JOKERMAN + FILHO DA NATUREZA (Dylan, Gildo & Albani)
*A todos que, como o Chiquinho, nasceram em 21/10 de 2020 trazendo inspiração em meio à pandemia e ao pandemônio.
Canções, poesia e ficções. Ventiladores contra o Inferno geral em que estamos metidos.
JOKERMAN + FILHO DA NATUREZA (Dylan, Gildo & Albani)
*A todos que, como o Chiquinho, nasceram em 21/10 de 2020 trazendo inspiração em meio à pandemia e ao pandemônio.
A Nobel de Literatura deste ano é poeta e mujer: LOUISE GLÜCK! Seus livros nunca foram traduzidos para o nosso Brasil que, mesmo hoje capacho do Tio Sam (outra vez), e bombardeado por música em inglês, há 50 anos, desconhece a poesia (muito boa!) da América do Norte. Já tinha lido ela no jornal Rascunho, que assino há anos, e catei aqui na revista Piauí esses versos traduzidos pelo Arthur Nestrovski, em 2018:
ARCHAIC FRAGMENT
I was trying to love matter.
I taped a sign over the mirror:
You cannot hate matter and love form.
It was a beautiful day, though cold.
This was, for me, an extravagantly emotional gesture.
……. your poem:
tried, but could not.
I taped a sign over the first sign:
Cry, weep, thrash yourself, rend your garments –
List of things to love:
dirt, food, shells, human hair.
……. said
tasteless excess. Then I
rent the signs.
AIAIAIAI cried
the naked mirror.
FRAGMENTO ARCAICO
Tentava ter amor pela matéria.
Colei uma frase no espelho:
Não se pode odiar a matéria e amar a forma.
Fazia um dia lindo, mas frio.
Isso, para mim, era um gesto de extravagância emocional.
……. teu poema:
tentei, mas não deu.
Colei outra frase em cima da primeira:
Grita, chora, te escabela, rasga tuas roupas –
Lista de coisas para se amar:
Sujeira, comida, conchas, cabelos
……. disse
excesso de mau gosto. Então
arranquei as frases.
AIAIAI gritou
o espelho cristalino.
– LOUISE GLÜCK (1943)