Canção do ex-mágico
(C. A. Albani da Silva – livremente inspirada no
conto “O ex-mágico da taberna Minhota”,
Murilo Rubião, 1949)
Ele
não nasceu nem morreu
Não
estava preparado para sofrer
(Como
eu e você)
Quando
viu tinha os cabelos grisalhos
Público
funcionário
(Entediado)
O
ex-mágico da Taberna Minhota
Fazia
truques sem saber como ou por quê
(Mas
queria saber)
Retirava
empresários do bolso
Coelhos,
lagartos e cobras do chapéu
(Vivia
ao léu)
No circo agradou multidões
Mas também arrumou confusões
O cadarço que virou serpente
Ele nunca consigo contente
Por
isso tentou o suicídio
Mas
devorou os próprios leões que dos bolsos tirou
(Só
teve dor de barriga)
A
pistola virara um lápis
Desde
a serra saltou pelos ares
(Mas
se salvou)
Foi
quando entrou pro emprego público
Pensando
assim morrer lentamente
(Lá
se apaixonou)
Inclusive
compôs poemas de amor
Para
os seios da sua colega datilógrafa
(Que
o rejeitou)
Tentou enganar o patrão
Pra evitar a sua demissão
Mas perdeu o dom da magia
Atolado na burocracia
Só
entendeu seus poderes mágicos
Depois
que os deixou para trás
(Sozinho
estás)
Agora
fica lamentando
Por
um tempo que não volta mais
(E
ele não aproveitou)
*Participação especial: “Alemão” Cristiano no cajón
**Gravada em 28/07/2015 no Laboratório de Sons do
Vento
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