segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

A VIAGEM DOS TRÊS REIS MAGOS (para conhecer o Menino Jesus)


A VIAGEM DOS TRÊS REIS MAGOS (para conhecer o Menino Jesus)
Se aprochegue o leitor que eu vou te contar uma historinha. É dessas histórias dentro da História do cristianismo. Aconteceu num dia 06 de janeiro, que por isso virou o dia da Festa dos Santos Reis. E é tudo verdade, podem perguntar para o cantor Tim Maia e para o seu bode, bateram lá em casa com seu terno de reis, alguns anos atrás, tocando pandeiro com fita, sanfona e viola caipira, acordando a todo mundo.
Mas o que é isso? É a lenda que deu origem ao hábito de trocar presentes no Natal, que, por sua vez, é o aniversário do Profeta Jesus, lembram? Um jovem judeu que fundou uma nova religião, a religião cristã, há 2000 anos atrás: se vou falando assim é que o óbvio também precisa ser dito, pois nem todo mundo que ouve sempre consegue escutar a tudo bem direitinho. Mas eu dizia do Jesus, que era lá do Oriente Médio, quando a Palestina inteira era uma colônia do Império Romano.
Conta a lenda, ou São Mateus também nos conta, como queiram, os três sábios, ou magos, o leitor fique bem à vontade, visitaram o Menino Jesus que havia recém-nascido do casal Maria e José, na cidadezinha de Belém. Os sábios saíram do Oriente, talvez da Pérsia ou da Babilônia, já falaram até que tinham saído da Índia e da Arábia também, seguindo os ensinamentos do Profeta Miqueias, um profeta do Antigo Testamento da Bíblia que é o livro sagrado do povo hebreu, mais conhecido por judeu e que foi livro escrito bem antes de Jesus. Não se incomode o leitor com minhas obviedades, repito, sempre há um menino de bigode fino, ou uma moça recatada, mas muito curiosa, necessitando de uma ou duas lições nessa tal de internet.
Mas por que aquela estrela lá no pinheirinho de Natal, hein, esse moço ou sua namoradinha poderiam me perguntar... Essa estrela brilhante foi quem guiou os três viajantes. Mas ela teria sido um cometa pra brilhar mais do que as outras estrelas do firmamento? Uma nova ou uma supernova que são estrelas que se explodem a si mesmas no espaço sideral e brilham muito forte no Céu por muito e muito tempo ainda?
Há muita controvérsia sobre essa lenda, afinal nada mais controverso do que dois cristãos falando da sua fé, porque nessas horas, cada um quer ser mais cristão, mas entre os cientistas do céu, que são os astrônomos, também existem polêmicas. Por exemplo, foi em 1606 que o alemão Johannes Kepler disse: “A estrela que guiou os três reis magos até o Menino Jesus foi um raro encontro da luz do planeta Júpiter e do planeta Saturno com a constelação de Peixes”!
Bueno, na falta de uma boa luneta, avanço no assunto pra não ficar aqui empacando o amigo com polêmicas astrais, relembro, pois, ao leitor e à leitora, que os reis magos se chamavam Belquior, Baltasar e Gaspar, eles mesmos eram astrônomos também. Levavam consigo presentes ao Menino Jesus. Levavam ouro, incenso e mirra – este último um perfume feito de uma planta africana. Acreditavam que esse menino seria o novo rei dos judeus, por isso essa estrela anunciava então um período sagrado para o antigo povo hebreu...
Quando chegaram na grande cidade da Palestina, a cidade de Jerusalém, e contaram essa história que São Mateus nos conta até hoje, o governador local, chamado Herodes, rapaz, o bicho ficou indignado, como assim um rei mais poderoso do que ele? Por isso, cruelmente, mandou matar as criancinhas da região da Judeia, onde moravam muitos judeus. A sorte do Menino Jesus é que seus pais resolveram fugir antes da carnificina, desterrados, para o Egito, rumo à África, no lombo de um burrico, dum jumento, segue a liberdade opinativa do camarada que deitou os olhos nesse textinho, evitando assim, com o sagrado apoio do jumento/burrico, a desgraça da sagrada família.
Por sinal, caros amigos, esse jumento ganhou uma cruz no pelo do lombo desde então, ou desde que conduziu Jesus de volta a Jerusalém, quando Ele já ia avançado nos 30 e tantos anos de idade, já palestrante quase famoso, pouco antes de morrer e ressuscitar no domingo de Páscoa. O que interessa é que o pobre animalzinho virou santo no Nordeste do Brasil e segue carregando fardos importantes até hoje, pelo menos, para o trabalhador rural que motocicleta ainda não comprou.
Por fim, vou pros encerramentos desse meu discurso natalino, que uma história muito comprida pode cansar o leitor virtual, afinal, lá na Bíblia tudo é bem curtinho também e assim relembro a todos novamente: foi por causa dessa viagem famosa dos três reis magos que hoje trocamos presentes no Natal.
E você, meu compadre? Qual a viagem mais importante que você já fez? Qual o presente mais importante que você já deu para alguém? E qual o presente mais importante que já recebeu na tua vida?
Vuuuush
(Texto de c. a. albani da silva, o inventor do vento)

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Lançamento do livro OS 140 FILHOS DE MÃE NANA


Lançamento do livro OS 140 FILHOS DE MÃE NANA
33ª Feira do Livro de Gravataí/RS, 23.11.2019

Mãe Nana agradece a todos que dedicaram uma horinha da sua tarde de sábado, lindo sábado, para conhecer seus 140 filhos.
Uma plateia carinhosa e atenta de professores, ex-alunos, artistas e amigos acompanharam a entrevista e adquiriram seu livro.
E atenção, que a promoção com o kit do Inventor do Vento (3 livros + CD) continua, pra você presentear os amigos neste fim de ano. Peça o seu direto com o autor!
E como diz o amigo, e editor, Borges Netto, qual vai ser o próximo livro, Albani?
Vendo tanta gente querida e reunida assim por causa da minha literatura, das músicas, poesias e ficções, já estou doido para publicar o próximo mesmo.
Teatro? Romance? Crônica? Mais música? Aguardem porque vamos sempre CAVALGANDO O VENTO!
Vuuuush







































sábado, 9 de novembro de 2019

20º FESTIL – Esquete “Por dentro da ampulheta”


20º FESTIL – Esquete “Por dentro da ampulheta”

Hoje vou te contar um causinho sobre o RECOMEÇO.

Estou contribuindo com o Festil (Festival de Teatro Estudantil de Gravataí/RS) desde seu recomeço, em 2014. E, em 2019, o festival chegou à sua 20ª edição, sendo o festival de teatro estudantil mais antigo do Rio Grande do Sul, e é ali na escola, onde, geralmente, essa arte começa.

Porém, a minha sensação, a cada ano, é sempre a de RECOMEÇO. Partimos do zero, todo ano, lá por volta do mês de maio, rumo a algo imprevisível, misterioso, grandioso e, ao mesmo tempo, tão minúsculo, porque trabalho de formiguinha, que é se apresentar no Festil em novembro.

Embora dirigindo e escrevendo esquetes que mantêm uma linha autoral já reconhecida pelo público, entre o cômico, o filosófico, um tiquinho de poesia e trilhas sonoras inteiramente ao vivo, cada ano, tudo, ou quase tudo, parece novidade. Os erros e os acertos. Começando pelas oficinas para a seleção de atores, que nunca são competitivas, são sempre inclusivas: pois não importam as dificuldades de expressão ou de leitura da gurizada, o que precisa é ter gana pra encarar o palco, disposição pra respeitar a plateia, cabeça aberta e criatividade, tentando com isso eu mesmo aprender e tentando com isso eu mesmo ensinar um pouco pra eles sobre os fundamentos da linguagem teatral.

O recomeço prossegue nos intermináveis ensaios. Onde a repetição e a criatividade são coisas que, curiosamente, se misturam, e parece que nunca terminamos de ter novas ideias para enriquecer uma cena e um movimento. E parece que nunca conseguimos realizar todas as cenas e movimentos com a precisão idealizada.

O recomeço é ainda mais forte durante a dúzia de apresentações que fizemos antes do Festil, dentro da escola e fora, em outras escolas da cidade. Veja só, mesmo em 2019 eu tendo dirigido, pelo segundo ano consecutivo, um grupo de jovens que foi formado exclusivamente por alunos das TURMAS de ACELERAÇÃO da escola Alberto Pasqualini (do bairro Morada do Vale 2, onde trabalho há uma década), projeto este, a Aceleração de Estudos, em que os estudantes, com idade de Ensino Médio, ainda buscam recuperar suas defasagens, repetências e dificuldades nos anos finais do Ensino Fundamental, tudo, tudinho, me pareceu novidade e muito diferente do ano anterior. Em 2018 formamos o grupo de Teatro A Milhão, que apresentou a esquete “História do Bugio na Selva de Pedra”. Em 2019, formamos o Grupo de Saturno e os Cronólogos, bolando a peça “Por dentro da ampulheta”, mas não restando ninguém do grupo anterior, exceto quem viu a peça do ano passado e estava doido pra fazer teatro também pela primeira vez.

Porque são cerca de 4 meses de trabalho, em geral, dentro dos meus períodos de Ciências Humanas (História e Geografia) em que, a cada ano, como já disse, todo o elenco muda, os alunos se formam e se vão, raramente um ou dois ficando pro ano seguinte. Por isso, cada grupo tem uma nova identidade, um novo nome e um novo texto inédito e escrito, em grande parte, em cima do perfil do próprio grupo, e tem sido assim desde 2014. Então é sempre um eterno recomeço. E isso é bem trabalhoso, mas extremamente pedagógico e muito lindo também, eu diria.

O teatro me parece a mais efêmera das artes. No sentido de que ela se desvanece no ar quando encerra o espetáculo para só se materializar novamente em outra apresentação na semana seguinte. Diferente da música que ouvimos centenas de vezes uma gravação a qualquer hora ou lugar, ou os livros que, apesar de seus muitos inimigos, estão aí, conosco, resistindo, até hoje, desde as primeiras plaquinhas de barro de 3000 mil anos atrás dos iraquianos antigos.

Cada apresentação teatral é um novo recomeço, repito com gosto. É que as reações da plateia são sempre novas, a energia do dia ou do lugar transformado em palco se renova e precisa ser construída meticulosamente para atrair para nossa história a atenção de professores, crianças e adolescentes que, muitas vezes, está alheia ao nosso enredo, aos nossos propósitos, perrengues e incapacidades, como toda plateia só quer ver uma boa peça e pronto. Isso que apresentando em salas de aula e auditórios, construímos encenações e narrativas que, geralmente, pelas limitações técnicas, dispensam iluminação, cenários sofisticados, mesmo um palco, cortina e tablados. Entretanto, é esse clima de teatro mambembe, uma anárquica e rudimentar companhia saltimbanco é o que mais me agrada no fazer do teatro estudantil em escola pública a cada ano, que nunca se repete do mesmo jeito.

O sentimento dos próprios atores que dão vida aos personagens oscila e se renova semanalmente também. A máscara de cena que é tão bacana pra um, para outro, pode ser inconveniente, pois que esconde o rosto do ator. A piada que leva uns às gargalhadas, para outro, é boba ou até mesmo desnecessária. A trilha que é muito criativa, às vezes sai confusa ou parece fraca para outro espectador. Uns acham o texto genial porque doido, sem propor respostas logo de cara ao público. Outro detesta isso, porque não se entende nada.

Isso quando não pecamos pelo excesso de empolgação e euforia, esquecendo marcações e rubricas, mastigando o texto, perdendo o volume de voz. Ás vezes simplesmente travamos pela timidez, mesmo com dezenas de repetições, apresentações, exercícios, até yoga fizemos, mesmo com motivação tanto no coletivo quanto ao pé do ouvido, a cada roda de conversa após todos os espetáculos. Claro que nisso tudo entram as minhas falhas como diretor e professor que, a cada ano, se renovam sempre e mais também.

Mas a cada sessão com plateia é um outro tremendo recomeço. Se foi incrível, o desafio é repetir no mesmo nível de qualidade e intensidade, o que raramente acontece. Se foi fraco, temos que elevar a grandeza da encenação, conduzindo a plateia por momentos de sonho, fantasia, imaginação, riso e emoção, tudo ao vivo, numa atmosfera artesanal que só o teatro pode proporcionar.

Por fim, encerro destacando a renovação proposta pelos avaliadores (jurados) deste ano. Não sendo mais um festival competitivo, como já foi, o que eu acho muito melhor e correto para não desmotivar ninguém (ainda mais que outros motivos para desmotivar nunca faltam), todos os grupos participantes ganham troféus de destaque (além de diplomas e medalhas para cada aluno). Mas este ano, talvez identificando os grandes desníveis entre os diferentes grupos (e foram 25 se não me engano), envolvendo desde grupos mequetrefes e anárquicos, de escola, e falo, obviamente, do meu grupo, até grupos de escolas de teatro ou com teatro consolidado no currículo, com os melhores professores da cidade, nessa área, ou ainda grupos maravilhosos que se formaram em escola mas se estabeleceram como companhias independentes e que vêm amadurecendo juntos ano a ano, os avaliadores procuraram salientar muito mais a sensibilidade de cada espetáculo levada pro palco do SESC, enalteceram isso muito mais do que as questões técnicas (figurino, trilha, cenário, melhor ator, melhor direção etc).

O Grupo de Saturno e seus Cronólogos foi reconhecido pela DETERMINAÇÃO em cena. O que é muito lindo! Tremenda aprendizagem pros atores aprendizes, que, determinados podem mudar qualquer realidade, seja de tristeza, de injustiça, de pobreza, de desigualdade, sei lá, o que for, determinados, e claro, unidos. Além disso, um dos nossos protagonistas, o Luan, mesmo há mais de mês atuando com o braço quebrado, não faltou a nenhum ensaio sequer, caminhando boas pernadas pra chegar na escola. Ainda por cima, emendamos uma piada certeira depois que o braço quebrou: quando ele é atropelado pela atriz Letícia, futura namorada (em cena): “quebrou o cóccix, moço?”. “Não! Quebrei o braço, não tá vendo?”…

Assim como, mesmo chovendo rios, o grupo não deixou de estar às 08h em ponto na escola, prontinhos da silva e doidos de pedra pra se apresentar no Rincão da Madalena, no Morro do Côco e se tivéssemos conseguido transporte e tempo, no Alasca.

Pra acabar, os agradecimentos são muitos e sempre falta agradecer a alguém nessa jornada coletiva, solidária e cooperativa que é o teatro. Mas hoje agradeço a quatro pessoas em especial: a minha companheira Juliana Negreiros, também egressa do teatro estudantil, que meteu a mão e fez as máscaras do elenco, um desejo meu antigo para homenagear as máscaras gregas onde o teatro começou inventado pelo deus maluco chamado Dioniso; e, claro, para resolver os problemas da narrativa (Felipes jovens e velhos que se encontram e se embaralham no sonho da trama). Embora cética com minha ideia, em um primeiro momento, foi ela quem customizou as mesmas, encontradas ao acaso num bazar em Balneário Pinhal e no número exato que precisávamos, quinze máscaras; agradecer ao prof. Dionatan Rosa, que viu a peça duas vezes, nos ensinou bastante e propôs muitas melhorias ao espetáculo; à Izabel Cristina, que coordena o Festil desde 2014 sempre com a postura altiva e nobre da jovem dama do teatro que ela é; e à Viviane Juguero, uma das três avaliadoras e que, bicho, me presenteou com seu livro LACATUMBA. Então ´bora estudar, ler e aprender que ano que vem recomeça tudo de novo outra vez!

Dedico este texto aos Cronólogos: Letícia (Lelê), Bruno (galã), Cauan, Daniel, Eric, João, Júlia, Luan, Matheus, Yorran.

As fotos são da Prefeitura de GVI, da Juliana Nunes e da Janice Soares.

Vuuuush