quinta-feira, 20 de outubro de 2016

HISTÓRIA DO BUGIO NA SELVA DE PEDRA

Aubrey Bearsdley, Assassinatos na Rua Morgue, 1894 ou 1895


Idealizado pela dupla Blind Barata & Formiga McTell o Festival MizGrav´TahyBa reúne os cantadores que caminham sobre as águas e rolam no lodo dos rios Mississipi, Gravatahy e Guayba: Canções que nascem do barro.

A HISTÓRIA DO BUGIO NA SELVA DE PEDRA
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Bugio nasceu no fundo verde da mata virgem
E pequenino seu bando brabo subiu na copa de altas árvores
Bugio cresceu dançando antigas danças de bugio
E viu os homens plantando milho, ferrando o gado
No sul do Brasil

Bugio lutou pra ser o líder do seu bando
Depois que perdeu o tino pelas macaquinhas
Metido a besta, cara de brabo, pelo eriçado
Jovem Bugio foi escorraçado por guariba antigo
E o fundo verde da mata virgem ficou cinza

Bugio ouviu dizer de outra selva lá na cidade
Feita de asfalto, concreto duro, macacos-gente
Pensou que o ronco ancestral da sua raça
Acordasse o povo: um hino ao sol para os dormentes

Assim saiu da Estância Velha em Viamão
Subiu a serra, desceu o vale, foi pra longe
No coração do sul da América lá em SP
Num matagal atrás de um hotel na Barra Funda

Inicialmente passou inteiro desapercebido
Mas assustou duas velhinhas preconceituosas
Um bandeirante de cara feia ficou sabendo
Pôs o Barbado em ferros e o vendeu pro circo

Bugio nunca foi dado a macaquices
Ficou uma fera quando riram da sua barba
Quebrou o pau com o mágico e o domador
Foi quando então o malabarista lhe recomendou
O Jardim Zoológico

Foram 10 anos entre babuínos e orangotangos
Sua vida exposta nesse reality show preservacionista
Entretanto um estudioso do folclore lá do RS
Lhe perguntou: “Bugio te lembras da dança do teu povo antigo?”

E ele dançou contente o Passo do Bugio
E ele roncou como ronca o roncador
Bugio voltou artista para o frio do pampa
E o folclorista lhe dedicou um grande livro:

Cada macaco no seu galho
E o arvoredo fica mais rico
Pra cada galho um macaco
Pra igualdade não virar mico”!









quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Dr. Branco & Professor Nulo por Correspondente de Guerra

Chaïm Soutine, O mensageiro, 1926


Você comparecerá na posse do novo Prefeito, o Dr. Branco, e do seu vice, o Prof. Nulo, lá dos Cus de Judas, ou também vai se abster?
CORRESPONDENTE de GUERRA, Dos Cus de Judas/RS, 02-10-2016

Dr. Branco não sabe de onde veio e nem pra onde vai...
Mas acha que tudo é igual de ruim
Sua curiosidade foi pro ralo
Ás vezes também acha sua frustração o adormeceu
Não se lembra mais que há preto que foi escravo
Pardo que tiraram as terras e agora chamam de preguiçoso e sujo
Dr. Branco concorda silenciosamente
(Embora tenha épocas até pense em fazer bateção de panela)
[Inspirado por VerdeAmarelo na televisão]
Ambos são bons de Feicebuqui/Uats Zapi - Templos religiosos virtuais, inclusives:
Em trocar o voto por um super-herói vitalício
De cueca por cima do uniforme pra dar porrada
E trazer o pogréissio através da Ordem
Se não vier o pogréissio ao menos fica a porrada
Nos desordenados vermelhos
Dr. Branco cegou de brancura e não vê que
Tem branca, preta e parda passando em branco
Na Câmara, na Assembleia, no Congresso e no Senado
A cada 04 anos / Já faz 04 séculos
Em caso de dúvida, Dr. Branco recorrerá a seu vice
Nulidade em pessoa, o Prof. Nulo alertará o amigo:
“Os brancos computam pra quem tá ganhando o cabaré”!
“Faça uma rasura na frente da urna e proteste”!
O protesto vai ficar querendo debater com o abstêmio
Mas como este foi pescar
Nem sequer o tito de eleitor tem
O protesto ficará no vácuo.