Letra, música, guitarras e voz por c. a. albani da silva, o inventor do vento
Tambores sampleados de Inezita Barroso - Soca Pilão (1954)
Imagens sampleadas do doc "O Café" (1958) de Humberto Mauro.
Gravata/Ó
SR. CAFÉ
(c.a. albani da silva, o inventor do vento)
Quanto chicote no lombo do preto, Sr. Café?
Na ilha de Java, no mar do Caribe também tu reinou, Sr. Café
No contrabando do turco, a Anatólia também te venera, Sr. Café
Dom Palheta te plantou, amarga planta
No Grão-Pará, no Maranhão
Presente francês, os saques, as sacas
As safras etíopes pelas montanhas
A Índia te planta em Goa, os lusos não dormem mais, Sr. Café
Como operários ingleses nas fábricas de Manchester, Sr. Café
Corpos cansados, barrigas de fome
Insone, insones
Na bolsa tu vales mais que 80 minas de diamante, Sr. Café
Ferrovias fluminenses, paraíbas a vapor
Reduzido a pó pelo pilão, o teu grão, o teu grão, Sr. Café
Imigrantes na ponta da enxada te odeiam e te desejam, Sr. Café
Suntuosos palácios erguidos,
mesquinhos barões derrubados, no cafezal
Vidas rurais em ruínas
Sobrados não mais caiados
E ainda discutes política? E ainda discutes política?
Escravocratas, republicanos
Terras-roxas, no rio Paraná
Água fervendo, água fervendo
Água fervendo para o senhor Café
One more cup of coffee before I go to the valley below
#10 Anos Lab. de Sons CoV
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Oitentanos de um dos poetas mais influentes do século XX: BOB DYLAN!
Nobel de Literatura em 2016, no mesmo ano que lancei meu primeiro livro, reunindo justamente minhas letras de música (Contos Pra Cantar).
Aqui vai uma tradução do Inventor do Vento para "Lonesome Death of Hattie Carrol", canção da fase de protesto do Dylan, original de 1964, contra o racismo e contra os privilégios das classes dominantes diante a política e os tribunais.
Houve na história da música brasileira e do teatro um grande circo místico. Agora é a vez do Cavalgando o Vento (CoV) apresentar o seu pequeno circo psicodélico.
Emprestados os óculos ao Dylan, ao Walter e ao Minois, numa noite breu-pandêmica de novembro 13, feira de sexta, calendas, idos e nonas de 2020, o Inventor do Vento, c. a. albani da silva, pelos ubres da imaginação e nas urbes do Gravata/Ó, viu a Joana, em sua primeira aparição, como vidente que nos encarava e não enxergava ninguém o que é todo mundo.
Já no sábado à tarde a caravana Vushiana estava lá moendo em migalhas 7 poetas, famosobscuros, tomando chá com folhas e pedaços de eu, no museu das novidades, nos prognósticos gregos e contra-cartesianos de Joanita Vushiana. Sem falar, mas já falando, do carpe diem, tiovô de todos nós, surdo dum olho, cego do outro ouvido, Joana ou não, pelas luzes e balsas do rio Amapá, pelas guerras astrais do século XIX que servem as mesmas drogas de sempre, servindo nunca aos servos.
Finalmente na sua segunda encarnação, 180 dias depois, Joana fundou um circo, e chegou toda-espelhos, balouçada de trouxas, trapos, tragos e truques. Deitada na rede virtual dos cérebros eletrônicos de 2021, fazendo figa para esconjurar o vírus, o desemprego, o mal-emprego, o fascismo o Laboratório Criativo Vushiano expressou 10 vezes Joana em poemas, cantos, corpos e filmagens artesanais.
Aqui está o encarte do show, o programa da orquestra, o manifesto do partido, o hinário da igreja, as regras do jogo, as leis da constituição, o tratado jurídico-propedêutico, a gramática dos signos, a bula do placebo, o manual para deitar aos pés de Joana. Enquanto circenses formos, seremos.
P.S.: Fernando, o luso, foi o testamenteiro no ano de 6891.
Vuuush
Leia o encarte do espetáculo aqui:https://drive.google.com/file/d/1-gIORsLPJ6xEFhbcl5wZt0Odl34vKSvn/view
c. a. albani da silva, o inventor do vento, 22 de maio de 2021
a todos os vushianos:
jujuba negreiros
antonio ramos de las flautas
nara liége
joice “little joy” alves
doug the old farias
ane minuzzo
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Porque ao invés de espalhar feique niu a gente semeia poesia e ficção com o Mr. Rodapé, a Madame Flamboyant, o Marciliano Torres, o Tio Aldo, a Psicolezeira e todos nossos colunistas.
A Abolição da Escravidão (13/05/1888) foi profundamente prejudicada pela elite brasileira que, até o fim, sabotou e esvaziou a liberdade, prorrogando o escravismo. Porém é inegável que, depois de 3 séculos de trabalho escravo, e com tantas lutas dos quilombos e dos abolicionistas, a Abolição foi a primeira conquista, ainda que parcial, e ingrata ao povo negro, mas a primeira conquista, da classe trabalhadora no Brasil.
Então necessitamos seguir, neste século XXI, abolindo toda a herança do racismo, da desigualdade, da injustiça e do autoritarismo que vêm da escravidão.
E, por isso, Cavalgando o Vento canta um poema de SOLANO TRINDADE para celebrar a negritude.
Fazer arte nos permite experimentar coisas que jamais viveremos na vida real, no meu caso, a maternidade é uma delas.
No livro OS 140 FILHOS DE MÃE NANA, lançado em 2019, cada página traz o destino, amargo, lírico ou sem graça, dos rebentos dessa mama fabulosa que ficou 1260 meses grávida!
São prosas poéticas que surgiram a partir de uma canção minha sobre Nana, mulher ancestral, que já foi tocada em estilo de blues, brega, samba e chacudum.
No canal ALBANI DA SILVA no YouTube há uma pequena playlist com a leitura de 10 filhos do livro, além da canção.
O livro você encontra na Livraria Cultura ou direto com o autor.