Kasimir Malévitch, Três Meninas, 1928 a 1932
Me alugo para sonhar
(Um dos “12 Contos Peregrinos”,
1992, de Gabriel García Márquez, 1928)
1.
“Eu me alugo para sonhar”.
Na
realidade, era seu único ofício.
Havia
sido a 3ª dos 11 filhos de um próspero comerciante da antiga Caldas, e desde
que aprendeu a falar instalou na casa o bom costume de contar os sonhos em
jejum, que é a hora em que se conservam mais puras suas virtudes premonitórias”.
(Sobre
a mulher que tinha sonhos premonitórios)
2. Movia-se através das pessoas como um
elefante inválido, com um interesse infantil pelo mecanismo interno de cada
coisa, pois o mundo parecia, com ele, um imenso brinquedo de corda com o qual
se inventava a vida.
(Sobre
o poeta Pablo Neruda, 1904 a 1973)
3.
Não se impressionou, porém, pois sempre
havia pensado que seus sonhos não eram nada além de uma artimanha para viver. E
disse isso a ela.
(Neruda
sobre a mulher que previa o futuro)
4.
“Sonhei com essa mulher que
sonha”.
(Outra
vez o poeta Neruda sobre a moça dos sonhos)
5.
“Sonhei que ele estava sonhando comigo –
disse, e minha cara de assombro a espantou. – O que você quer? Às vezes, entre
tantos sonhos, infiltra-se algum que não tem nada a ver com a vida real”.
(Disse
a mulher sobre o poeta)
6.
– Em termos
concretos – perguntei, no fim -, o que ela fazia?
-
Nada – respondeu ele, com certo desencanto. – Sonhava.
(Perguntou
Gabriel ao embaixador de Portugal em Cuba).
Nenhum comentário:
Postar um comentário