domingo, 25 de novembro de 2018

Feira do Livro de Gravataí 2018




Fiquei faceiro pra dedéu
Com a boa surpresa
Deste final de ano:
Inesperadamente
Assim assim mesmo
(Quase fui de chinelo de dedo!)
[Acreditam?]
A equipe da Feira do Livro de Gravataí
Me convida pra ser o autor homenageado!
A Feira nasceu junto comigo, em 1986
Já são 32 primaveras
E como este ano o tema é
Letra(s) & Músicas
O pessoal insistiu em ver algum valor
No meu modesto cancioneiro...
Componho desde antes de ter bigodes
Quando cantava (na real, gritava!)
Roque enrow com a banda Madame Satã
Depois fui lecionar na escola pública
(Há dez anos venho
Tenteando iniciativas de arte-educação
Com a gurizada da periferia trabalhadeira)
E desde 2012 reúno meus livros
(São dois impressos e outros 1000 na cachola)
Assim como, centenas de canções ventosas
Reunidas, dizia
No projeto
CAVALGANDO o VENTO (CoV)
Minha arte sempre foi feita de forma independente & artesanal
Anarquicamente estruturada em:
(Será isso possível?)
Multiplicar a sensibilidade humanista
Através do lirismo, do bom-humor, da crítica social;
Romper os diques da criatividade
Da invenção de símbolos e personagens
Experimentando todas as linguagens que
Posso encontrar em livros pra ler e aprender:
Canções, poesia e ficções!
Pra ventilar o Inferno geral
Em que estamos metidos
Pra ensinar, desaprender
Trançar balaios de mentirinha
Ao mesmo tempo que experimentamos
Novas técnicas pra pegar jacaré
Na Praia de Baunilha
Ou pescamos peixes-gravatas
Que meu amigo imaginário
O Pégaso de Pau
Jura que viu no rio Gravatahy.
(Daí que alguns amigos
Me apelidaram de
Inventor do Vento!)

Sendo assim
Te convido pra curtir a Feira
De cabo a rabo
Lembrando que

TERÇA (27/11, 20H) participo do SARAU VOADOR
QUARTA (28/11, 19H) vou lá aplaudir a patrona Fernanda Takai, 
na abertura oficial do evento
SÁBADO (01/12, 14H) meu grupo de teatro estudantil apresenta a peça 
A HISTÓRIA DO BUGIO NA SELVA DE PEDRA.
Tudo grátis!
(Menos os livros, claro)
[Tóin, óin, óin]

Pretendo agradecer à
Generosa homenagem
(Conheci, certa vez,
Uma moça chamada Generosa...
Tão tímida e tão teimosa
Ao mesmo tempo)
Fazendo o que sei:
Por isso, meus livros
Estarão à disposição do público
Na banca do Clube Literário
Acompanhados de PEN DRIVE
(EDIÇÃO LIMITADA)
Com todas as 73 músicas que integram
A obra CONTOS pra CANTAR!
Garante o teu, pois que
Nem o Vento vive só de vento.

Vuuuuush
C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento

quarta-feira, 14 de novembro de 2018

BALADA DAS COISAS SEM IMPORTÂNCIA



Um amigo me disse que se sente vivendo na Idade Média: Com medo do Tribunal da Inquisição e dos novos Reis Taumaturgos.
Recomendei a ele a leitura dos poetas goliardos. Eles eram poetas malditos na Idade Média, muitas vezes padres medievais que preferiam a taberna do que a batina.
O mais famoso deles foi FRANÇOIS VILLON, que viveu no século XV. Talvez ele tenha sido o último poeta medieval e o primeiro poeta moderno. Não sei. Agora cabe ao meu amigo ler.
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BALADA DAS COISAS SEM IMPORTÂNCIA
François Villon, 1431 a 1463
1. Conheço se há moscas no leite, Conheço pela roupa o homem, Conheço o tédio e o deleite, Conheço a fartura e a fome, Conheço a mulher pelo enfeite, Conheço o princípio e o fim, Conheço pela chama o azeite, Conheço tudo, menos a mim. 2. Conheço o gibão pela gola, Conheço o rico pelo anel, Conheço o fiel pela sacola, Conheço a monja pelo véu, Conheço o porco pela tripa, Conheço o irmão pelo latim, Conheço o vinho pela pipa, Conheço tudo, menos a mim. 3. Conheço a mula e o cavalo, Conheço o carro e a carreta, Conheço a galinha e o galo, Conheço o sino e a sineta, Conheço a flor pelo talo Conheço Abel e Caim, Conheço o pote e o gargalo, Conheço tudo, menos a mim. 4. Oh! Senhor Príncipe, te ofereço tudo que eu conheço E eu conheço tudo em suma, Conheço o branco e o carmim, E a morte que o fim consuma. Conheço tudo, menos a mim.
Tradução por Ferreira Gullar, 1930 a 2016
Música por Inventor do Vento, C. A. Albani da Silva, 2016.