Em
1865, portanto, há 150 anos, na Inglaterra, o professor, matemático e
entusiasta da fotografia Charles Lutwidge Dogdson, conhecido como Lewis Carrol (1832 – 1898) lançou o
mais estranho e fascinante dos livros para crianças: Alice no País das Maravilhas.
Em 1871, foi a
vez de bolar uma continuação: Alice do
outro lado do espelho.
Descendo pela
toca do Coelho Branco com Alice encontraremos sonho, surrealismo e muitos
personagens legais.
Cavalgando o Vento
canta então um pouco desse universo fantástico em “Para quando Alice acordar”.
Há
dois anos, na noite de 14 de dezembro de
2013, o projeto cultural Cavalgando
o Vento (CoV) lançou seu
primeiro álbum de canções no Estúdio
LACOS, Cachoeirinha/RS. Foram dois anos intensos produzindo e gravando as
13 músicas que integram o CD.
Muita
coisa aconteceu de lá pra cá, mas seguimos sempre cavalgando o vento! E que
venham mais canções, textos, vídeos, apresentações, parcerias, pois assim
ventilamos o Inferno geral em que estamos metidos.
Abaixo,
vídeo com alguns dos melhores momentos do show de lançamento e a playlist no
YouTube com todas as músicas do CD.
Leandro Vieira, Figurino criado para destaque central de alegoria Carnaval RJ, 2012
Ary
Barroso (1903 a 1964) visitou a Bahia, pela primeira vez, num 02/12 de 1960 e poucos. Foi na baixa do sapateiro baiano atrás da mulata mais frajola que por lá vivia em 1938.
Pra esse Dia do Samba então, três sambas do CoV:
um electro semba em “Nana Samba”; uma guajira cubana que
virou samba soul em “(Guajira) Para os Novos Tempos” & o samba torto de “Fiquei
olhando as nuvens do céu”.
Poema da primeira parte, “Manual
de guerra alemão”, do livro “Poemas
de Svendborg”, escrito por Bertolt
Brecht (1898 a 1956) em 1939. O tema é o mesmo que fundamenta seus textos
teatrais: a luta contra o nazismo!
Meu general, vosso tanque é
poderoso,
Destrói uma floresta,
esmaga cem homens.
Mas tem um defeito:
Precisa de um motorista,
Meu general, poderoso é o
vosso bombardeiro.
Mais rápido que o ciclone,
mais forte que o elefante.
Mas tem um defeito:
Precisa de um motorista.
Meu general, pode-se obter
muita coisa de um homem.
William Hogarth, Satanás, o
pecado e a morte,
1735-1740
Buuuuuuuh!!!!
Para quem ainda não está cansado de
se assustar com a realidade das ruas, vale mesmo a pena investir algum tempo na
leitura de histórias de terror/suspense/mistério. Inspirado em dúvidas e na curiosidade de alguns estudantes, preparei este singelo GuiaPrático Para Não Dormir
à Noite, Pra Arrepiar os Cabelos e Tomar Uns Sustos - Literatura de Terror.
Contistas
Daniel DeFoe(1660 – 1731) – Contos de fantasmas. DeFoeé considerado o padrinho do
jornalismo e esse livro reúne reportagens sobre histórias de fantasmas. E
muitas delas o autor jura que são reais.
Edgar Allan Poe(1809-1849) – A carta roubada; Assassinatos na Rua Morgue; O escaravelho de ouro; O
mistério de Marie Roget; O relato de Arthur Gordon Pym. Escritor norteamericano do século 19; suas histórias desenvolvem-se numa
prosa barroca com frases e parágrafos longos e cheios de detalhes; é o criador
do gênero terror/suspense/mistério. Criou também, em três contos, o inspetor
Dupin – precursor dos detetives, heróis das ciências criminais para nossa
imaginação urbana e metralha.
Álvares de Azevedo(1831 – 1852)– Noite na taverna(contos); Macário(teatro).Poeta brasileiro romântico, pessimista, precoce, por vezes, mórbido. É o pioneiro do gênero no Brasil.
Romancistas
Mary Shelley(1797-1851) – Frankenstein. Clássico gótico do
século 19 – quais os limites da ciência? Quais suas consequências quando os
seres humanos tentam agir como deuses?
Robert Louis Stevenson(1850 – 1894) – O Médico e o Monstro. Os demônios interiores que existem, mesmo nas mais civilizadas e cultas
pessoas, vêm à tona nessa história.
Bram Stoker(1847 – 1912) – Drácula.O romance gótico que originou quase
toda a literatura de terror subsequente.
H.P. Lovecraft(1890-1937) – A tumba ; O caso de Charles Dexter Ward; O horror em Red
Hook.Os problemas da ciência
moderna, ocultismo e magia se misturam nesse escritor.
Richard Matheson(1926) – A casa infernal; Eu
sou a lenda. Autor de livros que viraram filmes de
sucesso, o rapaz foi o inventor da mais famosa casa maldita da literatura: aMansão Belasco; além de renovar a literatura sobre vampiros com “Eu sou a lenda”.
William Peter Blatty(1928) – O exorcista.Foi quem escreveu o
mais cultuado filme sobre possessão diabólica da História, lançado em 1971.
Anne Rice(1941) – Entrevista
com o vampiro; O vampiro Lestat. Antes da série Crepúsculo,deStephenie Meyer(1973),AnneRiceera a grande autora de romances sobre
vampiros.
Stephen King(1947) – A
coisa; A hora do lobisomem; A maldição do cigano; O
Iluminado;Carrie, a estranha; À espera de um milagre. O escritor
norteamericano é o mais badalado autor de terror de todos. Vários de seus
livros viraram filmes famosos.
Zé
Ramalho – Mistérios da Meia Noite:
Kleiton e
Kledir
– Canção da Meia Noite:
Sem eles nos faltariam fantasmas, demônios
e outros medos...
Antigo Testamento
da Bíblia– Uma mirabolante
tradição oral / Convertida em diversos livros ao longo do século 6 a.C. / Em
que poesia, crônica, lições, salmos e profecias se entrelaçam / Eis aBíblia Hebraica ou, para os cristãos, Antigo
Testamento/ Aorigem do malestá lá(Adão e Eva, a fruta proibida da árvore do conhecimento, o pecado
original, a expulsão do Jardim do Éden, o aparecimento da morte, dos
sofrimentos, do trabalho)/O enciumado Caim matando Abelestá lá(até hoje errando pelo mundo, para
alguns, pai de todos os vampiros) / ODilúvioe aTorre de Babeltambém estão lá / OProfeta Isaíasestá lá / OLivro de Jóestá lá, com ele aguentando no osso
os sofrimentos impostos por Satanás, autorizado por Deus a testar a sua fé... /
É que /As religiões
monoteístas(judaísmo, cristianismo e islamismo)
/ Mudaram o mundo ao diminuir a importância mística dos rituais / Atribuindoo peso da fé/ Às ações e escolhas dos crentes /
Que devem respeitar as leis divinas (BíbliaouAlcorão) / Porém, em
nenhum desses livros sagrados, em suas versões oficiais / Aparece a história da
transformação doanjo Lúcifer– o queridinho de Deus / Em Satanás / Esse mito provêm delivros apócrifos(não-aceitos como divinos por
rabinos, padres, pastores, sacerdotes, aiatolás, califas e mulás) / OLivro de Enoché um desses apócrifos que conta como
a inveja de Lúcifer / Redundou em rebelião contra Deus / E na expulsão de
vários anjos para o Inferno / Agora transformados em Demônios /
[...]
Historiadores creditam aos persas, entre os séculos 8 e 7 a.C. /
Através doprofeta Zoroastro
ou Zaratustra/ A invenção dessa visão dualista do
mundo /Ou seja, em que
tudo se resume a uma permanente oposição entre o Bem e o Mal.
A divina comédia(1308-1321) – Dante Alighieri (1265-1321):O 3º Testamento.O poema que sintetiza a Idade Média e anuncia o
Renascimento europeu.Danteé guiado pelo poeta romanoVirgíliopelos nove círculos do Inferno; pelo Purgatório; e, por fim, pelos sete
Céus atrás de sua amada,Beatriz, falecida com
apenas 25 anos. O Sobrenatural judaico-cristão é descrito nesse poema épico.
Paraíso Perdido(1667) – John Milton (1608-1674): Nesse poema barroco o escritor inglês conta como foi a expulsão da
humanidade do Paraíso.Jorge Luis BorgeseOscar Wildeconcordavam que o Diabo tudo deve a Milton. E para o crítico literárioHarold Bloom, Satã é o mestre da cilada, do
ressentimento, pois talento ignorado. Para Milton, a rebeldia deEvalhe associa permanentemente às
malícias doDemônio– e, realmente, pobre das bruxas na Idade Média... Milton disse também:
“Onde quer eu voe é o Inferno / eu mesmo
sou o Inferno / ...Todo o bem me foi perdido / Mal, vós sois o meu bem”.
Fausto(1831) - Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) – Dividido em duas
partes, Faustoé um poema trágico
e épico que narra o pacto entre o demônioMefistófelese o médicoFausto, que buscava a
felicidade. Apesar de fazer a sua amada sofrer,Margarete, é ela quem lhe salva do Inferno, com suas preces e fé, na hora em que
Fausto se realiza materialmente e está sendo levado porMefistófeles.A
busca pela eterna juventudee
pelaimortalidadesão as bases dessa história, precursora assim de
todas as histórias de vampiros (que buscam o mesmo que Fausto) e zumbis (que
são vampiros toscos).
Dr. Fausto(1947) - Thomas Mann (1875-1955): Retire o médico, doFaustode Goethe, e coloque no lugar o
compositor de música eruditaAdrian Leverkühn. Eis oFaustode Mann. Nesse romance de derreter o
cérebro, ou a gente sai amplamente transformado e apaixonado pela Literatura ou
a gente não lê mais nada além deBest-Sellers.O livro reconstrói a História da Alemanha desde o fim do século 19 até a
década de 1940 em meio ao fortalecimento da burguesia e à consolidação da
Revolução Industrial, assim como em meio à explosão da I e da II Guerras
Mundiais e à ascensão sorrateira e brutal do nazismo. Nesse contexto, o
professorSerenus Zeitblon, amigo de infância
de Adrian, relata como o seu soturno e arrogante amigo virou um gênio da
música.A
descrição do pacto, entre Mefistófeles e Adrian, nos Alpes italianos, é
incrivelmente bela e perturbadora – seria um sonho/pesadelo ou tudo foi real
mesmo?Assim como, a morte de Adrian, ao
piano, ao apresentar sua última obra-prima,Doutor Fausto,também emociona.
Robert Johnson–Me and the devil blues:O
velho mito deFaustoagora a partir da música popular. ObluesdeRobert Johnsonsurgiu de um pacto com o demônio, diz o próprio.
The Rolling
Stones – Sympathy for the
Devil: E
então o rock fez escola (e diabruras):
Iron Maiden – The Number of the Beast: E pensar que esses
caras já meteram medo em muita gente...
Sepultura– Roots Bloody Roots: Sem dúvida o pessoal
do Sepultura captou bem a base cultural barroca do Brasil.
Talvez por essa base, gostamos tanto de histórias de terror e mistérios.
Michael
Jackson
– Thriller: Essa também assustava.
Hoje, dançamos no Wii. A gordura assusta mais, portanto...
O estranho mundo de Zé do Caixão
José Mojica Marins(1936)é um dos pioneiros do cinema no Brasil. Por ser a mais cara de todas as
artes (ainda mais antes das câmeras digitais)Zé do Caixãofez umcinema assumidamente tosco, mas inovadoramente de
terror.Abusando de um português bem
coloquial, e algumas doses de sensualidade,Zé do Caixãolançou as bases do cinematrash– aquele filme mal feito de propósito.À Meia-Noite Levarei Sua Alma(1963)foi o primeiro sucesso doZé, antes disso, nos
anos 1950, ele fez faroeste e até filme religioso. MasZé do Caixãosó foi ganhar dinheiro mesmo quando
investiu em filmes eróticos...
Bento Carneiro – O Vampiro Brasileiro
Como já sabemos,toda
história de terror está a um passo da anedota.Com o caminho aberto peloZé do Caixão,Chico Anysiopegou carona...
Nosferatu de Murnau
Em 1922, o cineasta expressionista alemãoFriedrich Wilhelm Murnau(1888-1931)lançou o primeiro filme (mudo) de
vampiro da História. E ele acabava assim: