quinta-feira, 6 de março de 2014

Me alugo para sonhar

Kasimir Malévitch, Três Meninas, 1928 a 1932


Me alugo para sonhar
(Um dos “12 Contos Peregrinos”, 1992, de Gabriel García Márquez, 1928)


1.     “Eu me alugo para sonhar”.
Na realidade, era seu único ofício.
Havia sido a 3ª dos 11 filhos de um próspero comerciante da antiga Caldas, e desde que aprendeu a falar instalou na casa o bom costume de contar os sonhos em jejum, que é a hora em que se conservam mais puras suas virtudes premonitórias”.
(Sobre a mulher que tinha sonhos premonitórios)

2.  Movia-se através das pessoas como um elefante inválido, com um interesse infantil pelo mecanismo interno de cada coisa, pois o mundo parecia, com ele, um imenso brinquedo de corda com o qual se inventava a vida.
(Sobre o poeta Pablo Neruda, 1904 a 1973)

3.     Não se impressionou, porém, pois sempre havia pensado que seus sonhos não eram nada além de uma artimanha para viver. E disse isso a ela.
(Neruda sobre a mulher que previa o futuro)

4.    “Sonhei com essa mulher que sonha”.
(Outra vez o poeta Neruda sobre a moça dos sonhos)

5.     “Sonhei que ele estava sonhando comigo – disse, e minha cara de assombro a espantou. – O que você quer? Às vezes, entre tantos sonhos, infiltra-se algum que não tem nada a ver com a vida real”.
(Disse a mulher sobre o poeta)

6.      – Em termos concretos – perguntei, no fim -, o que ela fazia?
- Nada – respondeu ele, com certo desencanto. – Sonhava.
(Perguntou Gabriel ao embaixador de Portugal em Cuba).


Maria RitaA Festa  (2012): Esta vai pra Rita, que ouviu, digo, leu o Vento quando seu sopro já estava virando Marolinha.

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