Carybé, Ogum, s/d
Sofrimento de um santo guerreiro
(Conto
do Inventor do Vento)
Cadê Ogum?
O que se manifestou no
soldado romano seguidor de Cristo
Matando o Dragão
Esmagando-lhe a cabeça
Arrancando-lhe as
tripas
Cadê esse Ogum Rompe
Mato?
Na Lua não está...
Não o vejo mais por lá:
tenho uma luneta!
Foi pro mar
Pro mar?
Fazer o quê?
Chorar!
O matador de dragões e
outras feras, o empalador de gauleses, o holocausto dos bárbaros, o incansável pregador
da Palavra de Jesus?
Este mesmo
Não conseguiu
conquistar o coração de Iansã
E agora chora
Solitário
Sentindo a maresia na
cara
A tristeza que apunhala
a alma
Suas lágrimas são as mais
salgadas:
Inundam o Atlântico
Engolindo assim Lisboa
Arrebentando com os
diques do Mississipi
Transborda o Guaíba de
pranto divino!
//Toda dor de amor dura séculos
Senão for assim não é por amor que se sofre
Para os deuses, todo infortúnio, todo benefício
Tende a ser imorrível!
Abençoados sejamos nós, os mortais
Pois nossas mesquinharias não duram muito mais que 70 anos//
(...)
Iansã se despiu
Deitando-se
Na cama de Xangô
Por todo reino de Oyó
Ressoaram tambores
Enquanto eguns rolaram
de barriga rindo da triste sina do
Santo guerreiro.
CoV – A Deusa dos Orixás: Clássico de Clara Nunes
em releitura ao vivo no Sarau do Dia das Mulheres,
08.03.2014, SESC de Gravataí/RS.
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