quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quando o Vento sorri (no campo e na cidade)

Juliana Negreiros, O abacateiro foi pro céu, 2009


Duas versões musicais para o poema “Quando o Vento sorri”: a versão roque rural, lançada no CD do CoV em 2013, com viola caipira e ajuda do Mick Oliveira no violão, e a versão na cidade mesmo, abril de 2015. Em nossas ficções o campo anda nervoso e a cidade bem Bhuda zen...

Quando o Vento sorri
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Lá vem o Vento!
O Vento
Que arrasta
Descabela
Destelha
E destampa

Lá vem o Vento!
Nordeste – Quente e Opressor
Sul – Melancólico e Gelado
De Finados – Soprando na cara o pó que viraremos

Já vem o Vento!
Loas às Tempestades!
Glória aos Furacões!
Lembranças a Hermes
Mercúrio – Exu – E a toda a Ventania

Só não venham
Agora
As brisas mansas
Marolinhas
E outras
Calmarias

Já está aqui o Vento!
E que mais nada fique
De pé então
Nem as árvores, nem os postes, nem os deuses
Nem o Amor
Nem os mastros das bandeiras
Nem as perucas das velhas
Nem as Ideias de Jerico

Sopra o Vento!
Voam pelos ares
Cadeiras
O lixo
Dança a
Sacola Plástica
A bola inalcançável
Já não faz mais a criança feliz
Nem o boné
Aperta os miolos
De mais uma Cabeça de Vento

Ri o Vento
Pois
Não
Nada Mais
Rebelde
Do
Que Ele.
(19.09.2012)


terça-feira, 7 de abril de 2015

Milonga para Rulfo e Onetti

Juliana Negreiros, A borboleta pousou em 2009


Cada vez mais pro inverno do que pro verão, os ventos do outono sopram e trazem consigo a “Milonga para Rulfo e Onetti”, 13ª música do CD do CoV, finalizado em 2013, e agora também disponível faixa a faixa no YouTube!


Acesse o canal Albani da Silva e ouça o Vento: https://www.youtube.com/user/AlbanidaSilva/videos 


Milonga para Rulfo e Onetti

Letra, música, violão, harmônica e voz: C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento
Violões e guitarras: Mick Oliveira, o Profeta do Vento
Bombo leguero, acordeão, baixo e teclados: Daniel “San”
Técnico de áudio: Luan Henrique
Produção: Cleiton Amorim
Gravada no Estúdio LACOS, Cachoeirinha/RS, entre julho de 2012 e agosto de 2013

O vento frio soprava lá fora
Na estrada gemiam os fantasmas
Ela saiu de Comala

O general mandava prender e matar
O doutor um jaleco branco puído usava
Ele esperando o trem chegar ao raiar do dia em Santa Maria

Pedro partia logo atrás, deixava o chão em chamas
Por que ela saiu de Comala?
Na garupa um vestido de xita dentro da mala

O circo chegava à cidade, trazendo Jacó e suas luvas de boxe
Indiferente ele esperando o trem chegar
Acendia outro cigarro pra lhe acompanhar

Deixemos o vento falar
Junto aos cadáveres Pedro seguia
No encalço da rústica camponesa que fugia pensando nos beijos do Dr. Díaz

El viento frio soplaba ahí fuera
En la ruta rechinaban los fantasmas
Ella salió de Comala

O general mandava prender e matar
O doutor um jaleco branco puído usava
Ele esperando o trem chegar...

A virgem grávida, o outro, os beijos
Deixemos o vento falar
Do campo santo em que gemiam os fantasmas
Suas memórias sobre as tardes e as noites em Comala



quarta-feira, 25 de março de 2015

Sarau "Pimenta Cor de Rosa" (final)

Johannes Vermeer, A leiteira, c. 1658


Nosso sarau sobre as mulheres no tempo chega ao seu bloco derradeiro de canções com:
     1)     Capitu (de Luiz Tatit, SP): Pra cantar a mais famosa personagem da literatura brasileira, a “morena dos olhos de ressaca”, Maria Capitolina Santiago, a Capitu, do livro “Dom Casmurro” (1899), de Machado de Assis (1839-1908);


     2)     Verônica (do C. A. Albani da Silva, este Inventor de Ventos): Pra cantar a história da incrível virada de mesa da desconhecida Verônica, na versão para piano e voz do Vento, claro, com a participação do Mick Oliveira arrepiando nos teclados;


     3)     Show das Poderosas (de Larissa Machado ou Anitta): Pra cantar a ousadia de muitas moças pós-modernas numa versão 1001 noites árabes com Vento!!!

segunda-feira, 16 de março de 2015

É de Maria que falo é pra Maria que canto

Mamica, Mãe do Inventor do Vento, c. de 1974



Esta é uma postagem extraordinária. Mas não é uma postagem de luto. Esta canção surgiu como uma resposta poética e histórica à impotência e à indignação, ainda durante a luta pela vida e pela saúde. Voltar ao seio da natureza é sair do nosso atabalhoado tempo histórico para entrar na serenidade do tempo infinito. Além do que, não há doença que possa ser maior do que a VIDA. Por isso é pra MARIA que canto!

É de Maria que falo é pra Maria que canto
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Se for segunda o bife é à milanesa
Ferve a lentilha que espanta a fome e a tristeza
Foi-se o domingo que começou na Cachoeirinha
Ou lá na barra do Tramandaí
Na tela o Silvio antes de um beijo de boa noite
A casa limpa pra receber a luz do sol
E colorir de artesanato o chão, a mesa
Pano de prato e o banheiro, com certeza
Ainda menina, cabelo ao vento, encaracolado
De campo e mata e de cascatas em Santo Antônio
Os 15 irmãos, o bergamasco com os pais e as tias
Tem pés na sanga e um medo louco de temporal
Desceu do morro pra esse vale cheio de indústrias
Seus olhos verdes viram a luz da noite elétrica
Aos 11 anos deixou a escola pra faxinar
A tantas casas que só a ela coube limpar

É de Maria que falo
É pra Maria que canto

Aos 19 foi operária de bola e latas
Para o azeite e a árvore dos Natais
Chegada a hora, na domingueira da Jovem Guarda
Um cara magro pegou seu braço e a levou pro altar
Corria rápido o mês nove de ´76
A ditadura rolando solta aqui outra vez
E a Maria, recém-casada, peregrinava
Atrás do lar que o manto da Virgem abençoava
Viriam logo os primeiros dias pela COHAB
Hoje incontáveis quanto os verões lá de Baunilha
Plenos de vento, de chocolate e maresia
Secreto amigo e de lambari, as pescarias
O primeiro filho veio no tempo das vacas magras
Isso que o esposo as madrugadas ele varava
Fazendo bombas e geringonças na metalúrgica
Ainda assim curaram a asma do pequenino
Em 09 anos chegava ao mundo o seu caçula
Naquele outono, 22, de utopia
Levá-los todos para o colégio de mãos dadas
É a merenda, feita com esmero, pra criançada
A história vai pro “digodieime”, pro futebol
Pintou o rock e outras formas de fantasia
Com namoradas, na faculdade, era sempre a Maria
A esperar, vigilante, pelo portão
Às vezes braba: fazer dos jovens homens feitos
Só pra sentir falta da infância deles depois
Mas não importa, o cafuné continuará
Nos pés, na alma, sempre que a gente precisar

É de Maria que falo
É pra Maria que canto

Teu amor é a flor do quintal
Tu és a flor do nosso quintal
Não há dor que murche o jardim
Pois o nosso amor não tem mais fim

É de Maria que falo
É pra Maria o meu canto



quarta-feira, 4 de março de 2015

Sarau "Pimenta Cor de Rosa" II: Deusa dos Orixás & Colar


Oyá Iansã, que rege tempestades e relâmpagos com vento, fogo e paixões do rio Níger

            Seguimos o ventoso sarau “Pimenta Cor de Rosa” em homenagem às mulheres no tempo. Nas canções abaixo, a sensualidade das e o amor pelas mulheres. Primeiramente, na releitura do ponto de terreira, “A Deusa dos Orixás”, imortalizado pela voz de Clara Nunes e revisitado no acústico maresia, Navegantes de 2014, pelo CoV, cantamos sobre um triângulo amoroso: retire os nomes de santos e ponha Ana, Marcelo e Adriano e a história será a mesma. Triângulos amorosos de verdade possuem a fórmula 2v + 1d = 2 x 0: dois varões mais uma dama = um casal feliz vezes um solitário chupando dedo na falta de coisa melhor, como manga, por exemplo. Segundamemente, a balada “Colar”, escrita pelo Inventor do Vento, C. A. Albani da Silva, em 2011, e terceira faixa do disco do CoV, lançado em 2013: poesia lírica para a beleza barroca duma brejeira rapariga de verão.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Sarau "Pimenta Cor de Rosa" I: Mulheres de Atenas & Adaga de Prata

Gaston Casimir Saint-Pierre, Diana e seus cães, c. 1900


                       Em busca de regalos e de justiça, o CoV apresentará no Mês das Mulheres (dia 08/03 é o dia internacional delas: uma reivindicação de mães operárias e comunistas que lutaram no século XIX pela liberdade de gêneros e pela igualdade social), o sarau temático “Pimenta Cor de Rosa”. Serão oito canções, aparecidas em duplas, semanalmente, refletindo sobre diferentes aspectos da feminilidade ao longo do tempo. Pra começar, um clássico da MPB, Mulheres de Atenas, composição de Chico Buarque de Holanda e do dramaturgo Augusto Boal, gravada originalmente em 1976, em releitura no acústico maresia do CoV, que uniu, mais uma vez, este Inventor do Vento e a Amazona ventosa: Aline. Esta balada trata do machismo na Grécia antiga, mas de uma forma onde todos os ouvintes, em qualquer época e lugar, se sentem gregos antigos, senão mesmo, machistas também. Completando a dobradinha, outro registro acústico e cheio de maresia da Praia de Baunilha, feito em fevereiro de 2014: Adaga de Prata. Letra e música de C. A. Albani da Silva, onde o poeta canta o mito da moça que decide morrer virgem por só encontrar maldade nos homens.

Mulheres de Atenas
Chico & Augusto, 1976
Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Vivem pros seus maridos
Orgulho e raça de Atenas

Quando amadas, se perfumam
Se banham com leite, se arrumam
Suas melenas
Quando fustigadas não choram
Se ajoelham, pedem imploram
Mais duras penas; cadenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Sofrem pros seus maridos
Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados
Elas tecem longos bordados
Mil quarentenas
E quando eles voltam, sedentos
Querem arrancar, violentos
Carícias plenas, obscenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Despem-se pros maridos
Bravos guerreiros de Atenas

Quando eles se entopem de vinho
Costumam buscar um carinho
De outras falenas
Mas no fim da noite, aos pedaços
Quase sempre voltam pros braços
De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas:
Geram pros seus maridos,
Os novos filhos de Atenas.

Elas não têm gosto ou vontade,
Nem defeito, nem qualidade;
Têm medo apenas.
Não tem sonhos, só tem presságios.
O seu homem, mares, naufrágios...
Lindas sirenas, morenas.

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Temem por seus maridos
Heróis e amantes de Atenas

As jovens viúvas marcadas
E as gestantes abandonadas
Não fazem cenas
Vestem-se de negro, se encolhem
Se conformam e se recolhem
Às suas novenas
Serenas

Mirem-se no exemplo
Daquelas mulheres de Atenas
Secam por seus maridos
Orgulho e raça de Atenas


Adaga de Prata
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Não me venha com serenatas
Acordarás assim a minha mãe
Ela dorme aqui bem do meu lado
Com uma adaga de prata no seu punho direito cerrado
Jamais serei a sua esposa

Os homens são todos falsos
Afirma mamãe e a sua adaga
Eles sempre usam as mesmas cantadas
E na primeira ocasião
Cortejam outra
Desapontando assim suas namoradas

Meu pai foi um desses demônios
Sempre tão encantadores
Com a sua corrente de ouro puro
Acorrentou o coração de muitas meninas

Portanto vá cortejar outra moça
Mais ingênua
Torça pra que ela se apaixone
Por ti
E sua corrente de ouro de puro

Pois eu
Eu não quero ser ferida
Decidi então
dormir sozinha pelo resto da vida

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

A trilogia de Nana - Parte 3: Samba

Mil escravos e um artista, O leão de Ishtar nos portões de Babilônia, 1800 a. C

            Quando uma deusa perde seus fiéis, ela deixe de ser imortal. Foi o que aconteceu com Nana, ou Ishtar, divindade na Antiga Mesopotâmia. Agora, não precisa ser babilônico ou assírio para meditar mais um pouco, no século XXI, sobre a fertilidade dos campos, as águas do Tigre e Eufrates, a sensualidade feminina, a maternidade.
            Sendo assim, o poema, em forma de carta, à ex-deusa, Nana, será entoado em três ritmos: o terceiro, e último, deles, nesta semana de Carnaval, será o sambafolia de Momo, arlequim e colombina, reinventada por Tias Ciatas e pelas batucadas nos morros cariocas após a Abolição e antes da Justiça social.

Nana
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Nana, veja quantos livros na estante e você não leu
Quantos dos seus amantes você já esqueceu?
Nana, se ao menos eu tivesse um bom conselho...

Nana, quantos dias eu sequer pude olhar na tua cara
Mas quantas vezes mais, desesperadamente, precisei do teu sorriso?
Nana, se ao menos eu tivesse uma explicação...

Nana, fique com suas mentiras que eu fico com as minhas
Eu sei que você sabe que nossas vidas não são tão nossas assim
Nana, se ao menos eu sentisse saudade...

Nana, saiba que ainda te levo no peito
Para todo soldado cicatrizes são medalhas
Nana, se ao menos eu tivesse um bom motivo...

Nana, se um dia eu voltar a me enxergar nos teus olhos
Espero enfim reencontrar tudo aquilo que perdi
Nana, todo mundo leva um pouco dos outros consigo...

Nana, em quantas canções já ouvi o teu nome?
Mas nenhuma delas foi feita pra ti
Nana, se ao menos eu soubesse compor...

Nana, sei que o que todos querem é ser felizes
Mas não será este mundo pequeno para tantas felicidades diferentes?
Nana, se ao menos eu me calasse...
(Gravada no Laboratório de Sons do Vento, um pouco antes do bloco passar, logo depois da Mangueira entrar na Avenida)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

A trilogia de Nana - Parte 2: Brega

Escultor da corte de Hammurabi, Máscara de Nana, 1780 a. C

                Quando uma deusa perde seus fiéis, ela deixe de ser imortal. Foi o que aconteceu com Nana, ou Ishtar, divindade na Antiga Mesopotâmia. Agora, não precisa ser babilônico ou assírio para meditar mais um pouco, no século XXI, sobre a fertilidade dos campos, as águas do Tigre e Eufrates, a sensualidade feminina, a maternidade.
            Sendo assim, o poema, em forma de carta, à ex-deusa, Nana, será entoado em três ritmos: o segundo deles, nesta semana de Iemanjá, a Nossa Senhora dos Navegantes, será o bregamalandragem sentimental, um pouco debochada, outro pouco desesperada, criação de uma arte brasileira feita para o povão, às vezes pelo povão, nos subdesenvolvimentos do nosso país.

Nana
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Nana, veja quantos livros na estante e você não leu
Quantos dos seus amantes você já esqueceu?
Nana, se ao menos eu tivesse um bom conselho...

Nana, quantos dias eu sequer pude olhar na tua cara
Mas quantas vezes mais, desesperadamente, precisei do teu sorriso?
Nana, se ao menos eu tivesse uma explicação...

Nana, fique com suas mentiras que eu fico com as minhas
Eu sei que você sabe que nossas vidas não são tão nossas assim
Nana, se ao menos eu sentisse saudade...

Nana, saiba que ainda te levo no peito
Para todo soldado cicatrizes são medalhas
Nana, se ao menos eu tivesse um bom motivo...

Nana, se um dia eu voltar a me enxergar nos teus olhos
Espero enfim reencontrar tudo aquilo que perdi
Nana, todo mundo leva um pouco dos outros consigo...

Nana, em quantas canções já ouvi o teu nome?
Mas nenhuma delas foi feita pra ti
Nana, se ao menos eu soubesse compor...

Nana, sei que o que todos querem é ser felizes
Mas não será este mundo pequeno para tantas felicidades diferentes?
Nana, se ao menos eu me calasse...
(Gravada no Laboratório de Sons do Vento, verão mormacento de 2015, após 06 cervejas quentes e um pastel com ovo numa lancheria com cheiro de óleo de cozinha no ar e uma moça me olhando na esquina dos seus olhos, Avenida Voluntários da Pátria, Centro de Porto Alegre/RS)

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A trilogia de Nana - Parte I: Blues

Grafiteiro Sumério, Ishtar, a estrela da manhã, 3000 a. C


                Quando uma deusa perde seus fiéis, ela deixe de ser imortal. Foi o que aconteceu com Nana, ou Ishtar, divindade na Antiga Mesopotâmia. Agora, não precisa ser babilônico ou assírio para meditar mais um pouco, no século XXI, sobre a fertilidade dos campos, as águas do Tigre e Eufrates, a sensualidade feminina, a maternidade.
            Sendo assim, o poema, em forma de carta, à ex-deusa, Nana, será entoado em três ritmos: o primeiro deles, nesta semana calorenta no Paralelo 30, será o bluesgrito primordial, lamento dos negros escravizados de cabo a rabo na América moderna.

Nana
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Nana, veja quantos livros na estante e você não leu
Quantos dos seus amantes você já esqueceu?
Nana, se ao menos eu tivesse um bom conselho...

Nana, quantos dias eu sequer pude olhar na tua cara
Mas quantas vezes mais, desesperadamente, precisei do teu sorriso?
Nana, se ao menos eu tivesse uma explicação...

Nana, fique com suas mentiras que eu fico com as minhas
Eu sei que você sabe que nossas vidas não são tão nossas assim
Nana, se ao menos eu sentisse saudade...

Nana, saiba que ainda te levo no peito
Para todo soldado cicatrizes são medalhas
Nana, se ao menos eu tivesse um bom motivo...

Nana, se um dia eu voltar a me enxergar nos teus olhos
Espero enfim reencontrar tudo aquilo que perdi
Nana, todo mundo leva um pouco dos outros consigo...

Nana, em quantas canções já ouvi o teu nome?
Mas nenhuma delas foi feita pra ti
Nana, se ao menos eu soubesse compor...

Nana, sei que o que todos querem é ser felizes
Mas não será este mundo pequeno para tantas felicidades diferentes?
Nana, se ao menos eu me calasse...
(Gravada no Carnaval de 2011, no Laboratório de Sons do Vento, com a participação da Amazona do Vento: Aline Albani).