sábado, 31 de outubro de 2015

Buuuuuuuh!!!! - Guia Prático Para Não Dormir à Noite, Pra Arrepiar os Cabelos e Tomar Uns Sustos: Literatura de Terror

William Hogarth, Satanás, o pecado e a morte, 1735-1740


Buuuuuuuh!!!!
Para quem ainda não está cansado de se assustar com a realidade das ruas, vale mesmo a pena investir algum tempo na leitura de histórias de terror/suspense/mistério. Inspirado em dúvidas e na curiosidade de alguns estudantes, preparei este singelo Guia Prático Para Não Dormir à Noite, Pra Arrepiar os Cabelos e Tomar Uns Sustos - Literatura de Terror.

Contistas
Daniel DeFoe (1660 – 1731) – Contos de fantasmasDeFoe é considerado o padrinho do jornalismo e esse livro reúne reportagens sobre histórias de fantasmas. E muitas delas o autor jura que são reais.
Edgar Allan Poe (1809-1849) – A carta roubadaAssassinatos na Rua MorgueO escaravelho de ouroO mistério de Marie RogetO relato de Arthur Gordon PymEscritor norteamericano do século 19; suas histórias desenvolvem-se numa prosa barroca com frases e parágrafos longos e cheios de detalhes; é o criador do gênero terror/suspense/mistério. Criou também, em três contos, o inspetor Dupin – precursor dos detetives, heróis das ciências criminais para nossa imaginação urbana e metralha.
Álvares de Azevedo (1831 – 1852) – Noite na taverna (contos)Macário (teatro). Poeta brasileiro romântico, pessimista, precoce, por vezes, mórbido. É o pioneiro do gênero no Brasil.

Romancistas 
Mary Shelley (1797-1851) – Frankenstein. Clássico gótico do século 19 – quais os limites da ciência? Quais suas consequências quando os seres humanos tentam agir como deuses?
Robert Louis Stevenson (1850 – 1894) – O Médico e o MonstroOs demônios interiores que existem, mesmo nas mais civilizadas e cultas pessoas, vêm à tona nessa história.
Bram Stoker (1847 – 1912) – Drácula. O romance gótico que originou quase toda a literatura de terror subsequente.
H.P. Lovecraft (1890-1937) – A tumba O caso de Charles Dexter WardO horror em Red Hook. Os problemas da ciência moderna, ocultismo e magia se misturam nesse escritor.
Richard Matheson (1926) – A casa infernalEu sou a lendaAutor de livros que viraram filmes de sucesso, o rapaz foi o inventor da mais famosa casa maldita da literatura: a Mansão Belasco; além de renovar a literatura sobre vampiros com “Eu sou a lenda”.
William Peter Blatty (1928) – O exorcista. Foi quem escreveu o mais cultuado filme sobre possessão diabólica da História, lançado em 1971.
Anne Rice (1941) – Entrevista com o vampiroO vampiro LestatAntes da série Crepúsculo, de Stephenie Meyer (1973), Anne Rice era a grande autora de romances sobre vampiros. 
Stephen King (1947) – A coisaA hora do lobisomemA maldição do ciganoO Iluminado; Carrie, a estranhaÀ espera de um milagreO escritor norteamericano é o mais badalado autor de terror de todos. Vários de seus livros viraram filmes famosos.

Zé Ramalho – Mistérios da Meia Noite

Kleiton e KledirCanção da Meia Noite: 

Sem eles nos faltariam fantasmas, demônios e outros medos...
Antigo Testamento da Bíblia – Uma mirabolante tradição oral / Convertida em diversos livros ao longo do século 6 a.C. / Em que poesia, crônica, lições, salmos e profecias se entrelaçam / Eis a Bíblia Hebraica ou, para os cristãos, Antigo Testamento / A origem do mal está lá (Adão e Eva, a fruta proibida da árvore do conhecimento, o pecado original, a expulsão do Jardim do Éden, o aparecimento da morte, dos sofrimentos, do trabalho) / O enciumado Caim matando Abel está lá (até hoje errando pelo mundo, para alguns, pai de todos os vampiros) / O Dilúvio e aTorre de Babel também estão lá / O Profeta Isaías está lá / O Livro de Jó está lá, com ele aguentando no osso os sofrimentos impostos por Satanás, autorizado por Deus a testar a sua fé... / É que / As religiões monoteístas (judaísmo, cristianismo e islamismo) / Mudaram o mundo ao diminuir a importância mística dos rituais / Atribuindo o peso da fé / Às ações e escolhas dos crentes / Que devem respeitar as leis divinas (Bíblia ou Alcorão) / Porém, em nenhum desses livros sagrados, em suas versões oficiais / Aparece a história da transformação do anjo Lúcifer – o queridinho de Deus / Em Satanás / Esse mito provêm de livros apócrifos (não-aceitos como divinos por rabinos, padres, pastores, sacerdotes, aiatolás, califas e mulás) / O Livro de Enoch é um desses apócrifos que conta como a inveja de Lúcifer / Redundou em rebelião contra Deus / E na expulsão de vários anjos para o Inferno / Agora transformados em Demônios / 
       [...] Historiadores creditam aos persas, entre os séculos 8 e 7 a.C. / Através do profeta Zoroastro ou Zaratustra / A invenção dessa visão dualista do mundo / Ou seja, em que tudo se resume a uma permanente oposição entre o Bem e o Mal 
A divina comédia (1308-1321) – Dante Alighieri (1265-1321): O 3º Testamento. O poema que sintetiza a Idade Média e anuncia o Renascimento europeu. Dante é guiado pelo poeta romano Virgílio pelos nove círculos do Inferno; pelo Purgatório; e, por fim, pelos sete Céus atrás de sua amada, Beatriz, falecida com apenas 25 anos. O Sobrenatural judaico-cristão é descrito nesse poema épico.
Paraíso Perdido (1667) – John Milton (1608-1674)Nesse poema barroco o escritor inglês conta como foi a expulsão da humanidade do Paraíso. Jorge Luis Borges e Oscar Wilde concordavam que o Diabo tudo deve a Milton. E para o crítico literário Harold Bloom, Satã é o mestre da cilada, do ressentimento, pois talento ignorado. Para Milton, a rebeldia de Eva lhe associa permanentemente às malícias do Demônio – e, realmente, pobre das bruxas na Idade Média... Milton disse também: “Onde quer eu voe é o Inferno / eu mesmo sou o Inferno / ...Todo o bem me foi perdido / Mal, vós sois o meu bem”.
Fausto (1831) - Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – Dividido em duas partes, Fausto é um poema trágico e épico que narra o pacto entre o demônio Mefistófeles e o médico Fausto, que buscava a felicidade. Apesar de fazer a sua amada sofrer, Margarete, é ela quem lhe salva do Inferno, com suas preces e fé, na hora em que Fausto se realiza materialmente e está sendo levado por Mefistófeles. A busca pela eterna juventude e pela imortalidade são as bases dessa história, precursora assim de todas as histórias de vampiros (que buscam o mesmo que Fausto) e zumbis (que são vampiros toscos).  
Dr. Fausto (1947) - Thomas Mann (1875-1955)Retire o médico, do Fausto de Goethe, e coloque no lugar o compositor de música erudita Adrian Leverkühn. Eis o Fausto de Mann. Nesse romance de derreter o cérebro, ou a gente sai amplamente transformado e apaixonado pela Literatura ou a gente não lê mais nada além de Best-Sellers. O livro reconstrói a História da Alemanha desde o fim do século 19 até a década de 1940 em meio ao fortalecimento da burguesia e à consolidação da Revolução Industrial, assim como em meio à explosão da I e da II Guerras Mundiais e à ascensão sorrateira e brutal do nazismo. Nesse contexto, o professor Serenus Zeitblon, amigo de infância de Adrian, relata como o seu soturno e arrogante amigo virou um gênio da música. A descrição do pacto, entre Mefistófeles e Adrian, nos Alpes italianos, é incrivelmente bela e perturbadora – seria um sonho/pesadelo ou tudo foi real mesmo? Assim como, a morte de Adrian, ao piano, ao apresentar sua última obra-prima, Doutor Fausto, também emociona.  



Robert Johnson  Me and the devil blues: O velho mito de Fausto agora a partir da música popular. O blues de Robert Johnson surgiu de um pacto com o demônio, diz o próprio. 

The Rolling StonesSympathy for the Devil: E então o rock fez escola (e diabruras): 

Iron MaidenThe Number of the Beast: E pensar que esses caras já meteram medo em muita gente... 

Sepultura Roots Bloody Roots: Sem dúvida o pessoal do Sepultura captou bem a base cultural barroca do Brasil. Talvez por essa base, gostamos tanto de histórias de terror e mistérios. 

Michael JacksonThriller: Essa também assustava. Hoje, dançamos no Wii. A gordura assusta mais, portanto...

O estranho mundo de Zé do Caixão
José Mojica Marins (1936) é um dos pioneiros do cinema no Brasil. Por ser a mais cara de todas as artes (ainda mais antes das câmeras digitais) Zé do Caixão fez um cinema assumidamente tosco, mas inovadoramente de terror. Abusando de um português bem coloquial, e algumas doses de sensualidade, Zé do Caixão lançou as bases do cinema trash – aquele filme mal feito de propósito. À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963) foi o primeiro sucesso do , antes disso, nos anos 1950, ele fez faroeste e até filme religioso. Mas Zé do Caixão só foi ganhar dinheiro mesmo quando investiu em filmes eróticos...  


 Bento Carneiro – O Vampiro Brasileiro
Como já sabemos, toda história de terror está a um passo da anedota. Com o caminho aberto pelo Zé do Caixão, Chico Anysio pegou carona... 



Nosferatu de Murnau
Em 1922, o cineasta expressionista alemão Friedrich Wilhelm Murnau (1888-1931) lançou o primeiro filme (mudo) de vampiro da História. E ele acabava assim: