quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O novo chapéu de Léo Leopardo

Paul Delvaux, O Congresso, 1941


O novo chapéu de Léo Leopardo
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Léo Leopardo estava de chapéu novo
E eu cá pensando comigo mesmo
Como ele se sentia
Com aquilo na cabeça?

Léo Leopardo ficou bonito de chapéu novo
Alguém me disse que o viu saltitando de alegria noutra ocasião
Gostaria de ter visto esta cena
Mas apenas vi o chapéu novo de Léo Leopardo balançando
Pra lá e pra cá
Na cabeça do Léo Leopardo
Ou seriam meus olhos
Sob efeito do vinho?

Outro dia mateando no Por do Sol do Guaíba
Vi Léo Leopardo de chapéu novo
Não me aguentei de inveja
Tirei o cinto da calça
E enrolei na cabeça
O Por do Sol estava lindo
Mas o Sol, como sempre,
Indiferente às nossas
Macaquices

Fizeram até reportagem com Léo Leopardo
Ou melhor: com Léo Leopardo e seu chapéu novo
Entrevistaram também um clínico geral que disse
“Esse chapéu faz mal à saúde”!
Ainda tentando entender: 
o novo chapéu de Léo Leopardo faz mal à saúde de quem?
À saúde dos invejosos como eu?
(Que não aguentam a beleza de Léo Leopardo...)
[Digo, de seu chapéu novo]
{Porque do velho ninguém mais lembra}
Ou à saúde do leão africano que forneceu o couro para o chapéu de Léo Leopardo?
Ou finalmente à saúde do próprio Léo Leopardo por ser tão vaidoso?

Léo Leopardo apareceu esses dias de namorada nova
Uma moça que eu nunca tinha visto antes
Os dois se puseram a fazer amor na rua, em plena luz do dia
Mas ninguém reparou muito nisso
Todos os olhos estavam no novo chapéu de Léo Leopardo.

Fito Paez Mariposa Teknicolor (1994): 

Fito PaezEl amor después Del amor (2008): 

 Fito PaezContigo (2008): 

 Fito PaezConfiá (2010): 




quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Só Beatles e poemas

The Beatles, Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, 1967

O que o tempo nos trará
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Esse futuro que nos atormenta
Essa busca pelo amor
Pela igualdade: alguns
Pela riqueza: outros tantos
E quando o futuro deixar de ser assim? Vamos chamá-lo como?


The Beatles Don´t let me down (1969): 


The Beatles And I love her (1964): 


Passeio VII
(Hilda Hilst [1930-2004], dos seus “Exercícios” – 2001)

O Deus de que vos falo
Não é um Deus de afagos.
É mudo. Está só. E sabe
Da grandeza do homem
(Da vileza também)
E no tempo contempla
O ser que assim se fez.

É difícil ser Deus.
As coisas O comovem.
Mas não da comoção
Que vos é familiar:
Essa que vos inunda os olhos
Quando o canto da infância
Se refaz.

A comoção divina
Não tem nome.
O nascimento, a morte
O martírio do herói
Vossas crianças claras
Sob a laje,
Vossas mães
No vazio das horas.

E podereis amá-Lo
Se eu vos disser serena
Sem cuidados,
Que a comoção divina
Contemplando se faz?


The Beatles Lady Madonna (1968):

The BeatlesA hard day´s night (1964)

The BeatlesIn my life (1965): 








quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Ramalhete de flores de fogo (que a chuva apagou)

Roy Liechtenstein, Melodia que assombra meus devaneios, s/d


Ramalhete de flores de fogo (que a chuva apagou)*
C. A. Albani da Silva

Sempre gostei das mentiras que você dizia pra mim
Sempre assisti aos filmes que você achava ruim
Sempre sonhei com aquele beijo que você não me deu
Sempre rezei pra todos os deuses que você nunca creu

Sempre bebi todas as doses que você rejeitou
Sempre lutei por utopias que você tantas vezes negou
Sempre reli aquele livro que você nunca acabou
Mas ainda assim, sinto falta de ti (4x)

Sempre ri das piadas mais tolas nas horas impróprias
Mas nunca engoli a vergonha de artimanhas inglórias
E nunca esqueci daquilo tudo que outros tantos logo esquecem
Eu nunca pedi nada daquilo que você não pudesse me dar
Vejo a verdade como algo relativo, mas nem tanto assim (2x)

Sempre busquei um samba blues no lugar desse seu pop tão frívolo
Mas nunca evitei saborear desse teu doce veneno no umbigo
Do amargo provei quando colhi a tempestade que outro alguém semeou
Vou lhe entregar um ramalhete de flores de fogo que a chuva apagou
Mas ainda assim, sinto falta de ti (4x)

* Faixa do álbum "Cavalgando o Vento", gravado entre Julho de 2012 e Agosto de 2013, no Estúdio LACOS, em Cachoeirinha/RS, com a produção de Cleiton Amorim e apoio do FUCCA (Fundo da Cultura de Cachoeirinha).

Ficha técnica da canção:
Letra, Música e Voz: C. A. Albani da Silva
Violões, Guitarras, Vocal de Apoio: Mick Oliveira
Sopros: João Cândido
Baixo, Bateria, Percussão e Teclado: Daniel "San"
Técnico de Áudio: Luan Henrique
Produção: Cleiton Amorim


CoVGuria (Chuva Caindo): Ao vivo no 1º Sarau do Grêmio Estudantil do Instituto Estadual de Educação Princesa Isabel, Cachoeirinha-RS, 31/08/2013.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A Princesa e o Coringa do Baralho

Ruane Rosa, Joker, 2012

Loucura
(Thomas Bernhard – 1931 a 1989)

Em Lend, foi suspenso um carteiro que, durante anos, em vez de entregar cartas que suspeitasse portadoras de notícias ruins, e naturalmente de anúncios fúnebres também, as levava para casa e queimava. O correio, por fim, mandou interná-lo no manicômio de Scherrnberg, por onde ele circula em uniforme de carteiro e entrega sem parar aos demais pacientes as cartas a eles endereçadas que a administração do manicômio joga numa caixa de correio afixada para essa finalidade num dos muros da instituição. Conta-se que, assim que foi internado no manicômio de Scherrnberg, o carteiro solicitou seu uniforme, para não ter de enlouquecer.
(Da coletânea de contos “O imitador de vozes” – 1978).


Bob DylanJokerman (1983)É só uma questão de tempo até a noite chegar em seu passo a passo.


Claudio LevitanNuvens e Enchente: Do “Livro das Crianças Perdidas” de 2013.


Mulher
(Caroline Borges dos Santos*)

Mulher
Flor divina
Perfume e delicadeza
De uma pétala de rosa

Há quem diga
Que é sexo frágil
Mas o que seria de um homem
Sem uma mulher?

Mulher
Forte e guerreira
Faz de tudo para defender seu bem mais precioso: o (a) filho (a)
que durante nove meses carregou na barriga

Mulher
Lábios vermelhos
Olhar marcante e sedutor
Perfume de parar o trânsito

Capaz de arrancar suspiros
Por onde passa
Linda, deslumbrante
Vale mais do que um diamante

       Carol Borges (1997) é estudante da EMEF Alberto Pasqualini, Gravataí/RS. Além de compor poemas integra o Núcleo de Cinema da escola, ajudando na cinegrafia e nos bastidores, com boas ideias mas, sobretudo, com seu sorriso suave, discreto e marcante.


A Princesa e o Coringa do Baralho
(Inventor do Vento)

A Princesa perguntou ao Coringa do Baralho, naquele Baralho só restava um Coringa, “o que você faz quando não está decidindo o jogo”? No que o Coringa respondeu, o do Baralho, não o do Batman, “sinto que a vida não passa de uma piada enquanto espero a minha vez”.


Bob DylanPretty Saro: Do volume 10 da Série Pirata: Outro Auto-Retrato (1969-1971).

ElomarO Pedido: Do disco “Das barrancas do Rio Gavião” de 1972.