René
Magritte, Os amantes, 1928
DIA
dos NAMORADOS
Inventor
do Vento, C. A. Albani da Silva
Diferentes
lugares para se amar?
1)
Na Prisão?
Foi
o padre católico Valentino que viveu no século III / Apaixonou-se
pela filha do carcereiro / Após ser preso em Roma / Por ser cristão
quando a nova religião era proibida no Império romano?
Ou
foi o padre católico Valentim que teimava em casar / Os jovens /
Mesmo que isso fosse proibido / Pelo Império romano que / Estava em
crise e em guerra contra os germânicos / E não queria deixar
ninguém casar / Porque casado nenhum moço queria ir pra guerra?
Doze
de Junho ou Catorze de Fevereiro? Eis a polêmica do Dia dos
Namorados desde 496…
2)
Numa Viagem?
O
bravo cavaleiro Tristão era um cavaleiro da Távola Redonda / Do Rei
Arthur da Inglaterra / E ganhou a missão de buscar / Na Irlanda / A
princesa Isolda / Noiva prometida para casar com seu tio: o Rei
Marcos da Cornualha / Sem querer / Eles beberam da poção do amor /
Feita por uma feiticeira para abençoar o amor do rei Marcos / Sabe
como é? / A viagem era longa e tediosa / A carroça sacudia muito
pelas ruas embarradas da Dublin de 500 / Deu uma sede danada no
pessoal… / Esta distração causou muitas tragédias / Pois o casal
não queria trair o Rei Marcos / Mas eles não conseguiam mais se
desgrudar depois de enfeitiçados pelo amor…
3) Num Palácio/Mausoléu?
Muntaz
Mahal era a joia do palácio / E foi amor à primeira mordida com o
príncipe indiano Shah Jahan / Casaram e tiveram 14 filhos / Na Índia
da dinastia Mogul / Ano de 1648 / Só que ela morreu após o parto do
décimo quarto filho / Inconsolado / O Shah ergueu um mausoléu / O
mais incrível palácio já feito a um morto / Surgiu assim o
monumento de Taj Mahal / A maior prova de amor do mundo?
4)
Numa fábrica?
Silva
era mestre de geleias na Fábrica dos Ritter / Em Caxuxa / Ano de
1950 / E pirou ao conhecer os olhos azuis de Petry / Só olhando a
moça de revesgueio / Na única bailanta do Florindo / Em Morungava /
Em que a mãe da moça tinha deixado ela ir / É que era aniversário
de uma prima / E naqueles tempos / Lugar de moça passear e fofocar /
Era na Missa de domingo / Na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem /
Perto da ponte do rio Gravataí / Não em bailes ou sociais...
Ora,
faceiro o Silva ficou quando Olavo / O entregador de frutas / Por
sinal / Amigo que tinha lhe ensinado a ser mestre de geleias / Na
Fábrica dos Ritter / Chegou levantando poeira na mal-assombrada
Estrada dos Ritter / Naquela segunda-feira quente pra dedéu / Disse
ao Silva que / A Petry trabalhava logo ali / Desde os 14 anos / Na
confeitaria da fábrica / Até o pai dela / Colono alemão e violeiro
/ Tinha morrido ao cair de um andaime erguendo a fábrica em 1940 /
Só que ela soltava mais tarde que o Silva / Ficava fazendo suspiros,
bolachas esquecidas e champanhas nos fornos da padaria até de noite.
Bem,
Silva não teve dúvida, aquele dia ele iria se atrasar um pouco para
o jantar da Mamãe Bugra…
Silva
e Petry ficaram 50 anos casados, até a morte os separar no ano 2000:
tiveram três filhos e cinco netos!
5) Na periferia?
Era no Texas / Estados Unidos
da América do Norte / Ano de 1930 / Outra crise capitalista /
Depressão econômica = Desemprego / Violência / Desigualdade &
Injustiça!
Clyde
Barrow era um garoto pobre / Piá insensível / Teimoso / Durão /
(Tinha vergonha de ser pobre) / Quando nasceu o bigode então /
Roubou seu primeiro galo-de-briga…
Bonnie
Parker era a doce filhinha da mamãe / Não passava de um 1, 50 /
Curtia cinema / Música country / Escrevia um diário / Ela teve uma
forte decepção amorosa / Com seu primeiro marido / E daí perdeu o
tino / À primeira mordida / Por Clyde Barrow… / Afinal como
sobreviver sem os carinhos de um fora-da-lei?
Começava
assim uma paixão infeliz / Sem limites / Com um fim trágico / Ela
inclusive ajudou ele a fugir da cadeia / E assaltaram bancos / E
postos de gasolina / Com isso / O “campeão” Clyde ficou 02 anos
preso, outra vez / Mas tudo recomeçou / Mataram 15 / No
bangue-bangue moderno das periferias urbanas das grandes cidades /
Criaram a gangue dos Barrow Sangrentos / Libertaram três pistoleiros
do grupo / Mas caíram na armadilha mortal / Do delegado Frank Hamer,
em Louisiana / O xerife negociou um indulto com o pai de um dos
ladrões do bando / O carro do cúmplice pifou / O casal foi ajudar o
comparsa / E tombou com 50 furos cada / Tiros de balas de chumbo / Os
traidores sempre, um dia, estiveram do nosso lado!
E
quem te falou que o amor é sempre bonitinho?
P.S.:
Entre a cadeia e o caixão / O casal de bandidos escreveu dezenas de
cartinhas de amor...
Ouça também a playlist "O amor é gostoso que nem pastel com ovo - uns se lambuzam, outros passam fome na rodoviária":
1) RAMALHETE de FLORES de FOGO que a CHUVA APAGOU: Sobre o rompimento das relações...
2) COLAR: Sobre os amores de verão...
3) O AMOR É TÃO BOM: Uma sátira do casamento na adolescência...
5) CANÇÃO DO TUDO PASSA - Valentina & Jerônimo: A crônica do amor na favela, digo, na COHAB...
6) OS NOIVOS: A crônica do casamento na roça...
7) NOSSO AMOR É PUNK BREGA: Sem frescura como o rock and roll punk - três acordes, curto & grosso / Exagerado no bom mau-gosto, um pouco tosco trash também...
* Capítulo VIII do livro "Contos Pra Cantar do Inventor do Vento", 2016
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