Quer
conhecer um pouquinho de um dos maiores escritores do mundo, o russo
Leão TOLSTÓI (1828-1910)? Ouça então esse pod POEMA cast do
Inventor do Vento! Vuuush
O
ENCONTRO COM O CONDE LEÃO
*Dedicado
ao meu amigo Tiago Oliveira
Foi
durante aquela gripe danada
Três
anteontens e o mundo parado
Me
encontrei com o Conde Leão
Ele
veio atrás de mim
Me
convidou para lecionar
Na
escola que havia fundado
Para
os agricultores do seu feudo
Chamava
Poliana, a Escola do Campo Limpo
Logo
ali na Rússia, tão grande Rússia
Único
lugar do mundo onde o conde cabia
Eu
disse que ia pensar sobre o caso…
Para
me convencer, afirmou o conde ser
O
Cristo um tipo de anarquista
E
que nenhuma igreja prestava
E
que nenhum governo inspirava confiança
Mas
eu soube depois que
O
conde escreveu uma cartinha bajulando o imperador também…
Claro,
não falei nada sobre isso
Perguntei
sobre o funcionário Ivan, como ia?
O
conde me disse “esse já morreu”
Perguntei
sobre sua esposa então, Sofia Andreia
Tão
prestativa para organizar os seus livros famosos
O
conde começou a discursar contra o adultério
Citou
o caso de uma conhecida sua chamada Ana
Ela
traíra o marido
Mas
ele falou de forma tão linda, tão intensa,
Tão
apaixonadamente sobre Ana
Que
me pareceu que invés de condenar
Ele
estava elogiando o adultério
“E
a guerra, como vai”?
Ele
havia servido, por anos, quando guri
Nas
batalhas do Leste europeu
Entre
as montanhas do Cáucaso e dos Cárpatos
Na
península balcã
Matou
gente, bebeu vodca, jogou dados
Fez
muita sacanagem o conde nessa época
Mas
agora, idoso, se arrependia de tanta grosseria
“E
a paz então como vai, velho conde”?
Ele
disse que “o único caminho para a paz”
“Era
resumindo o Sermão da Montanha”
“Em
quatro princípios”:
“Não
queira mal a ninguém / Não traía a sua mulher / Não minta / Não
resista à maldade usando da violência”
“Deus
existe e está dentro de cada homem”
“Escondido
ou escancarado”
Eu
completei o seu nobre pensamento assim
O
velho conde sorriu para mim orgulhoso
E
afirmou:
“Portanto
a paz é uma questão de consciência moral”
“E
de iluminação pessoal, meu garoto”
“Me
enfureço com a pobreza dos trabalhadores”
“E
com o luxo dos ricos”
“Mas
não adianta nada fazer uma revolução ou a rebeldia”
“A
liberdade pode muito bem ser uma ilusão”
“Velho
conde, vou te dizer”:
“Foi
por isso que um escritor francês”
“Seu
fã”
“Te
chamou de 'conservador revolucionário'”
“Numa
biografia feita um ano depois que tu morreu”
O
conde, ao ouvir isso, grunhiu
E
me mostrou um punhado de cartas que
Ele
havia trocado com Gandhi, aquele da Índia
“Ele
ainda trabalhava na África do Sul, nessa época”
Me
corrigiu o conde
Falei
“bonito, bacana, gosto desse cara”
Mas
perguntei: “o que tu anda lendo além das cartinhas do Gandhi?”
Ele
disse que tinha lido tudo que
Havia
sido escrito no Ocidente
Desde
a Grécia até a Roma
Até
os Renascentistas europeus
Até
os modernos do século XIX
Mas
que ele achava tudo uma bosta!
Ele
só gostava mesmo da Bíblia
Porque
era a única coisa que o povo entendia
Eu
lhe lembrei que o seu calhamaço sobre Napoleão
(Guerra
e Paz)
Tinha
agradado ao grande público também, lá em 1869
Ele
disse que esse seu romance também era uma bosta!
Para
encerrar lhe perguntei então
“Por
que você fugiu de casa para morrer?”
“Em
1910, Conde Leão Tolstói”
“Porque
mesmo aos 82 anos de idade”
“Tudo
aqui dentro de mim, meu filho”
“Era
desconforto, queimava e doía”.
*Texto
e narração por Inventor do Vento, C. A. Albani da Silva.
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