sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Lolita Leine no bloco do CoV

Guillaume Seignac, Abraço de Pierrô, 1895


Terra de cretinos e malfeitores
O Carnaval na Toca da Jiboia dura 7, 17 ou 77 noites
Desde que o Zé Pereira trocou seu bombo
Por viola caipira benzida com terra vermelha de montanha
As profecias dos antigos livros do antigamente
Já escancaravam esta verdade:
No ano de nosso sinhô de dous mili e dezasseis
Ou dezassete, conforme as interpretações
Astrocômicas
O folião seria punido:
Não pular marchinha, olê olê
Skindo-le skindo-lá lá
E o samba de escola ficaria um ano inteiro confinado
Nos muros altos das universidades, para estudo
(Ou quarentena, há que se esclarecer isto)
(Ou alguma coisa entre isso e aquilo)
(Ou coisa nenhuma)
Sobre o sumiço do frevo que foi comprar
Mortadela
Saiu sem sombrinha, nem guarda-sol
Ainda não voltou: mas volta!

Foi quando o capoeirista Madame Satã
Deu de si para consigo conferindo a golpes rabo de arraia
No Rei Momo, gozador
Estocadas de navalha que furaram os olhos
De Arlequim, Pierrô e Colombina
Não sobrando amor nenhum, só três ceguetas mascarados
E descrentes de todo amor...

Depois da briga
O capoeirista ainda teve tempo de dizer
O que nenhum outro alguém
Teve coragi:
Lolita Leine é coisa assim de beleza escabrosa
Cabrón travekón maricas
Não é só naftalina, traça e vira casacas que saem do armário
Das tradicionais casas das famílias mais que respeitosas
Da infame Toca da Jiboia
Terra de cretinos e malfeitores, para alguns estrangeiros
Acrescente-se
As mais tradicionais famílias mais que unidas evitam
O uso de armários em seus quartos

E Lolita Leine decretou
Rainha do Carnaval e da Toca da Jiboia
Seu reino por um paetê, inclusive
A música do Carnaval este ano
Será em minha homenági:
Sucesso de norte a sul
De cabo arrabo do país
Que país também tem rabo, sim!
Só colar orelhas
Em rádim de pilha, tevê acolorida e smartphone
Nos folguedos e entrudos por sobre calçamentos
E meios fios
Que essa modinha te pega
A do FolkPunkSertanejo
Ah! E ninguém te segura / E ninguém te segura

No que o Madame entornou o caldo dizendo
Com bigode de feijão ou leite
Ao leitor cabe a decisão:
Só podia ser filha de bruxa mesmo, esta Lola”
Nasceu pra cumprir praga de maldição”.
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
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Voz, violão, letra e música: Albani
Viola caipira: Mick Oliveira 



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