domingo, 30 de novembro de 2014

Relendo II: "Senhora de pouca fé, aconchega-te"

Albert Moore, Moça adormecida, c. 1875

Lay Lady Lay
(Bob Dylan, 1967)
Tradução livre: C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento

Senhora de pouca fé, aconchega-te, aconchega-te na minha grande cama de bronze
Senhora de pouca fé, aconchega-te, aconchega-te na minha grande cama de bronze

Tanto faz a cor do teu pensamento
Trago minha paleta e é ela está luminosa
Senhora de pouca fé, aconchega-te, aconchega-te na minha grande cama de bronze

Fique, Senhora, fique, fique com teu homem um pouco que seja
Até o amanhecer e me deixe vê-la fazendo-o sorrir
As roupas dele estão sujas, mas as mãos estão limpas
E você é o seu bem maior
Fique, Senhora, fique, fique com teu homem um pouco que seja

Por que esperar mais pelo Gênesis?
Se você pode cozinhar o bolo com suas próprias mãos e ainda por cima comê-lo
Por que esperar por mais um amor?
Quando ele se encontra de pé e na sua frente

Senhora de pouca fé, aconchega-te, aconchega-te na minha grande cama de bronze
Fique, Senhora, fique, temos a noite toda pela frente

Gostaria de vê-la na alvorada
Gostaria de servi-la à noite
Fique, Senhora, fique, temos a noite toda pela frente

*Gravação ao vivo no Sarau de Inverno, 15/08/2012, Gravataí/RS
Voz e violão: Albani
Voz: Aline Albani
Guitarra solo e vocais: Mick Oliveira

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

A primavera está pródiga de chuvas veraneiras

Ernst Ludwig Kirchner, Duas mulheres na rua, 1914


Chuvas de Verão
(João de Almeida Neto, 1989)


Quando estas nuvens se esparramam sobre o pampa
E em gotas claras se derramam pelo chão
Apaga o pó dos pátios pobres da campanha
E apaga a brasa dessas tardes de verão.

Parece até que cada gota desta chuva
Vem como lágrima do céu para regar
O peito triste dos que choram como as nuvens,
Sem ver a flor do coração desabrochar.

Por isso gosto dessas chuvas veraneiras,
Que vêm e chovem e se somem sem alarde
Para levar a outros campos e outras vidas
A paz molhada que espalharam pela tarde.

E como chegam, vão-se as tardes, vão-se as chuvas
e vão-se os dias, vai-se o tempo e a ilusão
e vamos nós, em cada sonho que se apaga,
como se a vida fosse chuva de verão.


quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Relendo: "É o que me interessa"

Mãe migrante, Dorothea Lange, 1936

É o que me interessa
(Lenine e Dudu Falcão)
Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro
A sobra do passado
Assombram a paisagem
Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa
Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto
E é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o teu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa
A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição

A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Todo dia é dia de Halloween na casa do Seu Vladimir

Drácula de Tod Browning, Béla Lugosi como o Príncipe das Trevas, 1931

Magia de Amor
(Raul Seixas e Paulo Coelho)
Mata Virgem, 1978

Me fascina tua morte mal morrida
E a tua luta pra ficar em tal estado
O teu beijo, tão fatal, nunca me assusta
Pois existe um fim pelo sangue derramado
Me fascinam teus olhos quando brilham
Pouco antes de escolher quem te seduz
E me fascinam os teus medos absurdos
A estaca, o alho, o fogo, o sol, a cruz
Me fascina a tua força, muito embora
Não consiga resistir à frágil aurora
E tua capa, de uma escuridão sem mácula

Me fascinam os teus dentes assustadores
E teus séculos de lendas e de horrores
E a nobreza do teu nome, Conde Drácula

*Leia sobre o casamento do Drácula com Don Juan na postagem do dia 15/03/2012http://cavalgandoovento.blogspot.com.br/2012/03/mulher-pre-historica-appaloosa-de.html