terça-feira, 21 de junho de 2016

Garota de Viamão



Nos EUA, Tom Waits cantou a garota de Jersey.
Carlos Careqa verteu para Garota de Guarulhos, em Sampa.
Longe demais das capitais, no sul do sul deste Brasil
em vez do parabéns à gauchinha Jujuba
o Inventor do Vento canta a Garota de Viamão!

Garota de Viamão
(Versão da versão de Carlos Careqa para o tema 'Jersey Girl' de Tom Waits)

Não tenho tempo pro bagulho
Não tenho tempo pra mais ninguém
Já não penso em mais nada
Só consigo pensar em você
Hoje à noite eu atravesso a cidade
Porto Alegre vai ficando pra trás
Minha garota tá esperando
Em Viamão para namorar
Tudo certo, tudo fica em paz
Quando a garota em seus braços tens
Tudo é claro, tudo é tão azul
Com a garota de Viamão, meu bem

Eu chamo seu nome
E eu chamo seu nome

O caminho é pro Pinhal
Mas eu sempre saio antes
Pego o atalho pro Morro Grande
E eu não consigo ir adiante, não
Você já sabe então não enche o saco
Só tô pensando na minha guria
Nada mais me interessa
Do que beijar a sua boca, então

Eu chamo seu nome
E eu chamo seu nome

Gravada em Junho de 2016 no Laboratório de Sons do Vento
Fotografia histórica encontrada no site viamaohistoria.com.br


sexta-feira, 17 de junho de 2016

Arraial FolkPunkSertanejo: O causo do lobisomi



No Arraial FolkPunkSertanejo do CoV a trilha sonora é pra cantar a mitologia da roça: lobisomi sendo assombração que sai do mato em noite de lua, disse meu velho tio versado em cachorro.

O CAUSO DO LOBISOMI (Meu velho tio)
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)

Auuuuuuul (2x)

Meu velho tio que virou “lobisomi”
O “homi” é uma fera
É uma fera o “homi” (2x)

Meu tio coronel de estância
No sertão distante do pampa loooooonge
À noite a Lua se encheu
Ele se esqueceu que era gente
E se pôs a uivar

(Refrão)

Não, não tinha, não
Não tinha pulga, não, não, não
Meu velho tio só tinha 06 “irmão”
E não foi batizado como deve ser
Todo o cristão

(Refrão)

Auuuuuuul (2x)

Meu velho tio que virou “lobisomi”
O “homi” é uma fera
É uma fera o “homi”

Meu velho tio que brigou
Com a minha tia
Deixou a louça suja na pia
Foi dormir com os cachorros

Chamaram o padre pra benzer
Mas ele não quis nem saber
Só pediu um osso pra roer
Mas deram pra ele foi
Uma bala de prata


domingo, 12 de junho de 2016

Valentina & Jerônimo: Canção do tudo passa


Dia dos Namorados é Dia de São Valentim. Mas qual São Valentim?!?
De um jeito ou de outro / Desde a Antiguidade / Quase todos os povos celebram / o casamento / o amor / a fertilidade / Os romanos antigos / louvavam / anualmente / Juno ou Hera / Na data de amor / Sorteava-se raparigas aos rapazes (?!?) / Já a Igreja Católica inventou / a sua / festa casamenteira / em 496 / quando / o Papa / Gelásio I / Instituiu o dia / 14 de fevereiro / em homenagem a São Valentim / O problema / é que / já naquela época / haviam / canonizado / diversos / Valentins / Todos viventes do século III d.C. / Um desses santos Valentins / foi um padre / que decidiu continuar realizando / matrimônios / mesmo depois de o / Imperador / ter proibido / casamentos / pros jovens não se escaparem da guerra / Acabou / Morto esse padre / Outro homem santo / Valentim de nome / também / acabou preso / por seguir / o Cristianismo / nos dias em que esta crença / era religião proibida / pelo Império Romano / Valentim ainda que preso / Embestou / De se apaixonar / pela filha / do carcereiro / E acabou / sendo / executado / Não sem antes / escrever / dezenas / dezenas / de cartas / de / amor / em que assinava “do teu Valentim” (from your Valentine). / No Brasil / o 12 de junho / é mais celebrado nas lojas / por comerciantes e amantes – do que o 14.02 / Mas até a Igreja / Desistiu de saber / De qual Valentim santificado estamos falando / E / Em que dia / O dito cujo / realmente / morreu. 

Uma história de amor valentina...

Valentina & Jerônimo: Canção do tudo passa
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei

Oh! Jerônimo
Oh! Paixão
Não se explicam as coisas do coração

Eu trabalhei um ano inteiro
Fiz muito serão também
Pra juntar uma graninha
Realizar o sonho do meu bem
Foram dez anos de namoro
Por toda a vida ela quis
Um casamento bem bacana de empinar o nariz
Eu me virei em três empregos
Fiz muito bico por aí
Até vendi o meu Passat que
Comprei quando guri

Ah! Jerônimo
Ah! Meu bem
Tudo passa como eu passei

Ah! Jerônimo
Ah! Paixão
Não se explicam as coisas do coração

Briguei até com o meu velho que
Dizia para mim
Isso é coisa de ricaço
Uma festança grande assim
Quando se ama de verdade
Não é preciso esplendor
Um cafuné bem gostoso
Compensa um ventilador
Mas quando eu me irritava
E começava a discutir
O meu docinho me olhava
E eu não podia resistir

E assim seguia me esforçando
Fazendo empréstimos daqui dali
Só pensava em seu vestido
Alianças e no bolo
Deixei de lado os meus amigos
Não fui mais a nenhum Grenal
Abandonei minha cerveja
E o Jornal Nacional
Com água, luz e telefone
Mais impostos mil
Como é difícil ficar rico
Honestamente
No Brasil

Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei

Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem     
Toda mágoa um dia finda também

Convenci o Padre Cícero
A me alugar à prestação
O salão lá da Igreja
Pro sacramento da união
Contei com a ajuda dos meus primos
Para um terno alugar
A calça eu peguei emprestada
Dos quinze anos da Jajá
Dona Amélia e minha avó
Falaram com o Seu Paim que me arranjou
Comes e bebes
Na padaria do Bom Fim

Chegada a véspera do casório
Quando tudo estava pronto
As minhas mãos suavam frio
Aquela ânsia no estômago
Foi tão difícil pra dormir
Mais difícil foi acordar
Pois com a manhã veio a tristeza
Sozinho, à cama, me encontrar
O meu docinho se foi
Deixou um bilhete sobre a mesa
Não faltou delicadeza
Pra acenar o seu adeus

- E o bilhete dizia, mais ou menos, assim -

Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei

Oh! Jerônimo
Oh! Paixão
Não se explicam as coisas do coração

Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem     
Toda mágoa um dia finda também

Foi tão lindo
Tão bonito
Infinito
Enquanto durou
(Gravada em Junho de 2016 no Laboratório de Sons do Vento, Ar/RS)


sábado, 11 de junho de 2016

Arraial FolkPunkSertanejo: Vide Vida Marvada

Cândido Portinari, Festa de São João, 1958


            O Arraial FolkPunkSertanejo do CoV surgiu da necessidade criativa de buscarmos um filtro poético pros ecos da vida rural no Brasil. Quando descobrimos que o leite não vem da caixinha, tampouco do supermercado, entendemos que o campo existe no século XXI: geralmente em tom de lamento histórico - sertanejos, cangaceiros, gaúchos a pé, escravos, roqueiros rurais. Mas também existem primeiros amores por lá e a vivência com a natureza por lá existe também e isso, muito mais, é tri. Afinal, a roça veio antes de tudo e continuará. Um dos espaços míticos mais importantes no peito humano.

 VIDE VIDA MARVADA
(Rolando Boldrin, 1981)

Corre um boato aqui donde eu moro
Que as mágoa que eu choro são mal ponteadas
Que no capim mascado do meu boi 
A baba sempre foi santa e purificada
Diz que eu rumino desde menininho
Fraco e mirradinho a ração da estrada
Vou mastigando o mundo e ruminando
E assim vou tocando essa vida marvada

É que a viola fala alto no meu peito humano
E toda moda é um remédio pros meus desenganos
É que a viola fala alto no meu peito, mano
E toda mágoa é um mistério fora desse plano
Pra todo aquele que só fala que eu não sei viver
Chega lá em casa pruma visitinha
Que no verso e no reverso da vida inteirinha
Há de encontrar-me no cateretê


Tem um ditado dito como certo
Que o cavalo esperto não espanta a boiada
E quem refuga o mundo resmungando
Passará berrando essa vida marvada
Cumpadi meu que inveieceu cantando
Diz que ruminando dá pra ser feliz
Por isso eu vagueio ponteando
E assim procurando minha flor-de-liz

(Gravada no Laboratório de Sons do Vento pelo Inventor do Vento em Junho de 2016, Ar/RS)

sexta-feira, 3 de junho de 2016

Arraial FolkPunkSertanejo do CoV

Anita Malfatti, Festa de São João com guirlanda

            Três caipiras que não eram caiporas: Pedro negou cristo por três vezes  e essa habilidade política o fez o primeiro dos Papas católicos. Antônio de Lisboa tinha um bayta talento pra achar coisas perdidas e depois dele próprio se perder nas brumas do Além sossego – muitas moças de amores perdidos deram de rogar-lhe namorados, pra se casar. E até o João Batista que teve a cabeça servida numa bandeja de prata na mesa dos poderosos do seu tempo, como os de hoje, comedores de cabeças pensantes, fez, antes da degola, com seu primo por parceiro, da água do Jordão a água viva de todo o mundo cristão.
            O Arraial FolkPunkSertanejo do CoV assim começa: com os ecos dos dias rurais no Brasil (e no mundo!) – da roça às grandes cidades pequenas do século XXI, em músicas reinventadas no Laboratório de Sons do Vento! E entre um bando de bandoleiros, no cangaço do sertão nordestino, floresceu o amor: Lampião e Maria Bonita! Um olho no rabo de saia o outro na bala do revólver, nos conta o compositor Antonio dos Santos que era o Volta Seca nesse faroeste caboclo.