MILONGA MEIA-SOLA
(c. a. albani da silva, o inventor do vento)
Fiz uma milonga meia-sola
Para ver se ela cola
Nos pagos do Brasil
De dia ela é só dignidade
Canta a família brasileira
E o bom macho viril
À noite ela fica desvairada
Ofende as pessoas humilhadas
E rebola até o chão
Filma seus vexames moralistas
Se fazendo de artista
Causando sensação…
Lá no galpão do sapateiro
Onde a oficina esconde um puteiro
Propõe remendar
O meu sapato gasto e furado
Roto e todo esbodegado (esfarrapado)
Como o povo sempre está
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Participações:
Mick Oliveira: Acordes roqueiros
K Bitello: Sugerindo rimas
Jujuba Negreiros: Censurando rimas
Marcos Delfino: Sugerindo o assunto
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Leituras no embalo:
* A raposa e o corvo – Fábula de Jean De La Fontaine (1668)
* O recurso do método – Alejo Carpentier (1974)
* Zero – Ignácio de Loyola Brandão (1975)