Antônio Parreiras, Zumbi dos Palmares, 1927
Sou Negro
(Poema de Solano Trindade /
Música de C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
A Dione Silva
Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh´alma recebeu o batismo dos tambores atabaques,
gonguês e agogôs
Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor
de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.
Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso
Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou
Na minh´alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...
e o desejo de libertação...
Francisco Solano Trindade (1908-1974): Nascido
no Recife-PE. Filho de sapateiro. Maior poeta negro que o Brasil já conheceu.
Também ator, pintor. Morou no RJ e em SP. Idealizou o 1º Congresso
Afro-Brasileiro e em 1945 ajudou a fundar o TEN (Teatro Experimental do Negro).
Nunca deixou de realizar oficinas para operários, estudantes, desempregados. O
poema “Tem gente com fome” do livro “Poemas de uma vida simples” (1944) foi
censurado pela ditadura do Estado Novo: talvez Getúlio Vargas e os seus não
levassem a sério esse negócio de vida simples nem nunca tenham passado fome...
Nos anos 1950 fundou o TPB (Teatro Popular Brasileiro). E, em 1955, criou o grupo
de dança Brasiliana.
(Fonte: “Para entender o negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos” de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, 2006).
(Fonte: “Para entender o negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos” de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, 2006).
Ney Matogrosso – Tem gente com fone (1979):
Nenhum comentário:
Postar um comentário