PLAYLIST DO LIVRO
CONTOS PRA CANTAR
DO INVENTOR DO VENTO
#13 REFRESCOS da
ALMA
Foi
num dia de 2011:
À
tarde, recebi uma jovem cantora
Para
gravar um jingle político
No
meu estúdio caseiro
Era
um reggae e falava alguma coisa sobre
O
conselho tutelar;
À
noite, participei de uma roda de samba
Com
serestas boêmias tipo Nelson Gonçalves
Dois
músicos veteranos da cidade:
Um
crooner elegante já branquejando as melenas
Um
violonista de sete cordas e dez dedos ligeiros
Pensei
então nessas ocasiões benfazejas
Que
nos refrescam a alma!
Seriam
os mesmos refrescos
Para
personagens anônimos como nós
Ou
ilustres personagens históricos
Teriam
outros refrescos para suas almas?
A
letra toda é metáfora
A
resposta cabe a cada leitor e ouvinte inventar…
*
Em
uma primeira tentativa
Toquei
esta canção em ritmo samba torto
Que
é como chamo
Minha
incapacidade de tocar samba direito
Fracassando,
apelei para o meu chão: rock
E
meti um tchá cum dum no violão
Continuou
a mesma porcaria!
Anos
depois
Experimentando
em meu laboratório
Baterias
eletrônicas no tecladinho do Seu Fulê
Com
som de trilha de videogame (16 bits!)
Consolidei
duas partes com andamentos distintos
Daí
foi um pulo para meu amigo
Alemão
Cristiano
Entrar
quebrando tudo com a sua bateria!
Vuuuuush
***
REFRESCOS
DA ALMA
(c.
a. albani da silva, o inventor do vento)
Não
prometa a Pandora o que não se pode cumprir
Não
menospreze a sabedoria daquele que não sabe ler
Nem
Maomé, nem Jesus, nem Buda, nem Sócrates
Rabiscaram
um bilhete só
Dia
desses encontrei-me com a última das deusas
Astreia,
a Virgem, cantou docemente para mim
Mandei-lhe
presentes e um abraço apertado
Por
sua mãe, a Justiça
Por
muito pouco ela não entendeu a cabala
Mas
se esqueceu dos burocratas de terno, gravata, sorriso e mala
Ela
trouxe um prato de comida requentada
Para
um Prometeu acorrentado
Não
explique a Arjuna aquilo que nem você entende
Os
tempos são duros, mas ainda podem piorar
Nem
Conselheiro, nem Sepé, nem Zumbi, nem Prestes
Desistiram
de causas perdidas
Noite
dessas encontrei-me ouvindo velhas serestas
Nesta
cidade bastam sete cordas para uma canção
Voar
livre como um pássaro
Por
muito pouco ele não perdeu a novela
E
se lembrou que para cada meia-noite há uma Cinderela
Ele
trouxe uma caixa de sapatos usada
Não
cabiam muitas coisas, afinal,
ele
não precisava
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