Nísia Floresta Brasileira Augusta
(1810 a 1885)
Nós, homens, somos a exceção que comprova a regra: o dia é delas! Bons
Ventos às professoras!
Trilha sonora: Releitura com Vento pro clássico “Anjos
da Guarda” da Leci Brandão.
Abaixo: uma crônica do Inventor
do Vento sobre a regravação da música e sobre os diferentes professores que
existem, existiram e existirão nesse mundo velho medonho maluco.
“Desde
1995 quando foi gravada pela sambista Leci Brandão, a canção 'Anjos da Guarda' tem sido um símbolo da
luta dos educadores, Brasil adentro, pela ensino público de qualidade – hino
entoado em greves e mobilizações; credo inconsciente nos conselhos de classe.
Muitas vezes me pediram para
que eu cantasse essa música... E este Inventor do Vento nunca conseguiu.
Até chegar a tarde de primavera do dia 15 de outubro de 2014: exatamente o Dia
do Professor!
Passei o dia no asilo
para professores aposentados “Saudosa Sociedade dos Mestres Queridos”,
lá na Praia de Baunilha, ao sul de Moçambique. Me deparei com seis velhinhos
que, para minha boa fortuna, tinham aprendido a tocar algum instrumento como
terapia após se afastarem do giz e da lousa. Sendo assim, realizamos esta
estranha gravação.
A idéia era gravarmos no
pátio de uma escola próxima, mas a preguiça não nos deixou passar do quarto do Professor
Arquimedes Vieira, matemático e tocador do cajón, dono também de
uma vasta biblioteca que ajudou a atrasar nosso ensaio. Na guitarra,
contamos com Ary Tolueno, biólogo e professor da rede pública de Viamão,
nos anos 1960, onde criava tigres nos Laboratórios de Ciências das escolas para
deixar suas aulas mais atraentes aos filhos dos agricultores locais. No violão,
conheci Dona Capitolina de Assis Machado, professora de língua
portuguesa, francês, espanhol e latim, assanhada que só ela: embestou de me
achar bonito. Lecionar, lecionou apenas 05 anos logo após sair do Magistério,
pros pimpolhos do primário, isto em Porto Alegre. No mais de sua carreira, foi diretora por 32 anos (de 1953 a 1985) em uma escola hoje desativada, pois atendia
apenas 75 alunos por ano, todos muito comportados, embora houvesse milhares de
camponeses e sem-terra analfabetos se achegando no bairro: na época da
Capitolina as comunidades não votavam para a direção das escolas como acontece hoje
com a redemocratização brasileira e sua LDBEN - Lei de Diretrizes da Educação, do final dos anos 1990. E, entre
outras coisas, um pingo de gente estava devidamente matriculada, quando muito,
terminando o Ensino Fundamental...
Nas demais percussões,
o General Positivista Quem Manda Aqui Sou Eu, Educador Físico ainda saradão,
no alto dos seus 87 anos: evidentemente desritimado, mas teimoso que só, armado
com seus galardões, foi também quem propôs o arranjo da canção e, talvez, sem
querer, cumprindo a sina dos militares no Brasil, tentou pôr ordem no processo
criativo, em busca de algum progresso, entenda-se, do melhor andamento musical,
o que acabou transformando um samba autêntico num rock anárquico.
Nos vocais de apoio
ainda contamos com o teólogo, professor de História e Geografia e Religião e
padre jesuíta Pedro Paulo dos Santos Inácio de Loyola: por três vezes
paramos a gravação para ouvir sua maravilhosa explanação sobre a profissão de
professor não ser uma profissão qualquer, muito menos ser qualquer profissão: mas,
sim, uma vocação: civilizar e evangelizar pra uma América cristã.
Tecnocrático da Cunha,
professor universitário e, por um triz, quase que o primeiro professor do
ensino profissionalizante do Brasil (perdeu a vaga inexplicavelmente, nos anos 1940, para um
amigo seu de infância, ruim pra dedéu em cálculo) decidiu não participar da
releitura, embora tocasse apito. Achou perda de tempo essa homenagem
excêntrica, apressada, de mau gosto mesmo. Da mesma forma, julgou nossos
instrumentos ultrapassados, nossas competências e habilidades como artistas
incompetentes e inábeis. Se estivesse na ativa, estaríamos todos rodados na matéria
de engenharia de ruídos e no canto orfeônico”.
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
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