domingo, 30 de março de 2014

Por enquanto: 100 postagens

Luh Moraes, Olhos de Medusa, 2014



Por Enquanto I

Por enquanto,
não sei se te chamo pelo sobrenome: que diz de onde veio, mas não pra onde vai;
pelo teu segundo nome: que sucede o primeiro, e que tu não gostas, pois foi ideia da tua mãe em homenagem ao teu pai;
ou até por aquele apelido que outro alguém inventou
e que eu gostaria de ter inventado
antes.
Mesmo assim, vou te chamando: 
por enquanto.
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)


Por Enquanto II

Por quanto devo esperar
Esse “por enquanto” passar?
Na verdade não devo.
Mas por enquanto, espero.
(Nátali S., aquela que diz que o Vento suplica por poesia)


Por Enquanto III

Por enquanto, a gente só tenta: sem deixa, nem queixa;
com o tempo a gente monta um jeito, uma rota.
Por enquanto, a gente observa: o espaço, as nebulosas; se acabar o tempo, a gente pausa.
(Mari G., Windy Mary Ann)


Enquanto por... I

Enquanto por ali cem soldados se armam para a guerra
Aqui, de olhos arregalados, eu pareço a Lua e sua irmã gêmea, que voam altas
Em todo canto há um músico que troca as arrebentadas cordas de seu violão.

Enquanto por lá o piquete fecha uma fábrica
Aqui ela olha pro teto e enxerga o forro da casa de alvenaria e lembra da casa quando não tinha forro e ela, pequenininha, não trazia amores no peito e assim conseguia dormir
Em toda rua, avenida, bandeiras conduzem gentes: formigueiro de ideologias.

Por enquanto, o mundo ali fora segue mundando: como que na corda bamba de um circo em que a corporação dos palhaços disputa com o solitário domador de leões a gerência da empresa
Aqui, nem ela, nem ele, ouvirão som algum que não seja a voz um do outro.
Não dormem, embora devam... Queiram
Por enquanto, em qualquer lugar, um padre cansado badala o sino das três da tarde junto com o das três da manhã.
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)


Questionário da vida

Imaginar Reimaginar
Pensar Repensar
Criar Recriar
Fazer Refazer

Fazer? Por que eu?
Imaginar? De que adianta?
Criar? Por que não esperamos eles fazerem?
Pensar? Para quê?

Perguntas simples
Respostas rápidas
Muitos opinam
Poucos perguntam.
(Juliano Maciel Vargas, estudante do 9º Ano da EMEF Alberto Pasqualini, Gravataí/RS)


Goofy Blues -10 anos de Rock n´Roll em Gravataí: Não apenas o CoV está em festa com suas 100 postagens, mas a banda Goofy Blues celebra no mês de Maio dez anos de estrada!!!! Parabéns e long live rock n´roll!!!


Goofy Blues  Depois (Nossa história):


         A Goofy Blues é contemporânea da maior banda da galáxia: a MADAME SATÃ, banda em que este Inventor do Vento começou sua carreira de cantor e compositor.

Leia mais sobre a MADAME SATÃ na postagem do dia 20.07.2013

E ouça aqui:

sexta-feira, 21 de março de 2014

A Menininha Ventosa e o Esqueleto

leonaM, O Esqueleto, Março de 2014

O Esqueleto

(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

O Esqueleto subiu no palco
e começou a bailar
Não agradou lá muito a platéia
pois sua bunda era pouco carnuda

O Esqueleto foi a uma festa
Botou seu traje de luto
Pois, você sabe, roupa de gala,
para o Esqueleto, é paletó de defunto!

O Esqueleto foi bater raio-X
Ofereceram cafezinho, ele não quis
Sabe ele muito bem, que o café faz mal pro coração
Sim, sim, hoje em dia não é mais o Amor, não!

O Esqueleto sentiu-se tão sozinho
Comprou um cachorro e encheu de carinho
Um dia pegou no sono, o cachorro esqueceu quem era o seu dono
Enterrou-o no jardim
Pobre esqueleto, enfim!

Quando vivia só, vivia em paz
Mas veja o que uma má companhia faz!

CoV  A Menininha Ventosa e o Esqueleto  (2014): 

CoV  O Esqueleto  (2012): 


CoV  O Esqueleto  (2013): Ao vivo no Estúdio LACOS Bar, Cachoeirinha/RS, em 14.12 de 2013, no lançamento do CD "Cavalgando o Vento". Registro amador do Ventoso amigo Francisco Castro.







sexta-feira, 14 de março de 2014

OBSECO MC

Emile Bernard, A colheita do trigo, 1888

O vento brisa o pensamento
(OBSECO MC)

Por quê?
Será que sou inocente demais?
Ao ponto de ser visto não um homem
E sim um rapaz
O tanto que eu fiz o tanto que eu faço
Em meio a tantas lamentações
Eu só me embaraço e pergunto
Todos os dias
Será que ser honesto, correto
Faz de mim um cara tão incorreto?
Minhas forças estão a se esgotar, mas desistir é inútil
Às vezes, os buracos são tão profundos que me tampam até a cabeça
Passam dias, semanas, até que eu esqueça
O tempo passa e nunca volta
Quanto mais só eu sou mais só eu fico
Uma aproximação, meia-dúzia de palavras
E uma decepção
Tantas palavras foram ditas
Mas alguma fez efeito?
Fez?
Não sei
Só sei que isso tudo
Tá sendo uma loucura
Onde nem as pronúncias têm o efeito de parecer uma denúncia
Se for parar pra pensar eu já me acho um espinho
Onde as rosas, ao meu redor, morrem
E novamente eu volto a ser sozinho
O vento leva as folhas
E o pensamento cobra

Erradas escolhas 


quinta-feira, 6 de março de 2014

Me alugo para sonhar

Kasimir Malévitch, Três Meninas, 1928 a 1932


Me alugo para sonhar
(Um dos “12 Contos Peregrinos”, 1992, de Gabriel García Márquez, 1928)


1.     “Eu me alugo para sonhar”.
Na realidade, era seu único ofício.
Havia sido a 3ª dos 11 filhos de um próspero comerciante da antiga Caldas, e desde que aprendeu a falar instalou na casa o bom costume de contar os sonhos em jejum, que é a hora em que se conservam mais puras suas virtudes premonitórias”.
(Sobre a mulher que tinha sonhos premonitórios)

2.  Movia-se através das pessoas como um elefante inválido, com um interesse infantil pelo mecanismo interno de cada coisa, pois o mundo parecia, com ele, um imenso brinquedo de corda com o qual se inventava a vida.
(Sobre o poeta Pablo Neruda, 1904 a 1973)

3.     Não se impressionou, porém, pois sempre havia pensado que seus sonhos não eram nada além de uma artimanha para viver. E disse isso a ela.
(Neruda sobre a mulher que previa o futuro)

4.    “Sonhei com essa mulher que sonha”.
(Outra vez o poeta Neruda sobre a moça dos sonhos)

5.     “Sonhei que ele estava sonhando comigo – disse, e minha cara de assombro a espantou. – O que você quer? Às vezes, entre tantos sonhos, infiltra-se algum que não tem nada a ver com a vida real”.
(Disse a mulher sobre o poeta)

6.      – Em termos concretos – perguntei, no fim -, o que ela fazia?
- Nada – respondeu ele, com certo desencanto. – Sonhava.
(Perguntou Gabriel ao embaixador de Portugal em Cuba).


Maria RitaA Festa  (2012): Esta vai pra Rita, que ouviu, digo, leu o Vento quando seu sopro já estava virando Marolinha.