domingo, 7 de dezembro de 2014

O pégaso branco & A ciranda dos pequenos

Ado Malagoli, Repouso, 1942



O pégaso branco
(Álvaro Moreyra, 1888 a 1964)

O pégaso branco
De olhos de sol
Com as asas de aurora
Pousou na manhã.
Seu peito de sombra
Guardou o segredo
Da música estranha
De sonhos em rumo.
Seus lábios de âmbar
Calaram a angústia
Dos pássaros mudos.
E o pégaso branco
Um dia partiu.
Seus dentes de neve
Haviam trincado
Os nardos azuis.
Seu canto de bronze
Quebrou de repente
Silêncios de luz.
E cravos de sol
Tombaram no mar.
O pégaso branco
De cascos de vidro
Fugiu da manhã.
Levou no seu voo
Palavras de lua
E o riso de estrelas
Que eu tinha na boca.


A ciranda dos pequenos
(Álvaro Moreyra, 1888 a 1964)

E os homens ainda lutam pela paz!
Por que não plantam rosas nos caminhos
E perfumam de nardos os cabelos.
Por que não tentam compreender os pássaros,
Trabalhar ao lado das abelhas
E no verão cantar com as cigarras.
Por que não se renovam com a manhã
E não oram ao fim de cada dia.
Por que não transpõem a barreira do ocaso
Para cantar na ciranda dos pequenos,
Igualando em força, superando em bondade,
Pelo simples fato de ser bom.
Por que não sentem o rumor da vida.
Por que não sondam o fundo do oceano
Para escutar o silêncio do seu mundo.
Por que não amam na Terra o Universo
Para encontrar a sua própria paz.


Túlio PivaPandeiro de Prata

Túlio PivaGente da Noite




Nenhum comentário:

Postar um comentário