sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Saiu o disco do CoV

Albani, Luan, Mick e Cleiton, Estúdio LACOS Bar, 26/11/2013


Camaradas do Vento,

já está à disposição de todos o disco do CoV!!!!
Entre em contato com a gente e garanta o seu:

(51) 9678 7681

Lançamento oficial: 14/12 no Estúdio LACOS Bar em Cachoeirinha/RS.
Com a participação especial do Alemão Cristiano na bateria, integrante da banda Madame Satã, e outros convidados especiais!!!!

Garanta seu lugar confirmando presença antecipadamente!!! Escreve, liga pá nóis!!!!!

Que os Bons Ventos soprem...
(Inventor do Vento)

...para a Aline, Amazona, toque feminino em meio à máscula Ventania;
para o Mick, Profeta com as seis cordas de sua guitarra; e que fez duma viola caipira autêntico sitar indiano;
para a viola caipira do Albani, que faz o Vento sorrir;
para o Cleiton, produtor, embora a grana fosse curta a gentileza foi comprida;
para o Luan, Don Juan do século XXI, técnico de som quando as mulheres lhe dão folga;
para os verões de 2011 e 2012 que tantas belas canções inspiraram ao Albani;
para os Clubes Literários de Gravataí e Cachoeirinha, que acolheram o Vento em meio às Letras;
para o FUCCA (Fundo da Cultura de Cachoeirinha/RS) e todos os instrumentos e/ou espaços públicos de educação e cultura: coletes salva-vidas para o que não é modinha;
para El “Che” Guerrillero, o Velhoster do Albani, que serviu de transporte básico durante as sessões de gravação;
para o Chico, que antes de cantar em “Canção Pra Todo Mundo” discutiu com o Albani sobre o marxismo e sobre Cuba nas escadarias do Estúdio;
para a Heigli, que fez o coro em “Guria (Chuva Caindo)” e papeava com o Albani enquanto o Cleiton não vinha;
para a Aline, esposa do Cleiton, que faz um crepe danado de bom;
para o Lucas, que sempre me chama de Isalino;
para a Fernanda Estevão que tem um gogó de ouro, como se ouve em “Pontos de Vista”;
pro Chris Mithra, que cantou no baião “Diga Cá” e trouxe consigo o Silvio Santos pra participar também;
pro Amaro Flores Castilhos, poeta, e seu “A primavera triste dos homens”: baita poema;
pro sax do João; e os 1001 instrumentos do “San”;
pra sinusite, que mal-tratou o Albani mais do que algumas raparigas;
para o Brasil: suas mazelas e possibilidades de redenção, ao fim e ao cabo, é sobre o Brasil esse disco;
para todo leitor e ouvinte do Vento;
para os familiares, amigos e estudantes do videoclipe de “Guria (Chuva Caindo)” e além-mar, outros mundos, dimensões, pelo cosmos;
para quem eu esqueci de lembrar, que porventura pode ser gente importante;
e para mim mesmo, o Albani, Carlos Adriano Albani da Silva, Dido/Bido pra alguns também, professor de História nas horas vagas: Inventor do Vento nas horas ocupadas.
(Novembro de 2013)

CoV Guria (Chuva Caindo):

CoV Despetalada Rosa:




CoV Até Breve:

CoV O Esqueleto:


Quando o Vento sorri
(Letra de C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento
Música de Albani e Mick Oliveira)

Lá vem o Vento!
O Vento
Que arrasta
Descabela
Destelha
E destampa

Lá vem o Vento!
Nordeste – Quente e Opressor
Sul – Melancólico e Gelado
De Finados – Soprando na cara o pó que viraremos

Já vem o Vento!
Loas às Tempestades!
Glória aos Furacões!
Lembranças a Hermes
Mercúrio – Exu – E a toda a Ventania

Só não venham
Agora
As brisas mansas
Marolinhas
E outras
Calmarias

Já está aqui o Vento!
E que mais nada fique
De pé então
Nem as árvores, nem os postes, nem os deuses
Nem o Amor
Nem os mastros das bandeiras
Nem as perucas das velhas
Nem as Ideias de Jerico

Sopra o Vento!
Voam pelos ares
Cadeiras
O lixo
Dança a
Sacola Plástica
A bola inalcançável
Já não faz mais a criança feliz
Nem o boné
Aperta os miolos
De mais uma Cabeça de Vento

Ri o Vento
Pois
Não
Nada Mais
Rebelde
Do
Que Ele.
(19.09.2012)

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Encantamento Eterno

Artemisia Gentileschi, Judith e Holofernes, 1612 a 1621


Ela não sabia mais o que queria
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Durou somente um dia
Mas foi o dia mais longo da sua vida
Até então ela sempre soube o que quis
Mais ou menos o que todo mundo quer:
Saúde
Casar bem
Formar-se
Um bom emprego
Mandar mais do que obedecer
E
[...]
Ser feliz.
Porém naquela manhã
Ela acordou com a sensação
De que não sabia mais o que queria
Debruçou-se sobre os livros da faculdade
Pela primeira vez estava lendo a sério
Mas os livros não diziam coisa com coisa
Eram só passatempo
Procurou então sua mãe
De um modo geral, as mães sempre sabem o que os outros querem
À beira dos 70, a senhora desabafou:
“Eu já não quero é mais nada desta vida
Vire-se, minha filha! Vire-se!
Quando eu tinha a sua idade, não fazia o que queria
Mas o que podia”.
Carente, Doralice caminhou até a esquina
Lá se encontrou com o vento
Não era assim um ventão...
Estava mais pra ventinho
Olhou no fundo dos olhos dele: e não viu nada
Ficou um pouquinho mais
Tascou-lhe um beijo que quase lhe quebrou os dentes
Entre abraços e mordidas percebeu que anoitecera
Pediu licença e partiu
O ventinho ficou ali
Assobiando melodias que ele mesmo inventava
Sem querer, Doralice chegou ao centro espírita kardecista
Que frequentava quando ainda sabia o que queria
Afinal, os espíritas têm resposta pra tudo
Mais até do que os próprios cientistas
“As coisas têm o seu tempo, Doralice
Chegou a sua hora de perder a hora
Sabe como é
Sempre tem um dia na vida em que a gente dorme mais do que a cama”.
Brancosamente o médium refletiu.
Ainda sem saber o que queria, mas um pouco menos confusa
Dora entrou no ônibus
Foi quando o noivo ligou:
“Hoje vamos comer sushi”.
“Oba! Adoro temaki”.
“Prefiro só o sashimi”.
“Também”.
E assim ela soube o que queria:
Comer sushi.

Graças ao bom deus, criador do Céu, da Terra, capitalismo e democracia, a felicidade hoje está à disposição de todos ou quase: em praça pública, nos mercados (com bons preços, aliás, parceláveis no cartão).


Cavalgando o VentoVerônica (2011): Toada caipira para o século XXI: uma singela homenagem do Inventor e da Amazona do Vento a todas às Verônicas do Brasil (de ambos os sexos e além).



João GilbertoDoralice (1958): 


The Rolling StonesLies (1978): 



Eu, Mariana, que devia um texto
(Mariana Pereira Gama*)

Qual é a bola da vez?
Qual o hit enjoado?
Produto enlatado pro freguês
Em pouco tempo esgotado

Como ainda não cansaram?
Sempre os mesmos tons pasteis
Praticidade, eles disseram
Assinaram todos os mesmos papeis

Estremecedor esse silêncio
Essa imagem congelada
Onde tudo vem programado
Onde a reflexão é barrada.
(Mari G. é ex-aluna da EMEF Alberto Pasqualini, Gravataí/RS, atualmente trabalha em uma fábrica de pára-quedas voltada aos anjos que, já sem asas, vivem despencando dos céus).


Chá Chá Chá do Antropólogo
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Gente bamba
Gente branca
Gente bunda
Gente blues
Gente gente
Bamba e branca / Bunda Blues
Chá
Chá
Chá.

Engenheiros do Hawaii3ª do Plural (2001): 


The Rolling StonesFar Away Eyes (1978): 

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Consciência Negra

Antônio Parreiras, Zumbi dos Palmares, 1927

Sou Negro
(Poema de Solano Trindade / Música de C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

A Dione Silva

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh´alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou


Na minh´alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...  
Francisco Solano Trindade (1908-1974): Nascido no Recife-PE. Filho de sapateiro. Maior poeta negro que o Brasil já conheceu. Também ator, pintor. Morou no RJ e em SP. Idealizou o 1º Congresso Afro-Brasileiro e em 1945 ajudou a fundar o TEN (Teatro Experimental do Negro). Nunca deixou de realizar oficinas para operários, estudantes, desempregados. O poema “Tem gente com fome” do livro “Poemas de uma vida simples” (1944) foi censurado pela ditadura do Estado Novo: talvez Getúlio Vargas e os seus não levassem a sério esse negócio de vida simples nem nunca tenham passado fome... Nos anos 1950 fundou o TPB (Teatro Popular Brasileiro). E, em 1955, criou o grupo de dança Brasiliana. 
(Fonte: “Para entender o negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos” de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, 2006). 


Ney MatogrossoTem gente com fone (1979): 


Bob DylanBlind Willie McTell (1993):  

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A deusa de todas as mitologias

Oswald Wirth, A Imperatriz, 1927

Agradecimento
(Wislawa Szymborska, 1923-2012)

Devo muito
aos que não amo.

O alívio de aceitar
que sejam mais próximos de outrem.

A alegria de não ser eu
o lobo de suas ovelhas.

A paz que tenho com eles
e a liberdade com eles,
isso o amor não pode dar nem consegue tirar.

Não espero por eles
andando da janela à porta.
Paciente
quase como um relógio de sol,
entendo o que o amor não entende,
perdoo,
  o que o amor nunca perdoaria.

Do encontro à carta
não se passa uma eternidade,
mas apenas alguns dias ou semanas.

As viagens com eles são sempre um sucesso,
os concertos assistidos,
as catedrais visitadas,
as paisagens claras.

E quando nos separam
sete colinas e rios
são colinas e rios
bem conhecidos dos mapas.

É mérito deles
eu viver em três dimensões
num espaço sem lírica e sem retórica,
com um horizonte real porque móvel.

Eles próprios não vêem
quanto carregam nas mãos vazias.

“Não lhes devo nada” –
diria o amor  
sobre essa questão aberta.
(Do livro “Poemas”, tradução de Regina Przybycien, 2011)


LAN-HOUSE NOS CAMPOS ELÍSEOS
Direto de uma lan-house nos Campos Elíseos, Italo Calvino (1923-1985) enviou o seguinte e-mail:

“Caro Albani, lendo tuas postagens no “CoV” lembrei-me de minhas próprias palavras em “Amor longe de casa”, do livro “Um general na biblioteca” (1993). Assim escrevia eu, com uma menina na cabeça: [...] havia entre nós aquilo que se diz ser amor, esse rude descobrir-se e procurar-se, esse áspero sabor um do outro, sabe como é, o amor. [...] Tristeza e solidão dos novos amores, tristeza e saudade dos velhos amores, tristeza e desespero dos amores futuros. [...] Se sentia um vazio por dentro e ela disse: ‘É que nem quando você me beija´.

Aqui no céu, caro Albani, já não se pode fazer essas coisinhas boas aí da Terra".
Calvino – 5773 anos desde a criação do mundo.  
(Publicado originalmente na postagem de 15/03 de 2012)

Gazel I
Do amor imprevisto
(Federico-García Lorca, 1898 a 1936)

Ninguém compreendia o perfume
da escura magnólia do teu ventre
Ninguém sabia que martirizavas
entre os dentes um colibri de amor

Mil cavalinhos persas dormiam
na praça com luar de tua fronte,
enquanto eu enlaçava quatro noites
tua cintura, inimiga da neve.

Entre gesso e jasmins, o teu olhar
em um pálido ramo de sementes.
Eu procurei, para dar-te, em meu peito
as letras de marfim que dizem sempre,

sempre, sempre: jardim de minha agonia,
teu corpo fugitivo para sempre,
o sangue de tuas veias em minha boca,
tua boca já sem luz para minha morte.
(Publicado originalmente na postagem de 13/07 de 2012)

Yanto LaitanoMeu amor


Yanto LaitanoEu não sou daqui


Yanto LaitanoA Equilibrista



P.S.:  A Imperatriz - Terceiro Arcano Maior no Tarot de Marselha e no Tarot cabalístico: Gimel.