quinta-feira, 28 de março de 2019

Ibsen: O Inimigo do Povo




No dia mundial do teatro, Henrik Ibsen (1828-1906) me contou o enredo de sua famosa peça teatral de 1882, O INIMIGO DO POVO:


Em Molendal / Na Noruega / O dr. Tomas Stockman descobriu que as águas da cidade eram medicinais / Havia mais de 50 termas / Assim a prosperidade chegou ao local / Com um enorme fluxo de turistas / E o surgimento de um grande comércio / O prefeito Peter Stockman, irmão do médico famoso / Também ficou eufórico com / O fim do desemprego e da pobreza / O jornal local / O Mensageiro do Povo / Noticiou as descobertas do dr. Stock / Até que / Passado dois ou três anos / O mesmo doutor revelou análises químicas que / Afirmavam: as termas estavam todas poluídas / Completamente infectadas após poucos anos de uso! / Precisavam urgentemente ser fechadas e tratadas / Deveria ser trocado todo o encanamento / Para captar água direto das nascentes / E não como fora feito às pressas / Com canos muito próximos aos pântanos da cidade / Precisava-se também construir esgotos / E essas obras custariam 10 milhões de coroas / E dois anos de trabalho… / O jornal levantou a questão / Quem seria o culpado por essa crise? / Ou melhor / Por essa irresponsabilidade! / O jornal fazia o tipo de vender notícias / Com uma embalagem / Em que só cabiam reportagens onde / O bom era bom / O mau era mau / Havendo uma força sobrenatural que resolvia as situações / E recompensava os bons / Castigando os maus / Pois os jornalistas acreditavam que / Esse era o alimento que os leitores do povo desejavam… / Sendo assim / O prefeito propôs à imprensa / Um relatório alternativo ao do médico / Apontando falhas / Apontando os riscos de prejuízos / Dessas denúncias feitas pelo médico / Prejuízos inclusive ao jornal / Diminuindo vendas e anunciantes / A esposa do médico / Pensava parecido / Sugerindo ao marido / Não comprar essa briga / Por medo e precaução / Frente aos muitos e poderosos inimigos / Proprietários, lojistas, investidores, governo, imprensa, burguesia / E dito e feito / Assim se formou uma maioria que / Saiu a boicotar o doutor e sua família / No que o doutor / Sem sequer poder explicar o resultado de seus trabalhos / Sobre a saúde e o risco de morte de grande parte da população de Molendal / Reconheceu ele então que as maiorias detêm o poder / Mas estava ele convicto também de que as minorias detêm a justiça... / Chegaram a acusá-lo / Primeiro, de aristocrata (metido a dono da verdade) / Depois de revolucionário (homem “do contra” frente à vontade popular) / O médico anotou: / “Quando a verdade chega a atacar e destruir / “Quem dela discorda / “É porque se tornou uma mentira” / O prefeito acusou o médico de querer dividir o povo / E conclamou / Com sucesso / As massas a atacarem o INIMIGO do POVO / A multidão apedrejou a casa do doutor / Ele foi retaliado, perdendo clientes / A casa que alugava foi-lhe retirada / A filha (que sempre lhe apoiou) foi demitida da escola onde lecionava… / Mesmo assim / Dr. Stock decidiu não se exilar na América / Decidiu seguir em Molendal / Ainda que se mudando para a periferia da cidade / Acreditava que lá / Entre os pobres / Renasceria a esperança / Assim como / Anotou: / “O homem mais forte / É o que está mais só!”.
(Inspirado na versão livre de Domingos de Oliveira)
c. a. albani da silva, o inventor do vento, 27.03.2019

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