Guillaume
Seignac, Abraço de Pierrô, 1895
Terra
de cretinos e malfeitores
O
Carnaval na Toca da Jiboia dura 7, 17 ou 77 noites
Desde
que o Zé Pereira trocou seu bombo
Por
viola caipira benzida com terra vermelha de montanha
As
profecias dos antigos livros do antigamente
Já
escancaravam esta verdade:
No
ano de nosso sinhô de dous mili e dezasseis
Ou
dezassete, conforme as interpretações
Astrocômicas
O
folião seria punido:
Não
pular marchinha, olê olê
Skindo-le
skindo-lá lá
E
o samba de escola ficaria um ano inteiro confinado
Nos
muros altos das universidades, para estudo
(Ou
quarentena, há que se esclarecer isto)
(Ou
alguma coisa entre isso e aquilo)
(Ou
coisa nenhuma)
Sobre
o sumiço do frevo que foi comprar
Mortadela
Saiu
sem sombrinha, nem guarda-sol
Ainda
não voltou: mas volta!
Foi
quando o capoeirista Madame Satã
Deu
de si para consigo conferindo a golpes rabo de arraia
No
Rei Momo, gozador
Estocadas
de navalha que furaram os olhos
De
Arlequim, Pierrô e Colombina
Não
sobrando amor nenhum, só três ceguetas mascarados
E
descrentes de todo amor...
Depois
da briga
O
capoeirista ainda teve tempo de dizer
O
que nenhum outro alguém
Teve
coragi:
Lolita
Leine é coisa assim de beleza escabrosa
Cabrón
travekón maricas
Não
é só naftalina, traça e vira casacas que saem do armário
Das
tradicionais casas das famílias mais que respeitosas
Da
infame Toca da Jiboia
Terra
de cretinos e malfeitores, para alguns estrangeiros
Acrescente-se
As
mais tradicionais famílias mais que unidas evitam
O
uso de armários em seus quartos
E
Lolita Leine decretou
Rainha
do Carnaval e da Toca da Jiboia
Seu
reino por um paetê, inclusive
“A
música do Carnaval este ano
Será
em minha homenági:
Sucesso
de norte a sul
De
cabo arrabo do país
Que
país também tem rabo, sim!
Só
colar orelhas
Em
rádim de pilha, tevê acolorida e smartphone
Nos
folguedos e entrudos por sobre calçamentos
E
meios fios
Que
essa modinha te pega
A
do FolkPunkSertanejo
Ah!
E ninguém te segura / E ninguém te
segura”
No
que o Madame entornou o caldo dizendo
Com
bigode de feijão ou leite
Ao
leitor cabe a decisão:
“Só
podia ser filha de bruxa mesmo, esta Lola”
“Nasceu
pra cumprir praga de maldição”.
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
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Voz,
violão, letra e música: Albani
Viola
caipira: Mick Oliveira