Vasco Prado,
Dormideira, s/d
Pai e Mãe
J.M.G. Le
Clézio (1940) começa
seu livro “O Africano” (2004) assim:
“Todo ser humano é um resultado de pai e
mãe. Pode-se não reconhecê-los, não amá-los, pode-se duvidar deles. Mas eles aí
estão: seu rosto, suas atitudes, suas maneiras e manias, suas ilusões e
esperanças, a forma de suas mãos e de seus dedos do pé, a cor dos olhos e dos
cabelos, seu modo de falar, suas ideias, provavelmente a idade de sua morte,
tudo isso passou para nós”.
Concepção
e Nascimento
Le Clézio invoca a Mãe
África:
“Os africanos costumam dizer que não é do
dia em que saem do ventre materno que as pessoas nascem, mas sim do lugar e do
instante em que elas são concebidas”.
O Vento Africano
Agora fala do Vento na
Nigéria, onde viveu aos 8 anos de idade, logo após a II Guerra Mundial, filho
de um médico do Império Britânico:
“[...] o vento que
envergava as grandes árvores ao redor do quintal, que arrancava as palmas do
teto, rodopiava na sala de jantar, passando por debaixo das portas, e apagava
os lampiões a querosene”.
Angélique
Kidjo – Batonga
(1991):
Zee Avi – The
Book of Johnson Morris (2011):
Mariachi El Bronx – Holy (2009):
Buvar e Pecuchê falam sobre
poesia
Não
haverá poetas imortais neste século XXI insosso e debochado! – Pecuchê afirma em
voz alta.
Teimo
em não concordar com você, Pecuchê. Sempre haverá, se é que já não existe por
aí, um novo Baudelaire,
um novo Whitman,
outro Lorca
e seus sonetos obscuros, outro Neruda e seu engajamento político. Há que se ter
esperança.
Aliás, Pecuchê, poesia é a bengala de cada um. Nada
mais. – Acrescentou Buvar.
Não,
não, Buvar. A genialidade é frágil e rara. A história não se repete, exceto
enquanto tragédia e depois fraude.
Farsa,
Pecuchê, depois farsa!
Buvar
declama então para Pecuchê, e quem mais quiser ouvir, o que se lembra de um poema
pescado num museu:
Ouça o
apito de Diuqueine soprando
Soprando
como se fosse varrer meu mundo
Soprando
como se estivesse acabando
Soprando
como nunca antes ela soprara
Soprando
como se nunca mais fosse soprar
Soprando
como se o Céu fosse se desmontar
Soprando
como se fosse me matar
Consegue
ouvir o apito de Diuqueine soprando?
Soprando
através de outra cidade ruim
Ouça o
apito de Diuqueine soprando
Soprando
como se ela soprasse no ritmo
Bob Dylan – Duquesne Whistle (2012): Não é apenas "O Esqueleto" que se dá mal. Veja o "Velho Bardo" a cantar mais uma história de fracasso...
Raphael
Saadiq – Good
Man (2011): Sim, Raphael, elas são
muito más. Muito más mesmo!
Clementina
de Jesus e João Bosco – Boca de Sapo (1979):
“Sendo
fraco de início, quem apanha a seguir se torna forte”.
Quem concorda com Le Clézio
e o provérbio árabe?
Caran D´Ache, Caçador, 1898