No Arraial FolkPunkSertanejo doCoV a trilha sonora é pra cantar a mitologia da roça:
lobisomi sendo assombração que sai do mato em noite de lua, disse meu velho tio
versado em cachorro.
Dia dos Namorados é Dia de São Valentim.
Mas qual São Valentim?!?
De um jeito ou de outro / Desde a Antiguidade / Quase
todos os povos celebram / o casamento / o amor / a fertilidade / Os romanos
antigos / louvavam / anualmente / Juno ou Hera / Na data de amor / Sorteava-se
raparigas aos rapazes (?!?) / Já a Igreja Católica inventou / a sua / festa
casamenteira / em 496 / quando / o Papa / Gelásio I / Instituiu o dia / 14 de
fevereiro / em homenagem a São Valentim / O problema / é que / já naquela época
/ haviam / canonizado / diversos / Valentins / Todos viventes do século III
d.C. / Um desses santos Valentins / foi um padre / que decidiu continuar
realizando / matrimônios / mesmo depois de o / Imperador / ter proibido /
casamentos / pros jovens não se escaparem da guerra / Acabou / Morto esse padre
/ Outro homem santo / Valentim de nome / também / acabou preso / por seguir / o
Cristianismo / nos dias em que esta crença / era religião proibida / pelo
Império Romano / Valentim ainda que preso / Embestou / De se apaixonar / pela
filha / do carcereiro / E acabou / sendo / executado / Não sem antes / escrever
/ dezenas / dezenas / de cartas / de / amor / em que assinava “do teu Valentim”
(from your Valentine). / No Brasil / o 12 de junho / é mais celebrado nas
lojas / por comerciantes e amantes – do que o 14.02 / Mas até a Igreja /
Desistiu de saber / De qual Valentim santificado estamos falando / E / Em que
dia / O dito cujo / realmente / morreu.
Uma
história de amor valentina...
Valentina
& Jerônimo: Canção do tudo passa
(C. A. Albani da Silva, o Inventor do Vento)
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei
Oh! Jerônimo
Oh! Paixão
Não se explicam as coisas do coração
Eu trabalhei
um ano inteiro
Fiz muito
serão também
Pra juntar
uma graninha
Realizar o
sonho do meu bem
Foram dez
anos de namoro
Por toda a
vida ela quis
Um casamento
bem bacana de empinar o nariz
Eu me virei
em três empregos
Fiz muito
bico por aí
Até vendi o
meu Passat que
Comprei
quando guri
Ah! Jerônimo
Ah! Meu bem
Tudo passa como eu passei
Ah! Jerônimo
Ah! Paixão
Não se explicam as coisas do coração
Briguei até
com o meu velho que
Dizia para
mim
Isso é coisa
de ricaço
Uma festança
grande assim
Quando se ama
de verdade
Não é preciso
esplendor
Um cafuné bem
gostoso
Compensa um
ventilador
Mas quando eu
me irritava
E começava a
discutir
O meu docinho
me olhava
E eu não
podia resistir
E assim
seguia me esforçando
Fazendo
empréstimos daqui dali
Só pensava em
seu vestido
Alianças e no
bolo
Deixei de
lado os meus amigos
Não fui mais
a nenhum Grenal
Abandonei
minha cerveja
E o Jornal
Nacional
Com água, luz
e telefone
Mais impostos
mil
Como é
difícil ficar rico
Honestamente
No Brasil
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Toda mágoa um dia finda também
Convenci o
Padre Cícero
A me alugar à
prestação
O salão lá da
Igreja
Pro
sacramento da união
Contei com a
ajuda dos meus primos
Para um terno
alugar
A calça eu
peguei emprestada
Dos quinze
anos da Jajá
Dona Amélia e
minha avó
Falaram com o
Seu Paim que me arranjou
Comes e bebes
Na padaria do
Bom Fim
Chegada a véspera
do casório
Quando tudo
estava pronto
As minhas
mãos suavam frio
Aquela ânsia
no estômago
Foi tão
difícil pra dormir
Mais difícil
foi acordar
Pois com a
manhã veio a tristeza
Sozinho, à
cama, me encontrar
O meu docinho
se foi
Deixou um
bilhete sobre a mesa
Não faltou
delicadeza
Pra acenar o
seu adeus
- E o bilhete
dizia, mais ou menos, assim -
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Tudo passa como eu passei
Oh! Jerônimo
Oh! Paixão
Não se explicam as coisas do coração
Oh! Jerônimo
Oh! Meu bem
Toda mágoa um dia finda também
Foi tão lindo
Tão bonito
Infinito
Enquanto durou
(Gravada em Junho de 2016 no Laboratório de Sons do Vento, Ar/RS)
O Arraial FolkPunkSertanejo do CoV
surgiu da necessidade
criativa de buscarmos um filtro poético pros ecos da vida rural
no Brasil. Quando descobrimos que o leite não vem da caixinha, tampouco do
supermercado, entendemos que o campo existe no século XXI: geralmente em tom de
lamento histórico - sertanejos, cangaceiros, gaúchos a pé, escravos, roqueiros
rurais. Mas também existem primeiros amores por lá e a vivência com a natureza
por lá existe também e isso, muito mais, é tri. Afinal, a roça veio antes de
tudo e continuará. Um dos espaços míticos mais importantes no peito humano.
VIDE VIDA
MARVADA
(Rolando
Boldrin, 1981)
Corre um boato aqui donde eu moro Que as mágoa que eu choro são mal ponteadas Que no capim mascado do meu boi A baba sempre foi santa e purificada Diz que eu rumino desde menininho Fraco e mirradinho a ração da estrada Vou mastigando o mundo e ruminando E assim vou tocando essa vida marvada
É que a
viola fala alto no meu peito humano E toda moda é um remédio pros meus desenganos É que a viola fala alto no meu peito, mano E toda mágoa é um mistério fora desse plano Pra todo aquele que só fala que eu não sei viver Chega lá em casa pruma visitinha Que no verso e no reverso da vida inteirinha Há de encontrar-me no cateretê
Tem um ditado dito como certo Que o cavalo esperto não espanta a boiada E quem refuga o mundo resmungando Passará berrando essa vida marvada Cumpadi meu que inveieceu cantando Diz que ruminando dá pra ser feliz Por isso eu vagueio ponteando E assim procurando minha flor-de-liz
(Gravada no Laboratório
de Sons do Vento pelo Inventor do Vento em Junho de 2016, Ar/RS)
Três
caipiras que não eram caiporas: Pedro negou cristo por três vezes e essa habilidade política o fez o
primeiro dos Papas católicos. Antônio de
Lisboa tinha um bayta talento pra achar coisas perdidas e depois dele próprio
se perder nas brumas do Além sossego – muitas moças de amores perdidos deram de
rogar-lhe namorados, pra se casar. E até o João
Batista que teve a cabeça servida numa bandeja de prata na mesa dos
poderosos do seu tempo, como os de hoje, comedores de cabeças pensantes, fez, antes
da degola, com seu primo por parceiro, da água do Jordão a água viva de todo o
mundo cristão.
O Arraial FolkPunkSertanejo do CoV assim começa: com os
ecos dos dias rurais no Brasil (e no mundo!) – da roça
às grandes cidades pequenas do século XXI, em músicas reinventadas no Laboratório de Sons do Vento! E entre
um bando de bandoleiros, no cangaço do sertão nordestino, floresceu o amor: Lampião e Maria Bonita! Um olho no rabo de saia o outro na bala do revólver,
nos conta o compositor Antonio dos Santos que era o Volta Seca nesse faroeste caboclo.