quinta-feira, 26 de abril de 2012

Alberto Guignard, Marília de Dirceu, 1957

40 anos do disco EXILE ON MAIN STREET (1972) – THE ROLLING STONES
Trinta anos antes de qualquer Funk Batidão falar de sacanagem e botar todo mundo pra dançar, escandalizando alguns carolas, papais e intelectuais, os Stones já cantavam algumas bobagens sensuais, eróticas, por vezes, obscenas. A diferença? Os Stones vieram primeiro; são bons músicos; fazem cara de mau, mas Mick Jagger levanta a bandeira da androginia, e todos eles se vestem como ciganos; de vez em quando, falam de outras coisas que não apenas sexo, alguma poesia, alguma política, alguma história; e, sim, muitas vezes, o amor é tudo pra eles (geralmente isso supera a sacanagem na hora de compor boas músicas). Exile on main street é um dos melhores momentos da contracultura. Antes dela ter sido domesticada, embalada e colocada na prateleira dos supermercados como mais uma mercadoria, metida à rebelde e drogada... (Albani da Silva, 21.04.2012)

Plundered My Soul (Stones, 1972) - “Pensei que você precisava do meu amor, mas foi você quem roubou o meu coração. Você saqueou a minha alma!!!”


Rocks Off (Stones, 1972) - “Só tenho sossego dormindo” - E olhe lá, quando não vem um daqueles sonhos intranquilos de que falávamos outro dia...


Tumbling Dice (Stones, 1972) Bem que você poderia ser minha parceira no crime”.

A Inconfidência Mineira
Ao escrever sobre a Inconfidência Mineira (1789), uma quase rebelião que quase sonhou com a Independência do Brasil contra Portugal e que quase lutou pela República e que quase defendeu a Abolição da escravidão, no seu livro “Romanceiro da Inconfidência (1953), Cecília Meireles (1901-1964) imortalizou essas palavras que, desgraçadamente, ainda pesam sobre os corações ainda quase não-mortos:
"...Liberdade, essa palavra
que o sonho humano alimenta
que não há ninguém que explique
e ninguém que não entenda..."

TIRADENTES, 21.04
Joaquim José da Silva Xavier, apelidado Tiradentes (1746 a 21.04.1792) foi o quase herói da quase rebelião conhecida como Inconfidência Mineira, também quase liderada pelo poeta e advogado Cláudio Manuel da Costa (1729-1789) e pelo escritor Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), este o autor das satíricas “Cartas Chilenas”, de 1787, em que denuncia as fanfarronices dos governadores da Vila Rica de então. No coração do Brasil Colônia, esses rapazes foram pioneiros ao quase se apropriar de algumas ideias revolucionárias que começavam a sacudir a Europa na época – eram as ideias Iluministas e liberais que surgiram em meio à Revolução Industrial inglesa (1760), à Revolução Francesa (1789), além da Independência dos EUA (1776). Outras quase rebeliões, ou Conjuras, aconteceram na mesma época no Rio de Janeiro (1794) e na Bahia (1798), esta quase conhecida também como revolta dos Alfaiates.
Quase todos os Inconfidentes eram pessoas de posses, profissionais liberais e até mesmo mineradores, quase todos endividados com a Coroa portuguesa que cobrava pesados impostos sobre o ouro das Minas Gerais. Em troca de anistia para suas dívidas, Joaquim Silvério dos Reis (1756-1819), entre outros quase Inconfidentes, entregaram os conspiradores que queriam começar a rebelião convencendo os soldados coloniais, ou Dragões, a lutar contra Portugal. Entre esses soldados, estava o alferes Tiradentes, também quase dentista.
Dezenas de quase revolucionários foram quase mortos, degredados para a África – enforcado, esquartejado e exposto em via pública somente Tiradentes, por isso alçado a mártir da República brasileira em 1890. Tomás Antônio Gonzaga foi um dos Inconfidentes exilados em Moçambique e escreveu, antes de partir, o belo poema de amor “Marília de Dirceu(1792) para Maria Doroteia Joaquina de Seixas (1767-1853), sua bela amada, uma donzela de 15 anos, que ficou abandonada no Brasil. Até hoje os linguarudos discutem se Marília morreu fiel ao poeta. Tomás, pouco tempo depois de chegar a Moçambique, casou-se com outra moça... Se na política Tomás foi um quase herói, no amor ele não teve nada de revolucionário. (Albani da Silva, 21.04.2012)

Trechinho da Lira XIV de “Marília de Dirceude Tomás Antônio Gonzaga
Ornemos nossas testas com as flores
E façamos de feno um brando leito
Prendamo-nos, Marília, em laço estreito,
Gozemos do prazer de sãos Amores,
Sobre as nossas cabeças,
Sem que o possam deter, o tempo corre;
E para nós o tempo, que passa,
Também, Marília, morre.

Following the River (Stones, 1972): "Segui o rio, até ele dar de mãos com o mar. Pensei em você o tempo todo, pois você somente enxergou o meu lado bom".

Happy(Stones, 1972): "Preciso de amor pra ser feliz. Não pretendo ser como papai, trabalhando noite e dia pro patrão"...

DIA do TRABALHO, DIA do TRABALHADOR, DIA da PREGUIÇA
Epigramas de Mário Quintana (1906-1994) em “Da Preguiça como Método de Trabalho(1987):

Verso Avulso
... O luar é a luz do sol que está dormindo...

Vento
Pastor das nuvens.

Diálogo Bobo
- Abandonou-te?
- Pior ainda: esqueceu-me...

Antigamente e agora
Antigamente, era preciso virar todos os retratos
dos nossos antepassados contra a parede, para não
continuarem espiando a gente.
Espiando ou espionando, nunca se sabe...
Mas agora, alheios a tudo o mais, eles ficam
olhando juntamente conosco, noite adentro, as intermináveis novelas da TV.

Os Crocodilos
Pior, mas muito pior mesmo do que as lágrimas de crocodilo são os sorrisos de crocodilo.

Do direito à preguiça
Alguns economistas e jornais dizem que vivemos atualmente em uma época de “pleno-emprego”, ou quase isso, em algumas regiões do Brasil. Mas e se reduzíssemos a jornada laboral de 44h para 35h semanais, sem perda salarial? Alguns empresários e conservadores empedernidos alegam que isso é impossível, pois além dos “custos de produção” o que os assalariados fariam com mais tempo livre? Bobagens, na certa, dizem eles. Mesmo que a depender da burguesia a gente deva mesmo é gastar ainda mais com bugigangas pop, badulaques eletroeletrônicos, bebida, sexo e entretenimento fútil. Ora, e se lembrarmos do ensinamento marxista de que as máquinas, a tecnologia e a Ciência devem nos servir e não servirmos a elas?
Um amigo espírita, em recente sessão mediúnica, recebeu a alma do saudoso Paul Lafargue (1842-1911) autor “Do direito à preguiça(1880). O velho sábio, casado com Laura Marx (1845-1911), filha de Karl Marx (1818-1883), comentou sobre o Brasil contemporâneo: “Camaradas brasileiros, vocês continuam trabalhando feito burros de carga. E a maioria de vocês em profissões que não lhes agrada. Então o que mudou da minha época pra cá? Agora, mesmo nas horas de folga, em seu tempo 'livre', cada vez menor, todos estão sempre ‘naquela correria’ e a burguesia lhes diverte com pão e circo pop-tecnológico-fuxiqueiro. Muitos dizem adorar isso, que não tem como ser diferente, apesar de ainda se deprimirem em fábricas, escolas e escritórios”. (Albani da Silva, 25.04.2012)








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