No meu último aniversário recebi de
presente o Americanah
das mãos de uma baita amiga que me disse: é um romance, a autora é
nigeriana e feminista, acho que irás gostar.
Já tinha ouvido falar da Chimamanda Ngozi
Adichie, mas ainda não tinha lido nada dela. Fiquei
tomada pela curiosidade e ansiedade para iniciar a leitura então logo abandonei
o que estava lendo na época e me deixei levar pela narrativa incrível desta
mulher maravilhosa.
O livro conta a história de Ifemelu,
uma garota nigeriana que devido às recorrentes greves na sua universidade,
muda-se para os Estados Unidos para estudar.
A protagonista torna-se uma
imigrante e essa trajetória dela é o grande fio condutor do romance.
A narrativa inicia-se com o retorno
dela à Nigéria e no decorrer dos capítulos acompanhamos seu caminho entre os
Estados Unidos e seu país de origem.
Ifemelu é uma mulher inteligente, sagaz, cativante e
questionadora. E devido a este tipo de personalidade, a narrativa consegue
abordar muitos problemas pertinentes à nossa sociedade. Exemplo disso é a questão racial:
até sua chegada aos Estados Unidos Ifemelu não se enxergava como negra, mas logo se
depara com a realidade da discriminação racial que não existia para ela até
aquele momento.
Para mim, um dos trechos mais emocionantes do
livro se dá na descrição do processo que culmina com a eleição de Barack Obama
como presidente norteamericano. É muito interessante ver através dela o
sentimento de esperança que inundava muitas pessoas naquele contexto!
O livro nos traz reflexões
importantes, mas de forma natural, mostrando o quanto essas questões estão
presentes no nosso cotidiano.
Além da ponte entre os EUA e a
Nigéria, posso dizer que foi muito bom ler uma narrativa que descreve um país
do continente africano, na qual é possível identificar alguns de seus costumes,
sua divisão étnica, além de imaginar suas cidades e aldeias.
É necessário que façamos o
rompimento com aquela visão preconceituosa e limitadora que tivemos do
continente africano na escola ou nas mídias na qual a África era representada
de uma forma única, sem a diversidade cultural, étnica, social e política que
tem.
Acredito que ler autores de
diversas etnias africanas é um começo para esse processo que só irá nos
enriquecer. E começar com este livro vai ser um prazer, te garanto!
Título: Americanah
Autor: Chimamanda Ngozi
Adichie
Páginas: 516
Lançamento: 2014
Editora: Cia das Letras
Tradução: Julia Romeu
Resenha: Aline Sparremberger
De trilha
sonora, vamos com poema de Solano Trindade, “Sou Negro”, musicado pelo
Inventor do Vento em 2013. Em seguida, inevitável ao se tratar da Nigéria, a “água
que não tem inimigos” de Fela Kuti e sua banda Afrika ’70.