quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Consciência Negra

Antônio Parreiras, Zumbi dos Palmares, 1927

Sou Negro
(Poema de Solano Trindade / Música de C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

A Dione Silva

Sou Negro
meus avós foram queimados
pelo sol da África
minh´alma recebeu o batismo dos tambores atabaques, gonguês e agogôs

Contaram-me que meus avós
vieram de Loanda
como mercadoria de baixo preço plantaram cana pro senhor de engenho novo
e fundaram o primeiro Maracatu.

Depois meu avô brigou como um danado nas terras de Zumbi
Era valente como quê
Na capoeira ou na faca
escreveu não leu
o pau comeu
Não foi um pai João
humilde e manso

Mesmo vovó não foi de brincadeira
Na guerra dos Malês
ela se destacou


Na minh´alma ficou
o samba
o batuque
o bamboleio
e o desejo de libertação...  
Francisco Solano Trindade (1908-1974): Nascido no Recife-PE. Filho de sapateiro. Maior poeta negro que o Brasil já conheceu. Também ator, pintor. Morou no RJ e em SP. Idealizou o 1º Congresso Afro-Brasileiro e em 1945 ajudou a fundar o TEN (Teatro Experimental do Negro). Nunca deixou de realizar oficinas para operários, estudantes, desempregados. O poema “Tem gente com fome” do livro “Poemas de uma vida simples” (1944) foi censurado pela ditadura do Estado Novo: talvez Getúlio Vargas e os seus não levassem a sério esse negócio de vida simples nem nunca tenham passado fome... Nos anos 1950 fundou o TPB (Teatro Popular Brasileiro). E, em 1955, criou o grupo de dança Brasiliana. 
(Fonte: “Para entender o negro no Brasil de Hoje: História, Realidades, Problemas e Caminhos” de Kabengele Munanga e Nilma Lino Gomes, 2006). 


Ney MatogrossoTem gente com fone (1979): 


Bob DylanBlind Willie McTell (1993):  

Nenhum comentário:

Postar um comentário