* E para ajudar a manter viva as utopias, com mais músicas, vídeos, poemas, contos e ficções, encomende o seu CD do "CoV": cavalgandoovento@gmail.com / carlosadriano.albani@gmail.com
(51) 9678 7681
Por fim,
um poema e
uma prosa pro Natal e pro Ano Novo – só não sei mais qual seria pro Natal e
qual seria pro Ano Novo...
Jardim interior
(Mário Quintana, 1906 a 1994, do livro “A Cor do Invisível” - 1989)
Todos os
jardins deviam ser fechados,
Com altos
muros de um cinza muito pálido,
onde uma
fonte
pudesse
cantar
sozinha
entre o
vermelho dos cravos.
O que mata
um jardim não é mesmo
alguma
ausência
nem o
abandono...
O que mata
um jardim é esse olhar vazio
de quem
por eles passa indiferente.
Tia Júlia e o escrevinhador
Pensou que seria uma ocasião privilegiada para
pôr à prova a norma moral que havia feito sua desde jovem e segundo a qual era
preferível compreender do que julgar os homens. Não estava nem horrorizado, nem
indignado, nem surpreso demais.
(Dr. Alberto de Quinteros, conforme Mario
Vargas Llosa, 1977)
P.S.: Durante as férias
escolares o Vento sopra mensalmente!
Pierre-Cécile Puvis de Chavannes, Jovens gurias na praia, 1879
Sobre a arte de fazer arte
nas lavanderias:
"Ao
invés de lavar roupa suja, procuramos fazer poesia, isto não sendo possível, no
mínimo, daí tentamos a música".
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
CoV– Até
Breve (ao vivo na lavanderia - Parte 1): Em meio
aos preparativos pro lançamento do disco do CoV, no Estúdio LACOS Bar
(14/12), a Ventania vai soprando em vários lugares e com a participação mais
que especial do Batera do Vento: Alemão Cristiano.
CoV – Diga Cá (ao vivo na lavanderia – Parte 0): O que faz a diferença no Brasil? Me
diga cá, senhora...
Quem é o poeta
(Tadeusz Rózewicz*, 1921)
Poeta é aquele que escreve
poemas
e aquele que não escreve
poemas
poeta é aquele que arrebenta
grilhões
e aquele que coloca grilhões
em si próprio
poeta é aquele que crê
e aquele que não consegue
crer
poeta é aquele que mentiu
e aquele que foi iludido
poeta é aquele que comeu da
mão
e aquele que decepou as mãos
poeta é aquele que parte
é aquele que não consegue
partir
(Da
coletânea “Céu vazio” – 63 poetas eslavos, organização e tradução de Aleksandar
Jovanovic)
* Adquira já o seu disco do “CoV”,
com produção de Cleiton Amorim e apoio do FUCCA, ajudando assim a manter viva
as utopias, garantindo também seu lugar no show de lançamento do dia 14/12
(a partir das 21h, no Estúdio LACOS Bar, Rua Dona Palmira, 234, Granja Esperança, Cachoeirinha/RS).
Lançamento
oficial:14/12noEstúdio
LACOS Barem
Cachoeirinha/RS.
Com a participação especial doAlemão Cristianona bateria, integrante da bandaMadame Satã,e outros convidados especiais!!!!
Garanta seu lugar confirmando presença antecipadamente!!! Escreve, liga pá nóis!!!!!
Que os Bons
Ventos soprem...
(Inventor do Vento)
...para aAline, Amazona, toque feminino em meio à máscula Ventania;
para oMick, Profeta com as seis cordas de sua
guitarra; e que fez duma viola caipira autêntico sitar indiano;
para aviola caipirado Albani, que faz o Vento sorrir;
para oCleiton, produtor, embora a grana fosse
curta a gentileza foi comprida;
para oLuan, Don Juan do século XXI, técnico de
som quando as mulheres lhe dão folga;
para osverões de 2011 e 2012que tantas belas canções inspiraram ao
Albani;
para osClubes Literáriosde Gravataí e Cachoeirinha, que
acolheram o Vento em meio às Letras;
para oFUCCA(Fundo
da Cultura de Cachoeirinha/RS) e todos os instrumentos e/ou espaços públicos de
educação e cultura: coletes salva-vidas para o que não é modinha;
paraEl “Che” Guerrillero, o Velhoster do
Albani, que serviu de transporte básico durante as sessões de gravação;
para oChico, que antes de cantar em “Canção
Pra Todo Mundo” discutiu com o Albani sobre o marxismo e sobre Cuba nas
escadarias do Estúdio;
para aHeigli, que fez o coro em “Guria
(Chuva Caindo)” e papeava com o Albani enquanto o Cleiton não vinha;
para aAline, esposa do Cleiton, que faz um
crepe danado de bom;
para oLucas, que sempre me chama de Isalino;
para aFernanda Estevãoque tem um gogó de ouro, como se ouve
em “Pontos de Vista”;
proChris Mithra, que cantou no baião “Diga
Cá” e trouxe consigo o Silvio Santos pra participar também;
proAmaro Flores Castilhos, poeta, e seu “A
primavera triste dos homens”: baita poema;
pro sax doJoão; e os 1001 instrumentos do “San”;
prasinusite, que mal-tratou o Albani mais do
que algumas raparigas;
para oBrasil: suas mazelas e possibilidades de
redenção, ao fim e ao cabo, é sobre o Brasil esse disco;
para todoleitoreouvintedo Vento;
para os familiares, amigos e estudantes dovideoclipede “Guria (Chuva Caindo)” e
além-mar, outros mundos, dimensões, pelo cosmos;
paraquemeu
esqueci de lembrar, que porventura pode ser gente importante;
e para mim mesmo, oAlbani, Carlos Adriano Albani da Silva,
Dido/Bido pra alguns também, professor de História nas horas vagas:Inventor
do Ventonas horas
ocupadas.
(Novembro de 2013)
CoV–Guria (Chuva Caindo):
CoV– Despetalada Rosa:
CoV–Até Breve:
CoV–O Esqueleto:
Quando o Vento sorri
(Letra de C. A. Albani da Silva, o Inventor do
Vento
Artemisia Gentileschi, Judith e Holofernes, 1612 a 1621
Ela não sabia mais o que
queria
(C.
A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
Durou somente um dia
Mas foi o dia mais longo da sua vida
Até então ela sempre soube o que quis
Mais ou menos o que todo mundo quer:
Saúde
Casar bem
Formar-se
Um bom emprego
Mandar mais do que obedecer
E
[...]
Ser feliz.
Porém naquela manhã
Ela acordou com a sensação
De que não sabia mais o que queria
Debruçou-se sobre os livros da faculdade
Pela primeira vez estava lendo a sério
Mas os livros não diziam coisa com coisa
Eram só passatempo
Procurou então sua mãe
De um modo geral, as mães sempre sabem o que os outros querem
À beira dos 70, a senhora desabafou:
“Eu já não quero é mais nada desta vida
Vire-se, minha filha! Vire-se!
Quando eu tinha a sua idade, não fazia o que queria
Mas o que podia”.
Carente, Doralice caminhou até a esquina
Lá se encontrou com o vento
Não era assim um ventão...
Estava mais pra ventinho
Olhou no fundo dos olhos dele: e não viu nada
Ficou um pouquinho mais
Tascou-lhe um beijo que quase lhe quebrou os dentes
Entre abraços e mordidas percebeu que anoitecera
Pediu licença e partiu
O ventinho ficou ali
Assobiando melodias que ele mesmo inventava
Sem querer, Doralice chegou ao centro espírita kardecista
Que frequentava quando ainda sabia o que queria
Afinal, os espíritas têm resposta pra tudo
Mais até do que os próprios cientistas
“As coisas têm o seu tempo, Doralice
Chegou a sua hora de perder a hora
Sabe como é
Sempre tem um dia na vida em que a gente dorme mais do que a
cama”.
Brancosamente o médium refletiu.
Ainda sem saber o que queria, mas um pouco menos confusa
Dora entrou no ônibus
Foi quando o noivo ligou:
“Hoje vamos comer sushi”.
“Oba! Adoro temaki”.
“Prefiro só o sashimi”.
“Também”.
E assim ela soube o que queria:
Comer sushi.
Graças ao bom
deus, criador do Céu, da Terra, capitalismo e democracia, a felicidade
hoje está à disposição de todos ou quase: em praça pública, nos mercados (com bons preços, aliás, parceláveis no cartão).
Cavalgando o Vento – Verônica(2011): Toada
caipira para o século XXI: uma singela homenagem do Inventor e da Amazona do
Vento a todas às Verônicas do Brasil (de ambos os sexos e além).
João Gilberto – Doralice(1958):
The Rolling Stones –
Lies(1978):
Eu, Mariana, que devia um texto
(Mariana Pereira Gama*)
Qual é a bola da vez?
Qual o hit enjoado?
Produto enlatado pro freguês
Em pouco tempo esgotado
Como ainda não cansaram?
Sempre os mesmos tons pasteis
Praticidade, eles disseram
Assinaram todos os mesmos papeis
Estremecedor esse silêncio
Essa imagem congelada
Onde tudo vem programado
Onde a reflexão é barrada.
(Mari G. é ex-aluna
da EMEF Alberto Pasqualini, Gravataí/RS, atualmente trabalha em uma fábrica de
pára-quedas voltada aos anjos que, já sem asas, vivem despencando dos céus).