Aubrey
Bearsdley, Assassinatos na Rua Morgue, 1894 ou 1895
Idealizado pela dupla Blind Barata & Formiga McTell o Festival
MizGrav´TahyBa reúne os cantadores que caminham sobre as águas e
rolam no lodo dos rios Mississipi, Gravatahy e Guayba: Canções que nascem do barro.
A HISTÓRIA DO BUGIO NA SELVA DE PEDRA
(C.
A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
Bugio
nasceu no fundo verde da mata virgem
E
pequenino seu bando brabo subiu na copa de altas árvores
Bugio
cresceu dançando antigas danças de bugio
E viu
os homens plantando milho, ferrando o gado
No sul
do Brasil
Bugio
lutou pra ser o líder do seu bando
Depois
que perdeu o tino pelas macaquinhas
Metido
a besta, cara de brabo, pelo eriçado
Jovem
Bugio foi escorraçado por guariba antigo
E
o fundo verde da mata virgem ficou cinza
Bugio
ouviu dizer de outra selva lá na cidade
Feita
de asfalto, concreto duro, macacos-gente
Pensou
que o ronco ancestral da sua raça
Acordasse
o povo: um hino ao sol para os dormentes
Assim
saiu da Estância Velha em Viamão
Subiu
a serra, desceu o vale, foi pra longe
No
coração do sul da América lá em SP
Num
matagal atrás de um hotel na Barra Funda
Inicialmente
passou inteiro desapercebido
Mas
assustou duas velhinhas preconceituosas
Um
bandeirante de cara feia ficou sabendo
Pôs o
Barbado em ferros e o vendeu pro circo
Bugio
nunca foi dado a macaquices
Ficou
uma fera quando riram da sua barba
Quebrou
o pau com o mágico e o domador
Foi
quando então o malabarista lhe recomendou
O
Jardim Zoológico
Foram
10 anos entre babuínos e orangotangos
Sua
vida exposta nesse reality show preservacionista
Entretanto
um estudioso do folclore lá do RS
Lhe
perguntou: “Bugio te lembras da dança do teu povo antigo?”
E
ele dançou contente o Passo do Bugio
E
ele roncou como ronca o roncador
Bugio
voltou artista para o frio do pampa
E
o folclorista lhe dedicou um grande livro:
“Cada macaco no seu galho
E o arvoredo fica mais rico
Pra cada galho um macaco
Pra igualdade não virar mico”!