Odilon Redon, O Homem com Asas, 1880
Sonhos
intranquilos
Foi
quando então Franz Kafka (1883-1924) escreveu um dos parágrafos mais conhecidos de todos os
tempos, na abertura de “A Metamorfose” (1915): “Certa
manhã, ao despertar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se em sua
cama metamorfoseado num inseto monstruoso. Estava deitado sobre suas costas
duras como couraça e, quando levantou um pouco a cabeça, viu seu ventre
abaulado, marrom, dividido em segmentos arqueados, sobre o qual a coberta,
prestes a deslizar de vez, apenas se mantinha com dificuldade. Suas muitas
pernas, lamentavelmente finas em comparação com o volume do resto do seu corpo,
vibravam desamparadas ante seus olhos”. (Albani da Silva, 29.03.2012)
Otto – Crua
(2010) – Certa manhã o
cantador Otto (1969) também acordou de
sonhos intranquilos. É que, realmente, Otto,
Gregor e Kafka, a
lembrança é algo que não se arranca...
Ainda
sobre o fogo das LEMBRANÇAS
Marcel
Proust (1871-1922) em
seu “Em busca do tempo perdido”
– 7 volumes (1913-1927) concorda com Otto,
Gregor e Kafka: “Para me consolar, não era uma, eram inúmeras Albertines que eu deveria esquecer.
Quando tinha chegado a suportar a mágoa de perder esta aqui, tinha de recomeçar
com relação a outra, a cem outras”. E Marcel ainda ouviu de Albertine,
quando ela foi embora: “Deixo contigo o melhor de mim”. (Albani da Silva, 29.03.2012)
IMELDA MAY
– Kentish Town Waltz (2010): O Profeta Miquéias, direto do Antigo
Testamento, observou sabiamente que na cidadezinha de Kentish, Irlanda,
valsa não toca só em festa de 15 anos...
Sobre aquilo que brota espontaneamente dentro de nós
Não dá pra evitar um escritor como Hermann Hesse (1877-1962) que, ao falar de Demian
(1919), “queria apenas
viver aquilo que brotava espontaneamente. E por que isso era tão difícil”?
E ainda: “Hoje
sabe-se cada vez menos o que isso significa, o que seja um homem realmente
vivo, e se entregam à morte sob o fogo da metralha a milhares de homens, cada
um dos quais constitui um ensaio único e precioso da natureza. Se não
passássemos de indivíduos isolados, se cada um de nós pudesse realmente ser
varrido por uma bala de fuzil, não haveria sentido algum em relatar histórias.
Mas cada homem não é apenas ele mesmo; é também um ponto único, singularíssimo,
sempre importante e peculiar, no qual os fenômenos do mundo se cruzam daquela
forma uma só vez e nunca mais”. (Albani da Silva, 1000.03.2012)
O
camarada Arhipov salvou o mundo!
Nos
90 anos do Partido Comunista Brasileiro
(PCB) recordemos um causo da Guerra Fria (1945-1991), nas palavras do filósofo Slavoj
Zizek (1949) em seu “Em
defesa das causas perdidas” (2011): “[...] só
mais tarde soubemos como chegamos perto da guerra nuclear durante uma
escaramuça naval entre um contratorpedeiro norteamericano e um submarino B-59
soviético, ao largo de Cuba, em 27 de
outubro de 1962. O contratorpedeiro lançou bombas de profundidade perto do
submarino para forçá-lo a emergir, sem saber que este carregava um torpedo
nuclear. Vadim Orlov, tripulante do submarino, disse ao comando em Havana que o
submarino estava autorizado a dispará-lo desde que três oficiais estivessem de
acordo. Os oficiais começaram uma briga feroz para saber se afundavam ou não o navio.
Dois deles disseram que sim, o outro disse que não. ‘Uma camarada chamado
Arhipov salvou o mundo’, foi o comentário amargo de um historiador sobre esse
incidente”.
(Albani da Silva, 29.03.2012)
Wado –Poema de Maria Rosa (2002):
Vitor
Ramil – Milonga de los morenos (2010): Enfim, a
revista
Veja, bem de vez em quando, não é só sectarismo em prol da propriedade
privada sem limites, do PSDB e do conservadorismo...