quarta-feira, 22 de abril de 2015

Tengo Pena (ou a arte do camarada Miguelito)

Miguel Ángel di Paula, Gurisza*, 2014


Singela homenagem do projeto cultural "Cavalgando o Vento" ao artista plástico, poeta e amigo Miguel Ángel di Paula, o Miguelito: humanismo na arte, na vida. Da margem esquerda do Uruguay, pela Argentina, até o Sul do Brasil...

(Tengo Pena)
Poema: Miguel Ángel di Paula, o Miguelito
Música: C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento

1. Tengo pena, sobre pena y pena de la gente que camina gatiniando

Pensando que dios los proteje de todo lo cruel y el espanto
Tengo pena de aquellos que los agarran de lo nariz 
Y no ven, nada hacen y a todo dicen que si

2. Tengo pena de aquellos que están sobre la tierra 
Pidiendo siempre a los dioses que les resuelva el problema
Tengo pena de aquellos que matan y mueren justificando razón
Y piensan en paraísos después de la muerte llenos y baile y canción

3. Tengo pena de aquellos que hablan del amor y de amores
Y en todo o momento viven pisando hasta las pequeñas flores
Tengo pena del que reza ajoellado 
Y media hora después es un carrasco malvado

4. Tengo pena de los que agradecen por su alimento y piden por los pobres y famientos
Pero que dan un paquete de bolajas dos horas antes de su vencimiento 
Tengo pena del político, tengo pena del ladrón
Los dos rezan ante para tener suceso en sus dejativa acción 

5. Tengo pena de los que frente al espejo siendo míseros monstros 
Se ven nobles y bellos
Tengo pena cuando el hombre en el bien o en la barbarie 
Ponen a dios por delante y lo hacen responsable.
  
* O quadro “Gurisza” surgiu inspirado na canção “Guria (Chuva Caindo)”:


quinta-feira, 16 de abril de 2015

Quando o Vento sorri (no campo e na cidade)

Juliana Negreiros, O abacateiro foi pro céu, 2009


Duas versões musicais para o poema “Quando o Vento sorri”: a versão roque rural, lançada no CD do CoV em 2013, com viola caipira e ajuda do Mick Oliveira no violão, e a versão na cidade mesmo, abril de 2015. Em nossas ficções o campo anda nervoso e a cidade bem Bhuda zen...

Quando o Vento sorri
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Lá vem o Vento!
O Vento
Que arrasta
Descabela
Destelha
E destampa

Lá vem o Vento!
Nordeste – Quente e Opressor
Sul – Melancólico e Gelado
De Finados – Soprando na cara o pó que viraremos

Já vem o Vento!
Loas às Tempestades!
Glória aos Furacões!
Lembranças a Hermes
Mercúrio – Exu – E a toda a Ventania

Só não venham
Agora
As brisas mansas
Marolinhas
E outras
Calmarias

Já está aqui o Vento!
E que mais nada fique
De pé então
Nem as árvores, nem os postes, nem os deuses
Nem o Amor
Nem os mastros das bandeiras
Nem as perucas das velhas
Nem as Ideias de Jerico

Sopra o Vento!
Voam pelos ares
Cadeiras
O lixo
Dança a
Sacola Plástica
A bola inalcançável
Já não faz mais a criança feliz
Nem o boné
Aperta os miolos
De mais uma Cabeça de Vento

Ri o Vento
Pois
Não
Nada Mais
Rebelde
Do
Que Ele.
(19.09.2012)


terça-feira, 7 de abril de 2015

Milonga para Rulfo e Onetti

Juliana Negreiros, A borboleta pousou em 2009


Cada vez mais pro inverno do que pro verão, os ventos do outono sopram e trazem consigo a “Milonga para Rulfo e Onetti”, 13ª música do CD do CoV, finalizado em 2013, e agora também disponível faixa a faixa no YouTube!


Acesse o canal Albani da Silva e ouça o Vento: https://www.youtube.com/user/AlbanidaSilva/videos 


Milonga para Rulfo e Onetti

Letra, música, violão, harmônica e voz: C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento
Violões e guitarras: Mick Oliveira, o Profeta do Vento
Bombo leguero, acordeão, baixo e teclados: Daniel “San”
Técnico de áudio: Luan Henrique
Produção: Cleiton Amorim
Gravada no Estúdio LACOS, Cachoeirinha/RS, entre julho de 2012 e agosto de 2013

O vento frio soprava lá fora
Na estrada gemiam os fantasmas
Ela saiu de Comala

O general mandava prender e matar
O doutor um jaleco branco puído usava
Ele esperando o trem chegar ao raiar do dia em Santa Maria

Pedro partia logo atrás, deixava o chão em chamas
Por que ela saiu de Comala?
Na garupa um vestido de xita dentro da mala

O circo chegava à cidade, trazendo Jacó e suas luvas de boxe
Indiferente ele esperando o trem chegar
Acendia outro cigarro pra lhe acompanhar

Deixemos o vento falar
Junto aos cadáveres Pedro seguia
No encalço da rústica camponesa que fugia pensando nos beijos do Dr. Díaz

El viento frio soplaba ahí fuera
En la ruta rechinaban los fantasmas
Ella salió de Comala

O general mandava prender e matar
O doutor um jaleco branco puído usava
Ele esperando o trem chegar...

A virgem grávida, o outro, os beijos
Deixemos o vento falar
Do campo santo em que gemiam os fantasmas
Suas memórias sobre as tardes e as noites em Comala