz do coração
E veja se você é realmente o patrão
Preste atenção e olhe muito bem
Qual é o seu direito de querer mandar em alguém?

Sem essa de clonagem
Já basta sermos um
Pra que viver pra sempre sem chegar a lugar algum?
O homem mal sabe viver uma vida só
Imagine a eternidade, ah, tenha dó!

- O Homem é um bicho tão esquisito! Tá sempre procurando por respostas, mas não sabe nem por onde começar as perguntas! –



quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Os BLUES do Inventor do Vento

Georg Eisler, Jazz in Montana, 1994

            
            Mãe Nana falou: “Num é assim um Rolling Stone, mai mininu, tu já inventô bocadinhu de blues desde piá. E bem que ocê pudia bolá uma pleilista ae no youtúbio pra módi nóis se adiverti um poko nesses dia tão infame que ocorre”.
            Sempre obedecendo aos caprichos de Mãe Nana, escolhi 07 blues numa retrospectiva artesanal, que começa lá na banda Madame Satã, quando este cantador nem sabia aparar os bigodes, vai até a dupla lunática Barata Atômica & Formiga Nuclear, chegando aos atualmentes do Cavalgando o Vento (CoV).

                                                                                      *(Notas por Prof. Linduarte Cantor)

Sukie Jones: O adolescente deve de ser um primitivo, expressionando-se, por vezes, no gritedo das suas músicas. Foi assim com a ópera-rock “Pornô Cor de Rosa”, da banda Madame Satã, em 2002.


Pelos cinco mil alto-falantes: Garota, rua, uísque e violão: os segredos de um bom blues, existencialista. 2004.

O blues do cachorro magro: O anarquismo é a última salva-guarda da utopia. 2004.


Só quem me ama é a minha mãe: Uma homenagem da banda Madame Satã, Gravataí/RS, em 2004, a uma das mães do blues: Alberta Hunter (1895 a 1984).


Vocês vão ter que me aturar: Existem por aí muitos tricksters: Hermes no lombo do vento grego; Exu Legba mamando nas tetas da Mãe África; a Lebre e a aranha Anansi na savana dos leões depois que passa o Saara; o Rei Macaco voador de nuvens nas montanhas da China antiga; Tanuki, o guaxinim por dentro da túnica das gueixas japonesas; o Corvo, o Coiote procurados sem recompensa no velho Oeste pelo gaudério Pedro Malasartes. 2004.


Nana (Blues): Mãe Nana é a que teve 140 filhos e determinou o destino de cada um deles quando que os ia parindo ao som do blues do samba e do brega, suas paixões de toda uma vida, bem comprida, aliás. 2011.


História do Bugio na Selva de Pedra: Registro ao vivo em festival de cantadores que caminham sobre as águas e rolam no lodo dos rios Mississipi, Gravatahy e Guayba: Canções que nascem do barro. 2016.



sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Jimi "Guitarra Negra" Hendrix


Ouço meu trem chegando
(Jimi Hendrix / Tradução livre: Albani, o Inventor do Vento)

Ouço meu trem chegando
Ouço meu
Ouço meu trem chegando

Espero rodeando a estação
Esperando o trem certo
Pra me levar
Me levar
Me levar embora dessa cidade vazia
Oca vazia

Ruim pra dedéu
Tu não me amas mais, guria
Ruim pra dedéu
O povo daqui me chateia

Lágrimas me queimando
Rolando dos meus olhos
Rolando
Rolando da minha alma
Lágrimas queimando rolando
Meu coração

Ruim pra dedéu
Tu não me amas mais, guria
Ruim pra dedéu
Tu e eu temos que nos separar
Separar


Ouço meu trem chegando...

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A trilogia de Nana - Parte I: Blues

Grafiteiro Sumério, Ishtar, a estrela da manhã, 3000 a. C


                Quando uma deusa perde seus fiéis, ela deixe de ser imortal. Foi o que aconteceu com Nana, ou Ishtar, divindade na Antiga Mesopotâmia. Agora, não precisa ser babilônico ou assírio para meditar mais um pouco, no século XXI, sobre a fertilidade dos campos, as águas do Tigre e Eufrates, a sensualidade feminina, a maternidade.
            Sendo assim, o poema, em forma de carta, à ex-deusa, Nana, será entoado em três ritmos: o primeiro deles, nesta semana calorenta no Paralelo 30, será o bluesgrito primordial, lamento dos negros escravizados de cabo a rabo na América moderna.

Nana
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Nana, veja quantos livros na estante e você não leu
Quantos dos seus amantes você já esqueceu?
Nana, se ao menos eu tivesse um bom conselho...

Nana, quantos dias eu sequer pude olhar na tua cara
Mas quantas vezes mais, desesperadamente, precisei do teu sorriso?
Nana, se ao menos eu tivesse uma explicação...

Nana, fique com suas mentiras que eu fico com as minhas
Eu sei que você sabe que nossas vidas não são tão nossas assim
Nana, se ao menos eu sentisse saudade...

Nana, saiba que ainda te levo no peito
Para todo soldado cicatrizes são medalhas
Nana, se ao menos eu tivesse um bom motivo...

Nana, se um dia eu voltar a me enxergar nos teus olhos
Espero enfim reencontrar tudo aquilo que perdi
Nana, todo mundo leva um pouco dos outros consigo...

Nana, em quantas canções já ouvi o teu nome?
Mas nenhuma delas foi feita pra ti
Nana, se ao menos eu soubesse compor...

Nana, sei que o que todos querem é ser felizes
Mas não será este mundo pequeno para tantas felicidades diferentes?
Nana, se ao menos eu me calasse...
(Gravada no Carnaval de 2011, no Laboratório de Sons do Vento, com a participação da Amazona do Vento: Aline Albani).

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Blind Barata & Formiga McTell apresentam

Nikolai Kasatkin, Pobres recolhendo carvão de uma mina exaurida, 1894


Blind Barata & Formiga McTell apresentam:
Vocês vão ter que me aturar

Eu tenho tanta coisa pra falar
Eu quero botar logo pra quebrar
Por isso, garota, tá na hora de zarpar

Eu tento falar o que passa na minha cabeça
Mas minha cabeça não deixa eu falar
Eu tento entender esse mundo medonho maluco
Mas eu não consigo mais pensar
Eu sento na cama e fito a janela
Eu olho você e veja uma panela

Eu tenho tanta coisa pra dizer
Eu tenho mil motivos pra viver
E como vaso ruim não quebra, beibe
Vocês vão ter que me aturar

Eu tento falar o que passa na minha cabeça
Mas minha cabeça não deixa eu falar
Eu tento entender esse mundo medonho maluco
Mas eu não consigo mais pensar
Eu sento na cama e fito a janela
Eu olho você e veja uma panela


(Esta canção foi gravada durante a construção da Estrada de Ferro Gravataí-Cachoeirinha, no Vale do Rio Gravataí, em 1917. Os operários, muitos deles ex-escravos, cantavam o refrão em suas marchas e piquetes contra a empresa norteamericana de ferrovias Smokin´ Railroad. Blind Barata desapareceu em 1929, afirmam alguns que fora envenenado por uma ex-mulher enciumada, outros, que, milagrosamente, voltou a enxergar com a ajuda de São Gonçalo e partiu para Portugal cantar fados para os marinheiros. Formiga McTell se converteu à Igreja Batista e até hoje compõe hinos a Jesus Cristo, particularmente parafraseando o Sermão da Montanha e a carta de Paulo aos romanos).

Bob Dylan Blind Willie McTell


Blind Willie McTell Blues Around Midnight: 





sexta-feira, 8 de junho de 2012

Edward Hopper, Autômato, 1927

Corpus Christi – O corpo de Cristo
Eis a festa católica que celebra / o ritual da Eucaristia = A hóstia e o vinho / Nos cultos e Missas / Para lembrar aos esquecidos, tontos e infiéis da crucificação de Cristo. / No ano de 1243 / Em Liège, na Bélgica / A freira Juliana de Cornion / Conversou / Pessoalmente / Com Cristo / E este salientou / A importância que deveria ter / o ritual eucarístico / Assim em 1264 / O Papa Urbano IV / Consolidou a cerimônia / Entre toda a cristandade / Inclusive com data comemorativa – onze dias após o Domingo de Pentecostes / Quem escreveu / a liturgia / da Missa / de Corpus / Christi / Usada até hoje / Foi o famoso filósofo Santo Tomás de Aquino (1225-1274) / É a Idade Média / Ainda no encalço / Do / Mundo / Moderno. (Albani da Silva, 06.06.2012)

Garantiram pra mim que foi Santo Tomás de Aquino quem disse:
O ato mais específico da fortaleza, mais do que atacar, é aguentar, isto é, manter-se imóvel em face do perigo”. 
(Santo Tomás de Aquino, 30/05/1265)


Frazey FordOne more cup of coffee (Bob Dylan): Imóvel em face do perigo’ manteve-se Bob Dylan ao compor esta canção em 1976. Nela há uma poética descrição da beleza fascinante e singular de uma moça. Consegue isso, o poeta, sem sentir amor ou gratidão. Talvez porque ela nunca aprendeu a ler e a escrever / Não há livros em sua estante. (Albani da Silva, 06.06.2012)

Jorge Ben JorAssim falou Santo Tomás de Aquino: Ele falou muitas coisas mais, esse Tomás, lá de Aquino, na Itália.   

Dia dos Namorados é Dia de São Valentim. Mas qual São Valentim?!?
Quase todos os povos celebram / o casamento / o amor / a fertilidade / Os romanos antigos / louvavam / anualmente / Juno ou Hera / Na data em questão / Sorteava-se raparigas aos rapazes (?!?) / Já a Igreja Católica inventou / a sua / festa do amor / em 496 / quando / o Papa / Gelásio I / Instituiu o dia / 14 de fevereiro / em homenagem a São Valentim / O problema / é que / já naquela época / haviam / canonizado / diversos / Valentins / Todos viventes do século III d.C. / Um desses santos Valentins / foi um padre / que decidiu continuar realizando / matrimônios / mesmo depois de o / Imperador / ter proibido / casamentos / devido à guerra / Acabou / Morto. Outro Valentim / padre / também / foi preso / por seguir / o Cristianismo / quando esta / era religião proibida / pelo Império Romano / Este Valentim, ainda que preso / Embestou / De se apaixonar / pela filha / do carcereiro / E acabou / sendo / executado / Não sem antes / escrever / dezenas / de cartas / de / amor / em que assinava “do teu Valentim” (from your Valentine). / No Brasil, o 12 de junho é mais celebrado pelas lojas, comerciantes e amantes – do que o 14.02 / Mas até a Igreja / Desistiu de saber / De qual Valentim santificado estamos falando / E / Em que dia / O dito cujo / morreu. (Cupido, 06.06.2012)

The Rolling StonesSaint of me: 50 anos de Stones em 2012 / Desculpa esfarrapada / para Cavalgar o Vento / Com eles / Novamente / É que / nunca / farão / deles / uns santos / Ainda que João Batista / O Mártir / Atice / o ódio / de Herodes / E este atenda / Aos desejos / de Salomé / Servindo / Numa bandeja / A cabeça / Mal-passada / de / João. (Albani da Silva, 06.06.2012).
Milonga e Blues no Dia dos Sãos Valentins
É que enquanto houver paixões fracassadas, simplificando, paixões, o blues e a milonga sobreviverão em nossos corações:

Bebeco GarciaMeu coração não suporta mais:

Vitor RamilQuerência:

Bebeco GarciaEu já sei:
As duas desgraças do amor por Juan Carlos Onetti
Risso disse que sim e naquela noite, mirando até de manhã a luz do lampião da rua no teto do quarto, compreendeu que a segunda desgraça, a vingança, era essencialmente menos grave do que a primeira, a traição, mas também muito menos suportável. Sentia seu longo corpo exposto como um nervo à dor do ar, sem amparo, sem poder inventar-se um alívio”. (J. C. Onetti em “O Inferno tão temido”, nalgum dia entre 1933 e 1993).

05/06 – Dia Mundial do Meio Ambiente
Em 2000, a Bolívia parou quando as nações originárias quéchua e aimará tomaram as ruas de Cochabamba reivindicando seu direito à preservação da água como um bem público. Existem coisas que não podem virar mercadoria! A Avó Grilo nos conta esta história assim:

Avó GriloO mito da dona da água:

Cenair MaicáBalaio, lança e taquara: Acabaram com a indiada / Mas ninguém vai conseguir / Tirar do mapa / Da Geografia do Brasil / O nome dos rios, dos lugares que os índios batizaram / E também / A alma do índio continua viva / Seus costumes / Nós, os gaúchos, temos muitas heranças / O Brasil todo / E eu vou cantar o índio esse / Que anda pelas estradas / Vendendo balaio / E ele que construiu os Sete Povos Missioneiros. (Cenair Maicá, 1947-1989)

* E domando o Minuano que chega, enveredamos rumo ao Tenessi, sempre em busca de outro Arraial tipo Canudos!!!! Até Breve!!!! (Cavaleiros do Vento, 07.06.2012)