No
dia mundial do teatro, Henrik Ibsen (1828-1906) me contou o enredo de
sua famosa peça teatral de 1882, O
INIMIGO DO POVO:
Em
Molendal / Na Noruega / O dr. Tomas Stockman descobriu que as águas
da cidade eram medicinais / Havia mais de 50 termas / Assim a
prosperidade chegou ao local / Com um enorme fluxo de turistas / E o
surgimento de um grande comércio / O prefeito Peter Stockman, irmão
do médico famoso / Também ficou eufórico com / O fim do desemprego
e da pobreza / O jornal local / O Mensageiro do Povo / Noticiou as
descobertas do dr. Stock / Até que / Passado dois ou três anos / O
mesmo doutor revelou análises químicas que / Afirmavam: as termas
estavam todas poluídas / Completamente infectadas após poucos anos
de uso! / Precisavam urgentemente ser fechadas e tratadas / Deveria
ser trocado todo o encanamento / Para captar água direto das
nascentes / E não como fora
feito às pressas / Com
canos muito
próximos
aos pântanos da cidade / Precisava-se
também construir esgotos / E essas obras custariam 10 milhões de
coroas / E dois anos de trabalho…
/ O jornal levantou a questão / Quem seria o culpado por essa crise?
/ Ou melhor / Por essa irresponsabilidade! / O jornal fazia o tipo de
vender notícias / Com uma embalagem / Em que só cabiam reportagens
onde / O bom era bom / O mau era mau / Havendo uma força
sobrenatural que resolvia as situações / E recompensava os bons /
Castigando os maus / Pois os jornalistas acreditavam que / Esse era o
alimento que os leitores do povo desejavam… / Sendo
assim / O prefeito propôs à imprensa / Um relatório alternativo ao
do médico / Apontando falhas / Apontando os riscos de prejuízos /
Dessas denúncias feitas pelo médico / Prejuízos inclusive ao
jornal / Diminuindo vendas e anunciantes / A esposa do médico /
Pensava parecido / Sugerindo ao marido / Não comprar essa briga /
Por medo e precaução / Frente aos muitos e poderosos inimigos /
Proprietários, lojistas, investidores, governo, imprensa, burguesia
/ E dito e feito / Assim se formou uma maioria que / Saiu a boicotar
o doutor e sua família / No que o doutor / Sem sequer poder
explicar o resultado de seus trabalhos / Sobre
a
saúde e o risco de morte de grande parte da população de Molendal
/
Reconheceu ele
então que
as maiorias detêm o poder / Mas estava ele convicto também de que as
minorias
detêm
a justiça...
/ Chegaram a acusá-lo / Primeiro, de aristocrata (metido a dono da
verdade) / Depois de revolucionário (homem “do contra” frente à
vontade popular) / O médico anotou: / “Quando a verdade chega a
atacar e destruir / “Quem dela discorda / “É porque se tornou
uma mentira” / O prefeito acusou o médico de querer dividir o povo
/ E conclamou / Com sucesso / As massas a atacarem o INIMIGO do POVO
/ A multidão apedrejou a casa do doutor / Ele foi retaliado,
perdendo clientes / A casa que alugava foi-lhe retirada / A filha
(que sempre lhe apoiou) foi demitida da escola onde lecionava… /
Mesmo assim / Dr. Stock decidiu não se exilar na América / Decidiu
seguir em Molendal / Ainda que se mudando para a periferia da cidade
/ Acreditava que lá / Entre os pobres / Renasceria a esperança /
Assim como / Anotou: / “O homem mais forte / É o que está mais
só!”.
(Inspirado
na versão livre de Domingos de
Oliveira)
c.
a. albani da silva, o inventor do vento, 27.03.2019
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