terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Na praia não tem só peixe

Praia das Cabras, entre Cidreira e Tramandaí/RS

     Todo mundo sabe que o litoral Norte do RS tem mar chocolatão e gelado, muitas algas, vento Nordestão, roseta nos pés.

Mas nem todo mundo sabe que ali moram, veraneiam, descansam ou visitam nossas praias a marmota tuco-tuco, a lagartixa das dunas, a mãe-d´água (nós é que incomodamos elas nos dias de água “bonita” e quente, quando elas vêm pra beirinha e ficamos nos esbarrando nelas e ainda por cima praguejando), o golfinho pintado, o pinguim-de-magalhães, o lobo-marinho e a baleia franca, entre tantos outros seres fantásticos.

Na imensa planície costeira do RS, entre dunas e restingas, lagoas, ventos e pequenas cidades de pescadores, crianças e aposentados, rola o encontro das correntes marinhas do Brasil e das Malvinas: água + calor x frio criando um corredor de vida e diversidade no Atlântico.

Fiz esta letrinha no verão de 2016. Foi parar no capítulo XX do livro "Contos Pra Cantar". Gravei no verão de 2017, ao vivo dentro do mar de Cidrilha, a Praia de Baunilha que é ao sul de Moçambique.

Oh yeaaaaah com sal e areia!

NA PRAIA NÃO TEM SÓ PEIXE
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

A marmota mora logo ali
(naquela praia):
E a marmota tem a cor da areia
A marmota cava túneis na areia
A marmota toca tuco-tuco toca
Pra marmota sereia

A lagartixa mora logo ali
(naquela praia):
A lagartixa sobe e desce a duna
A lagartixa é uma lagartixa das dunas
A lagartixa é verde feito o pasto
A lagartixa procura o rabo no biquíni da esposa do sapo

É que na praia não tem só peixe
Procure que vais ver
Ou pergunte pro repuxo,
vento Norte, corrente Sul
Que na praia não tem só peixe
O que irão te dizer?
Lá na Praia de Baunilha que fica logo ali

A mãe d´água veraneia logo ali (naquela praia):
A mãe d´água não gosta de água quente
A mãe d´água quando braba queima a bunda da gente
A mãe d´água é mãe de muitos filhos
A mãe d´água não precisa de um pai d´água pra botar sua vida nos trilhos

O golfinho pintado veraneia logo ali (naquela praia):
O golfinho ajuda com sua calda o salva-vidas
O golfinho vence o surfista nas corridas
O golfinho pesca puxa puxa a pesca quando a maré é cheia

É que na praia não tem só peixe
Procure que vais ver...

O pinguim descansa logo ali
(naquela praia):
O pinguim já desceu da geladeira
O pinguim ri do marisco e suas besteiras
O pinguim sempre toma um picolé
O pinguim vem lá das Malvinas só pra pegar jacaré

A baleia franca passeia logo ali (naquela praia):
A baleia franca sempre diz a verdade
A baleia franca não tolera maldades
A baleia franca fica faceira fica feliz
E expele água salgada, gelada, molhada feito um chafariz

O lobo marinho não vive sozinho
Uiva pras estrelas com o seu sobrinho
O lobo marinho conversa com os marinheiros
O lobo marinho não precisa de dinheiro
Pra viver faceiro
Não precisa de dinheiro
Pra viver faceiro

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Lucy não se esqueça de mim (agora no YouTube e em livro)

William Bouguereau, O nascimento de Vênus, 1879


Do Baú de Sons da banda Madame Satã (2004) para o capítulo XXIV do livro "Contos Pra Cantar do Inventor do Vento" (2016).


Lucy não se esqueça de mim
(Letra e música de C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Lucy, pare de tomar LSD
Lucy, o vizinho da esquina quer comer você
Lucy, pare de ler Edgar Allan Poe
Lucy, nunca deixe de escutar o bom e velho roque enrow

Ah! Lucy, não te esqueças de mim
Ah! Lucy, nosso amor chegou ao fim

Lucy, pare de pensar no amor e na fé
Lucy, Jesus Cristo pega ônibus e anda a pé
Lucy, por favor, pare de sorrir
Lucy, teu olhar é tão doce e eu não consigo dormir

Ah! Lucy, por favor, não se vá
Ah! Lucy, o teu nome é amar

Lucy, por favor, me desperte antes das seis
Lucy, o sonho acabou outra vez
Lucy, não estou atrasado, mas preciso ir
Sinto o coração quebrado, mas eu vou partir

Ah! Lucy, por favor, não se vá
Ah! Lucy, o teu nome é me amar
Ah! Lucy, não te esqueças de mim
Ah! Lucy, nosso amor chegou ao fim


Voz e violão: Albani

Viola caipira e vocal de apoio: Mick Oliveira


sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Antes da Aurora ou Até os Dragões Acordarem

Jeong Seon, 1676 a 1759, cordilheiras coreanas

Canção que integra o livro "Contos Pra Cantar do Inventor do Vento".

Gravada no Laboratório de Sons do Vento, primeiros dias de 2017.
Voz, violão e harmônica: Albani.

ANTES DA AURORA ou ATÉ OS DRAGÕES ACORDAREM
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Prenda,
tira tua roupa cara
e venha pra mim
O dinheiro não é tudo que existe, esqueça
Vamos sair por aí
e ver o Sol nascer
Pois nesse mundo a gente nunca sabe até quando ele vai se erguer

Menina,
largue suas joias
e venha pra mim
Eu não tenho muita coisa, mas eu tenho algo, sim
Eu tenho essa gaitinha e tenho um velho violão
Suficientes para
escrever uma nova canção
(Tipo assim):

Guria, 
eu acredito que os dragões podem mesmo voar
E, Cigana, é só uma questão de entender o Ar
Então suba na asa deles, vamos dar uma espiada
no Céu
Pois nas alturas a mais grande cidade vira mera maquete de papel

Iaiá, 
os dragões não querem mudar o mundo
E nem querem
parecer profundos
Só querem ver, transver, aquentar com seu
bafo de fogo
Nesse mergulho doido
os caçadores, certo, nada entenderão do jogo

(O sol também se levanta
Pra fazer a aurora
Ou até os dragões
se acordarem
Do seu sono no alto
da Cordilheira)