terça-feira, 12 de junho de 2018

DIA dos NAMORADOS


René Magritte, Os amantes, 1928

DIA dos NAMORADOS
Inventor do Vento, C. A. Albani da Silva
Diferentes lugares para se amar?

1) Na Prisão?
Foi o padre católico Valentino que viveu no século III / Apaixonou-se pela filha do carcereiro / Após ser preso em Roma / Por ser cristão quando a nova religião era proibida no Império romano?
Ou foi o padre católico Valentim que teimava em casar / Os jovens / Mesmo que isso fosse proibido / Pelo Império romano que / Estava em crise e em guerra contra os germânicos / E não queria deixar ninguém casar / Porque casado nenhum moço queria ir pra guerra?
Doze de Junho ou Catorze de Fevereiro? Eis a polêmica do Dia dos Namorados desde 496…

2) Numa Viagem?
O bravo cavaleiro Tristão era um cavaleiro da Távola Redonda / Do Rei Arthur da Inglaterra / E ganhou a missão de buscar / Na Irlanda / A princesa Isolda / Noiva prometida para casar com seu tio: o Rei Marcos da Cornualha / Sem querer / Eles beberam da poção do amor / Feita por uma feiticeira para abençoar o amor do rei Marcos / Sabe como é? / A viagem era longa e tediosa / A carroça sacudia muito pelas ruas embarradas da Dublin de 500 / Deu uma sede danada no pessoal… / Esta distração causou muitas tragédias / Pois o casal não queria trair o Rei Marcos / Mas eles não conseguiam mais se desgrudar depois de enfeitiçados pelo amor…

3) Num Palácio/Mausoléu?
Muntaz Mahal era a joia do palácio / E foi amor à primeira mordida com o príncipe indiano Shah Jahan / Casaram e tiveram 14 filhos / Na Índia da dinastia Mogul / Ano de 1648 / Só que ela morreu após o parto do décimo quarto filho / Inconsolado / O Shah ergueu um mausoléu / O mais incrível palácio já feito a um morto / Surgiu assim o monumento de Taj Mahal / A maior prova de amor do mundo?

4) Numa fábrica?
Silva era mestre de geleias na Fábrica dos Ritter / Em Caxuxa / Ano de 1950 / E pirou ao conhecer os olhos azuis de Petry / Só olhando a moça de revesgueio / Na única bailanta do Florindo / Em Morungava / Em que a mãe da moça tinha deixado ela ir / É que era aniversário de uma prima / E naqueles tempos / Lugar de moça passear e fofocar / Era na Missa de domingo / Na Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem / Perto da ponte do rio Gravataí / Não em bailes ou sociais...
Ora, faceiro o Silva ficou quando Olavo / O entregador de frutas / Por sinal / Amigo que tinha lhe ensinado a ser mestre de geleias / Na Fábrica dos Ritter / Chegou levantando poeira na mal-assombrada Estrada dos Ritter / Naquela segunda-feira quente pra dedéu / Disse ao Silva que / A Petry trabalhava logo ali / Desde os 14 anos / Na confeitaria da fábrica / Até o pai dela / Colono alemão e violeiro / Tinha morrido ao cair de um andaime erguendo a fábrica em 1940 / Só que ela soltava mais tarde que o Silva / Ficava fazendo suspiros, bolachas esquecidas e champanhas nos fornos da padaria até de noite.
Bem, Silva não teve dúvida, aquele dia ele iria se atrasar um pouco para o jantar da Mamãe Bugra…
Silva e Petry ficaram 50 anos casados, até a morte os separar no ano 2000: tiveram três filhos e cinco netos!

5) Na periferia?
Era no Texas / Estados Unidos da América do Norte / Ano de 1930 / Outra crise capitalista / Depressão econômica = Desemprego / Violência / Desigualdade & Injustiça!
Clyde Barrow era um garoto pobre / Piá insensível / Teimoso / Durão / (Tinha vergonha de ser pobre) / Quando nasceu o bigode então / Roubou seu primeiro galo-de-briga…
Bonnie Parker era a doce filhinha da mamãe / Não passava de um 1, 50 / Curtia cinema / Música country / Escrevia um diário / Ela teve uma forte decepção amorosa / Com seu primeiro marido / E daí perdeu o tino / À primeira mordida / Por Clyde Barrow… / Afinal como sobreviver sem os carinhos de um fora-da-lei?
Começava assim uma paixão infeliz / Sem limites / Com um fim trágico / Ela inclusive ajudou ele a fugir da cadeia / E assaltaram bancos / E postos de gasolina / Com isso / O “campeão” Clyde ficou 02 anos preso, outra vez / Mas tudo recomeçou / Mataram 15 / No bangue-bangue moderno das periferias urbanas das grandes cidades / Criaram a gangue dos Barrow Sangrentos / Libertaram três pistoleiros do grupo / Mas caíram na armadilha mortal / Do delegado Frank Hamer, em Louisiana / O xerife negociou um indulto com o pai de um dos ladrões do bando / O carro do cúmplice pifou / O casal foi ajudar o comparsa / E tombou com 50 furos cada / Tiros de balas de chumbo / Os traidores sempre, um dia, estiveram do nosso lado!
E quem te falou que o amor é sempre bonitinho?
P.S.: Entre a cadeia e o caixão / O casal de bandidos escreveu dezenas de cartinhas de amor...

Ouça também a playlist "O amor é gostoso que nem pastel com ovo - uns se lambuzam, outros passam fome na rodoviária":

1) RAMALHETE de FLORES de FOGO que a CHUVA APAGOU: Sobre o rompimento das relações...

2) COLAR: Sobre os amores de verão...

3) O AMOR É TÃO BOM: Uma sátira do casamento na adolescência...

4) ATÉ BREVE: Sobre o primeiro amor aquele que não tem passado nem futuro!

5) CANÇÃO DO TUDO PASSA - Valentina & Jerônimo: A crônica do amor na favela, digo, na COHAB...

6) OS NOIVOS: A crônica do casamento na roça...

7) NOSSO AMOR É PUNK BREGA: Sem frescura como o rock and roll punk - três acordes, curto & grosso / Exagerado no bom mau-gosto, um pouco tosco trash também...
* Capítulo VIII do livro "Contos Pra Cantar do Inventor do Vento", 2016

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