Máscara
Rangda (espírito maligno feminino lá do Bali), Roubei de um antropólogo durante
um curso de extensão na USP, Até agora ele não percebeu, 2006.
Intro
Josué, 39, engenheiro químico, meu amigo, contou certa vez que seus anos têm 361 dias agradáveis e quatro dias
em que nada dá certo. Geralmente são os quatro dias de Carnaval. Ignorante quanto
à astrologia, semiótica, psicanálise ou parapsicologia o que me restou foi escrever
uma música: apenas pra sacanear o Josué - condenado a conquistar Canaã enquanto
todos os hebreus festejam a saída do deserto.
Marchinha Alegre, Cantiga Triste
(C. A. Albani da
Silva)
Refrão:
Tentei fazer uma marchinha alegre
Pra comemorar o Carnaval que vem
Mas só saiu esta cantiga triste
Repleta de mágoas, cheia de desdém
Fechei
as alas, pois ninguém passou
E
até o Zezé a cabeleira já cortou
Botei água na minha cachaça, cachaça na água
E ninguém tomou
Mãe, eu queria tanto a chupeta e fiquei
querendo,
Pois ninguém me deu
Perdi de vez a hora da aurora, nem fui
embora,
Nem o dia raiou
Minha espanhola nunca vira a Catalunha
Não tocava castanholas, nem pegava touro à
unha
Cheguei tarde às touradas de Madri
Fecharam os portões, não pude assistir
Na minha terra têm palmeiras onde canta o
sabiá
Mas aqui em casa só dá mesmo pardal e
araçá
Atrás do trio elétrico eu fui andando a pé
Não é que o dito cujo ele deu a marcha à
ré?
A canoa não virou, mas também não cheguei
lá
O que é que a baiana tem?
Tem caroço no angu, tem tico-tico no fubá,
Muitas contas pra pagar
O Imperador do samba foi deposto
E o frevo rasgado por inteiro remendado
Até esqueci aquela serpentina que a
colombina gorda
Havia jogado.